*Capitulo Doze: Devaneios*
“Porque quando estamos juntos o fogo derrete o gelo”
― Estive pensando, porque não fazemos uma campanha?
Eles acabavam de sair da aula de português e seguiam até a
próxima aula, que seria de Historia, uma das matérias que os marotos menos
gostavam e uma das aulas que eles mais gostavam, afinal, eram nessas aulas que
eles conseguiam colocar as “fofocas” em dia.
― Do agasalho? – Perguntou um Sirius totalmente aéreo.
― Não. Estou falando pra ajudar aquelas pessoas que vimos na
praça. Quer dizer, não apenas eles, né, podemos ajudar varias pessoas de rua.
― E como ajudaríamos eles, Lilly?
Thiago ajeitou a mochila nas costas enquanto entravam na
sala e se encaminhavam para o fundão costumeiro.
― Podíamos começar pela escola, como o Sirius disse, uma
campanha do agasalho, só que mais ampla, com roupas, comidas, sabe? Coisas que
eles precisam pra viver.
― É uma boa ideia, Lilly. Se você quiser eu faço uns
panfletos enquanto organizamos tudo.
― Ah valeu, Remo, sabia que poderia contar com vocês.
Lilian puxou a mochila das costas e se sentou numa carteira
ao fundo, empolgada com suas ideias, puxando o caderno e anotando suas ideias
rapidamente.
― Vou fazer uma lista de coisas que precisamos organizar e
te falo, ta Remo?!
Remo sorriu acenando com a cabeça, enquanto via Sirius e
Thiago colocarem o livro sobre a mesa e conversarem baixinho entre risos,
desconfiado, Remo se aproximou pra ouvir o que os dois estavam conversando.
― Ta de zoa, Sirius?
― Sério cara. Ela me encurralou lá em casa ontem à noite e
disse que quando eu tivesse a fim, ela faria tudo que eu quisesse.
― Tudo? Mas eu achei que ela já tinha feito tudo.
Thiago riu, tentando não chamar a atenção do professor, nem
das meninas que pareciam empolgadas nas ideias de Lilian.
― Ah bom, praticamente. Tudo, tudo ela não fez não.
― Mas a Bella tem cara que já passou do tudo tem muito
tempo.
Thiago e Sirius riram, Remo percebeu que não era o único a
enfiar a cabeça na conversa, Diggle e Frank também estavam apoiados na suas
mesas de modo que pudessem ouvir o que Thiago e Sirius conversavam.
― Ouvi dizer que ela pegou o Rodolfo e deu um caldo nele que
faltou ele ficar de quatro por ela. –
Diggle se metendo na conversa, riu. - Ela deve ser boa, não?
Passando a mão pelos cabelos, Sirius sorriu charmoso antes
de responder.
― A Bella é gostosa, eu diria que na cama, ela é bem puta.
― Sirius!
Sirius e Thiago riram.
― Qual é Remo, não to chamando ela de puta, to falando que
na cama, bom... Ela faz umas coisas bem...
Sirius suspirou e riu, levando um tapinha na cabeça de
Thiago.
― E ai, vai pegar ela? Ela disse que vai fazer tudo, Digão,
quem perderia essa, heim?
Os meninos riram com Thiago, menos Remo, que revirava os
olhos.
― Tudo? Tudo, tudo?
Sirius concordou com a cabeça.
― Ta de zoa? Não pode me incluir nessa não?
Os meninos riram e foi a vez de Sirius dar um tapinha na
cabeça de Diggle.
― Se você não pegar, Almofadinhas, vou achar que você esta
ficando maluco.
― Vocês parecem um bando de moleques virgens, sabia?
Sirius reprimiu uma careta e os meninos riram.
― Ah qual é, Aluado, nenhuma mina costuma fazer tudo. Você
sabe do que eu to falando, não é?
Remo assentiu com a cabeça, sem dizer nada.
― Então cara, o Almofadinhas não pode perder essa. Eu não
perderia.
― Se a Lia souber Sirius...
― Eu não tenho nada com a Lia. – Sirius disse secamente, mas
Remo percebeu que ele lançou um olhar significativo em direção as madeixas
loiras de Lia logo a frente.
― O meu problema na verdade é que se eu fizer isso, bom... A
Bella não vai desgrudar do meu pé.
― E é bem provável que ela esteja querendo fazer isso pra te
prender na dela.
― Aluado tem razão, é o tipo de coisa que a Bella faria,
não?
Sirius concordou pensativo, ouvindo as ideias de Diggle em
seguida.
― Bom, você pode dizer pra ela que vai ser só um foda e já
era. Sem compromisso.
― É, Almofadinha, daí você come ela e já era. Ninguém
precisa saber, nem a Lia.
― O que tem eu?
Os meninos, todos, sem exceção, deram um pulo em suas
cadeiras de susto e riram nervosos.
― Ahn, é.. tavamos falando de... – Apressou-se Sirius, meio
sem jeito.
― De uma musica que queremos ensaiar na banda, mas acho que
ninguém conhece direito.
― É, é isso ai.
Lia sorriu como quem diz “meninos” e pegando o caderno
emprestado de Remo, voltou pro seu lugar.
― Valeu, Pontas. – Sirius falou baixinho e Thiago deu uma
palmadinha nas costas do amigo.
***
A última aula de historia passou
rapidamente e Sirius e Thiago saíram apressadamente pro treino de futebol,
afinal, o final do campeonato seria no próximo fim de semana e o treinador
estava pegando pesado com os meninos que ficavam a maior parte das tardes
treinando, mesmo que na próxima semana começariam as avaliações, estudar diante
do ultimo jogo do campeonato, o qual decidiria quem ganharia a taça, era quase
patético para os meninos.
Patsy também saiu apressada e pelo que as meninas tinham
notado bem entusiasmada, afinal, parecia que tinha um encontro a tarde com
Remo, por isso Lia e Lilian foram juntas para a casa de Lia, onde ficariam
estudando um pouco depois do almoço.
A Sra.
Andrews que praticamente considerava Lilian da família, fez um almoço
maravilhoso que fez as meninas comerem mais do que deveriam, por isso Lilian
quando subiu pro quarto de Lia depois do almoço, deixou-se cair deitada na cama
da amiga, sentindo-se levemente mais preguiçosa que o normal.
― Podemos adiar os estudos um pouco não é? A comida da sua
mãe me da uma preguiçinha.
Lilian espreguiçou-se e Lia riu caindo deitada ao lado da
amiga.
― É, não estou a fim de estudar agora.
― Ótimo! Vamos fofocar.
Lilian num pulo sentou-se na cama, cruzando as pernas e
pegando um dos ursinhos de pelúcia da loira e colocando-o no colo. Lia riu.
― Fofocar sobre o que Lilly? Sobre o Potter?
Lia fingiu que não ia rir, mas não aguentou vendo a cara de
sonhadora da amiga.
― Pára! Não ri.
― Ok. Ok. Parei. – Lia ergueu as mãos como quem se rende e
chamou sua cachorrinha que pulou em cima da cama indo se aninhar no colo da
dona.
― Falando em Potter. – Continuou
Lia. - Ouvi ele dizendo pros meninos que se ganharem o campeonato ele vai dar
uma festa na casa dele.
― Será? Tomara que ganhem então e
ele leve uns amigos interessantes.
As duas riram.
― Como se você estivesse mesmo
interessada nos amigos dele, né,
Senhorita Evans.
A ruiva riu, corando levemente.
― Isso é apenas um detalhe. – A ruiva piscou e Lia riu. – E
você?
― Eu o que?
― Vai ficar com alguém se o Thiago der essa festa?
― Ah não sei... Acho que não.
― E porque não? O Sirius
vai estar lá. – Lilian lançou um olhar significativo pra Lia, sorrindo marotamente
de lado.
─ Lilly eu acho que você esta andando muito com o Thiago.
Lia riu e Lilian faz cara de tédio pra Lia.
— E porque não ficaria com ele? Você gosta dele, Lia!
— Não! Eu não gosto dele!
― Ah claro. Como se eu não te conhecesse.
― A gente fica às vezes, mas não tem nada demais,
isso significa que ele pode ficar com outra na festa e eu também.
― Mas no fundo, no fundo você quer que ele fique com
você.
Lilian riu e Lia rindo pegou uma almofada e tacou em
cima da ruiva, que segurou a almofada rindo.
― Ah vamos estudar um pouco, vai, não quero ir mal
nas provas.
― Ainda estou com preguiça de estudar. Será que o
treino dos meninos já acabou?
Lia ergueu a sobrancelha olhando pra amiga que sorriu
sem jeito.
― É só pra ele me ajudar com as ideias da campanha
dos moradores de rua.
― Ahan, à noite?
Lilian riu e tacou a almofada de volta em cima de
Lia.
― Ainda não é noite e você podia aproveitar e dar uns
passeios com seu Black.
― Deixa de ser boba, ruivinha.
Lia riu tacando a almofada de volta em cima da amiga,
fazendo sua cachorrinha latir brincalhona, e esquecendo-se dos marotos as duas
começaram a correr no quarto com almofadas nas mãos tentando uma acertar a
outra enquanto a cachorrinha corria atrás delas latindo e tentando entrar na
brincadeira.
***
― BLACK TA DORMINDO, CARALHO?
Os gritos do treinador eram misturados aos gritos de Thiago
que esperava dentro da grande área, perto do gol, a bola que Sirius, por algum
motivo que ele não imaginava qual era, não passava.
― PÁRA! PÁRA! BLACK, PUTA QUE PARIU, PRESTA ATENÇAO NA BOLA!
O treinador adentrava
o campo urrando que nem louco e indo em direção a Sirius, que parara a jogada,
vendo o treinador fuzilando ele com os olhos mesmo de longe.
― Ta dormindo, caralho?
― Eu estava esperando o Pontas chegar na área pow.
― Não tem que esperar
porra nenhuma, sua função é passar a bola pra ele quando ele tiver livre e ele
TAVA LIVRE PORRA.
Sirius bufou irritado.
― Chega por hoje e se você fizer isso no jogo, Black eu te
arranco as bolas, ta me entendendo?
― Sim Senhor.
Sirius saiu caminhando irritado em direção ao vestiário,
sendo acompanhado por Thiago que o alcançara correndo e dava tapinhas nas
costas de Sirius.
― Mal jeito com o treinador, Almofadinhas.
Sirius olhou pra trás pra ver que o técnico estava dando
bronca em outros jogadores.
― Ele não entendeu a porra da jogada e vem ficar berrando
com a gente, tomar no cu, porra.
― Eu entendi, Almofadinhas, você tava esperando eu passar
pelo Zeca né?
― É, você driblava ele e fingia ir pra direita, daí eu
passava a bola pra você.
― Pow gostei, vamo tentar no jogo?
― Beleza, mas se não der certo o Hoosh vai arrancar minhas
bolas, você ouviu.
Thiago riu, dando um tapinha na cabeça de Sirius enquanto
caminhavam em direção ao vestiário, Thiago puxou a camisa e tirou-a, estava
suando, então ele sentiu Sirius dando um tapinha no seu ombro e virou-se pra
olhar pro amigo.
― Acho que aquela mina ta gritando você, Pontas.
Thiago seguiu o olhar do amigo pra ver que uma garota vinha
caminhando elegantemente em direção a ele e Sirius, Thiago franziu o cenho
olhando pra Sirius que deu de ombros.
― Você estava ótimo no jogo, Thi.
A garota se aproximou e Thiago a reconheceu, era uma das
garotas que ele já tinha pego em algum lugar e em algum momento que ele não se
lembrava quando, só sabia que já tinha ficado com ela e nada mais.
― Ah, valeu Mayara.
― Pode me chamar de Má, Thi. – Ela piscou sensualmente,
passando a mão levemente pelo peito molhado de suor de Thiago.
― Ah, ta. – Thiago olhou pro lado buscando uma ajuda de
Sirius, que tentava não rir.
― Eu vim te convidar pra uma festinha que vai rolar mais
tarde lá em casa, não ta afim?
Thiago olhou pra Sirius que deu de ombros.
― Ah, valeu, Má, mas eu... Eu tenho que treinar umas táticas
pro jogo com o Sirius. Deixa pra outro dia.
A menina pareceu levemente chateada, mas não parecia que
desistiria tão facilmente.
― Porque não deixa as táticas pra outro dia? – ela deslizou
a mão descendo levemente pela barriga de Thiago e ele riu levemente.
― Não, não, valeu mesmo, Mayara, mas eu tenho que ir.
Ele segurou a mão da garota tirando da barriga dele e
soltou-a, virando-se pra alcançar Sirius na entrada do vestiário.
― Ué, Pontas, dispensando a ruiva por quê?
― Ela é ruiva falsificada, não curto mulher-cebola.
Sirius e Thiago riram. Thiago continuou.
― É que eu combinei com a Lilly depois do treino.
Sirius puxou a camisa tirando-a e a colocou em cima da porta
do armário, olhando pro amigo com olhar interrogativo em seguida.
― Hummm! O que ta rolando entre você e a ruivinha?
Thiago riu.
― E o que ta rolando entre você e a loirinha?
Sirius riu.
― Sexo.
Thiago gargalhou.
― Não acho que a Lia seja tão “Bella” assim.
Os dois riram.
― Não, tava zuando. A Lia é uma das garotas mais difíceis
que eu já peguei, e olha que nenhuma resiste a Sirius Black.
Sirius passou a mão pelos cabelos instintivamente e Thiago,
agora só de cueca, riu.
― Se quer um conselho de amigo, Almofadinhas, come as outras
e deixe a Lia pra uma coisa mais de boa, entende?
Sirius puxou o calção ficando apenas de cueca também,
enquanto Thiago guardava as roupas que acabara de tirar no armário.
― Não to a fim de me amarrar, Pontas.
― Eu acho que você já esta amarrado, meu caro, Almofadinhas.
Sirius não teve tempo de responder, pois Thiago fechava a
porta de um dos boxes do vestiário e abria o chuveiro. Sirius revirou os olhos,
colocando o calção em cima da camisa na porta do armário e passando a mão pelos
cabelos, espetando os cabelos molhados de suor. Ele pegou uma toalha e encostou
a porta do armário dele, se virando pra entrar no Box mais próximo.
A água estava refrescantemente gelada quando Sirius entrou
debaixo do chuveiro e ele demorou um tempo mais que o necessário.
― Almofadinhas, não morra debaixo do chuveiro. – ele ouviu
Thiago gritar e riu, enquanto tirava o xampu dos cabelos. – To indo.
― Falou. – Sirius gritou alto suficiente pra Thiago ouvir.
Sirius demorou mais um tempo no chuveiro então finalmente
ele desligou. Passou a mão pelos cabelos tirando um pouco do excesso de água e
então pegou a toalha, enrolando na cintura e saindo do pequeno Box.
Não havia mais ninguém no vestiário, Sirius passou a mão
pelo rosto e abriu a porta do armário, pegando um perfume e passando um pouco
no tórax ainda molhado, antes de jogá-lo de volta no armário.
Quando Sirius enfiou a mão dentro do armário procurando sua
cueca samba canção, ele ouviu barulho de alguém entrando no vestiário e quando
se virou em direção à porta, esperando ouvir as piadinhas de sempre, ele parou
estático, surpreso.
Lia estava parada olhando-o estranhamente, provavelmente ela
não esperava vê-lo daquele jeito.
― Er... Eu...O... O Thiago... O Thiago me disse que você... Que
você estava aqui, então eu...
Ela não completou, Sirius sorriu vendo-a corar e parecer
embaralhada.
Lia sentiu o coração martelar dentro do peito, enquanto
tentava não olhar diretamente pra ele, mas aquilo era impossível, em frente a
ela, estava Sirius Black, parado, olhando-a daquele jeito maroto, lindo e...
Seminu. Apenas com uma toalha envolta da cintura.
Lia olhou para o peito nu
do maroto, ainda levemente molhando com leves gotas de água escorrendo pelo
peito em direção a barriga bem definida do maroto. Nunca em sua vida sentira-se
tão estranhamente por ver um homem assim, talvez porque em toda sua vida nunca
estivera realmente frente a frente com um homem usando apenas uma toalha em
volta da cintura, e um principalmente um homem como ele, forte, másculo, lindo,
atraente e perfeito.
Uma sensação estranha
apoderou-se dela.
Sirius exibia aquele
sorriso maroto costumeiro, principalmente diante daquela cena.
― Queria falar comigo?
Lia como se estivesse
saindo de um transe, sacudiu a cabeça a fim de espantar os pensamentos
esquisitos que lhe invadiam e o encarou sem jeito.
― É, eu... Eu... Queria
falar com... Você... é.
― Bom, eu to aqui. Serve?
Ele lançou-lhe um olhar
sedutor que fez todos os pelos de Lia arrepiar-se, como ele conseguia fazer
aquilo?
― Er... Bom... é... – Ela
tentou não olhar pra ele, mas isso era impossível, parecia que algo não
permitia que isso acontecesse.
Sirius riu.
― Pode entrar Lia. – Ele
disse reparando que ela ainda estava parada próxima a porta. – Eu não mordo. Só
quando quero. – ele piscou charmosamente, fazendo Lia tremer levemente.
― Ah, eu acho que seria
melhor esperar você... Se... trocar... Eu... Eu volto depois.
Sirius exibiu um sorriso
ainda maior, enquanto Lia continuava estática parada a porta, desejava sair
dali o quanto antes, parar de olhar para aquele corpo perfeito, que parecia
atraí-la, mas seu corpo não estava obedecendo aos comandos de seu cérebro.
Sirius aproximou-se dela,
ainda exibindo aquele lindo sorriso maroto, e Lia sentiu seu coração disparar.
Porque seu corpo não respondia ao seu apelo desesperado para sair dali, para
parar de olhar para ele, por quê?
― Algum problema, Lia?
Ela tentou responder, mas
a voz não saia, parecia que ele a havia enfeitiçado, ou então seu corpo estava
relutante demais para fazer o que ela queria, mas porque exatamente ela não
sabia.
Sirius aproximou-se mais
ainda, parando em frente a ela, observando-a com um olhar sedutor e seu sorriso
maroto nos lábios. Lia sentiu-se tremer por dentro.
― Esta nervosa?
Ela esforçou-se o máximo
para falar, não podia ficar ali como uma idiota olhando-o com aquele olhar
bobo, e com um grande esforço, ela deixou escapar as palavras quase num
sussurro fraco, totalmente sem a voracidade que ela desejava.
― Isso é ridículo!
Sirius exibiu um sorriso
malicioso, estava cada vez mais próximo, mais sedutor e mais irresistível.
― É? Então porque esta
assim?
Lia respirou fundo,
sentindo a mão de Sirius deslizar por seu pescoço levemente enquanto ele se
aproximava cada vez mais. Lia fechou os olhos, exasperada, sentia um desejo
imenso de agarrá-lo que queimava dentro de si como ferro quente.
― Esta com medo?
― Sirius, isso não... Não
tem nada a ver com...
― Lia...
Sirius deslizou os lábios
pelo pescoço de Lia e ela sentiu seu corpo amolecer, ele a fazia perder o
sentindo de tudo, completamente.
***
O dia estava ensolarado em São Paulo, ensolarado e
abafado, como sempre eram os dias de sol na grande metrópole. Remo tinha tido a
ideia de convidar Patsy para ir ao Clube Paulistano ver uma final de campeonato
de Vôlei e ela havia aceitado. Por isso Remo estava terminando de se arrumar
alegremente, finalmente ele ia ter um encontro, se é que podia chamar de
encontro, sozinho com Patsy.
― Vai sair, meu filho?
Remo se virou pra ver que sua mãe entrava no quarto com uma
pilha de roupa passada nas mãos, depositando em cima da cama do maroto.
― Vou ao Clube Paulistano.
A Sra. Lupin observou o filho, sorrindo.
― Posso saber quem é a felizarda?
Remo riu, colocando a carteira no bolso da calça, vendo a
mão se aproximar e passar a mão carinhosamente pelos cabelos do filho.
― Quer uma carona? Seu pai esta voltando pra empresa, ele te
deixa lá, se quiser.
― Ta tudo bem, mamãe, o Clube é ali na esquina.
― Mas o sol esta muito quente, querido, você sabe que não
pode...
― Eu sei, mãe. Ta tudo bem.
A Sra. Ana Lupin sorriu, dando um beijo no rosto do filho,
antes de caminhar em direção a porta.
― Te espero pro jantar?
― Acho que sim, qualquer coisa eu como na casa do Pontas.
― Ligue avisando se for ficar por lá, okay?
― Sim senhora.
Remo alcançou a mãe, dando um beijo no rosto dela, antes de
sair em direção às escadas que o levaria ao andar de baixo.
Realmente o Clube era bem perto de sua casa, logo na esquina
e antes de Remo alcançá-la, ele viu a silhueta de uma garota e sentiu seu
coração acelerar dentro do peito.
― Demorei?
A garota sorriu simpaticamente.
― Não. Acabei de chegar, achei que estava atrasada, fui com
minha mãe ao pão de açúcar antes.
Remo sorriu, passando a caminhar ao lado da garota em
direção a entrada do clube.
― É minha mãe também parou pra apreciar o filho dela.
Eles riram, enquanto Remo mostrava sua carteirinha na
portaria do Clube e eles entravam caminhando por um longo corredor.
O Clube Paulistano era um dos melhores clubes da cidade, mas
Remo raramente ia até lá, a não ser nas aulas de natação que ele fazia duas
vezes por semana.
― Eu nunca vim aqui.
Remo observou-a sorrindo, ela estava linda. Usava uma saia
até os joelhos com uma blusinha regata branca e uma sapatilha que a deixava
extremamente delicada. Remo sentiu vontade de acariciar aquele rosto levemente
rosado pelo sol, mas se conteve.
― Meu pai é sócio, mas eu só venho pras aulas de natação
mesmo, ou quando tem campeonatos assim.
Eles logo chegaram até uma pequena e aconchegante lanchonete
situada dentro do clube, e escolheram uma mesa a sombra de onde eles podiam ver
uma quadra de vôlei um pouco ao longe, onde estava havendo o campeonato de
Vôlei.
― Ah então você faz natação, não optou pelo futebol como os
meninos? Preferiu as águas, peixinho?
Remo riu gostosamente vendo logo em seguida uma garçonete se
aproximar entregando os cardápios a eles.
― Na verdade não é bem natação, quer dizer, é natação, mas
mais moderada, não posso fazer muito esforço físico.
Remo percebeu que os olhos dela brilharam curiosos, mas ele
não queria ter de falar com ela sobre aquilo justo naquele dia, quando
finalmente estavam tendo um encontro sozinhos, ele queria aproveitar o tempo para
admirá-la, ouvi-la falar da vida dela e não dele e dos problemas que ele
saberia que reações causariam.
Quando ele viu Patsy abrir os lábios para dizer algo, Remo
apressou-se.
― Bom, se você quiser depois damos um passeio pelo clube,
não tem muita coisa de diferente.
Eles embalaram a conversar animadamente sobre o campeonato
de vôlei que estava acontecendo, sendo interrompidos quando a garçonete trouxe
suas bebidas.
― Então seus pais fazem o que? – Patsy perguntou mudando o
assunto.
― Meu pai tem uma empresa de auditoria na paulista.
― Serio? Meus pais também têm uma empresa, mas eu não sei
direito sobre o que é, eles cuidam de algumas empresas, mas nunca me falam
sobre isso.
― Bom, meu pai sempre me fala porque acha que poderia
continuar na empresa entende?!
― Ah claro, os pais sempre querem que os filhos trabalhem na
empresa, afinal, é sua herança.
― É, é uma área legal, mas eu ainda não decidi o que quero
ser.
― Você tem jeito de professor.
Remo riu, vendo-a rir também.
― E você tem carinha de psicóloga.
― Ah não tenho paciência com loucos.
― Poxa então isso é mal, significa que você não tem
paciência comigo.
Remo fez uma feição fingida de pobrezinho o que fez Patsy rir.
― Você? Louco? Ah não, se você estivesse falando do Thiago
ou do Sirius.
E Remo riu gostosamente, concordando com a cabeça.
― É, mas você não lembra quando me chamavam na escola de
“louco lobo Lupin”?
Patsy riu.
― Lembro, mas era brincadeira, não é? Coisa daqueles bobos
do ultimo ano que ficava dando apelidos pra todo mundo.
― É verdade Pat maionese.
Patsy riu ainda mais, mal se lembrava que há alguns anos
atrás o ultimo ano do colégio resolveu fazer um trote com o colégio inteiro,
onde todo mundo deveria ter um apelido diferente.
― Ah poxa eu nem me lembrava disso e não tinha nada a ver
comigo esse apelido.
― Eu acho que combina, afinal de contas, a Pat maionese é a
garota mais linda da escola dela.
Remo viu que Patsy sorrindo, corou e ele achou-a
absolutamente linda daquele jeito. Não resistindo Remo levou a mão ao rosto da
garota, acariciando levemente e ela corou ainda mais, abaixando os olhos sem
jeito.
― Eu não sou a garota mais linda. – Ela disse sem jeito.
― Pra mim é muito mais.
Patsy ergueu os olhos, estando consciente de que deveria
estar tão vermelha quanto o suco de morango a sua frente.
Remo sorriu e então aproximou o rosto do lindo rostinho de
Patsy que instintivamente fechou os olhos para segundo depois sentir o doce
sabor dos lábios de Remo sobre os seus.
Sentindo os lábios doces e levemente gelados por causa do
suco nos seus, Remo suspirou deixando escapar um pensamento em forma de
sussurro entre o beijo.
― Acho que estou no paraíso.
Patsy riu fraco antes de levar a mão a nuca de Remo e sentir
ele aprofundar mais o beijo. Sem sombra de duvidas, ela também estava no
paraíso.
***
― Lia...
Sirius deslizou os lábios pelo pescoço de Lia e ela sentiu
seu corpo amolecer.
― Me diga que você se
lembra da noite de sexta feira. – Sirius disse com a voz rouca, enquanto
beijava o pescoço de Lia, deslizando a mão pela cintura dela e apertando com um
pouco mais de força, de vontade, de desejo.
Lia sentiu seu estômago
afundando, não podia dizer a ele que se lembrava, dizer era assumir que ela o
desejava, e Deus, como ela o desejava, como ela sentia-se boba e tolamente
apaixonada quando estava daquele jeito nos braços dele. Mas não podia, Deus,
ela não podia dizer isso a ele, nunca dissera a ninguém, sempre tivera tanto
medo de dizer e sofrer, não podia fazer isso agora, não assim, não sem ter
certeza de que o que ele sentia era muito mais do que uma atração.
― Eu preciso ir. – ela
disse firmemente tentando se esquivar dos braços fortes dele que a prendiam
contra o corpo seminu e molhado.
― Mas você acabou de
chegar.
― Mas eu... Preciso...
Sirius!... – ela tentou se esquivar dos braços dele, mas Sirius a segurou
firmemente, agora a olhando nos olhos.
― Me diga que você se
lembra Lia. Me diga que você me quer também... Eu sei que você quer.
Lia fechou os olhos
sentindo os lábios de Sirius roçando nos seus e sentiu-se tremer.
― Sirius... Eu preciso...
– Ela tentou se desvencilhar novamente. – Me deixe...
Mas Sirius selou seus
lábios aos dela, a beijando vorazmente e Lia sentiu suas mãos se afrouxarem da
tentativa de afastá-lo de si, sentindo a boca dele contra a dela, e perdeu-se
naqueles lábios.
Sirius a encostou na
parede atrás dela e pressionou o corpo de Lia contra a parede enquanto a
beijava intensamente, sentindo suas línguas entrelaçando uma na outra e apertando
a cintura dela num desejo lascivo e selvagem.
Ele a desejava, ele a
desejava como jamais desejara nenhuma outra, nunca nenhuma outra garota
despertara tais sentimentos nele, tais desejos, tais coisas que ele sequer
conseguia explicar, ele só sabia que a queria muito, a queria demais, a queria
naquele momento.
Lia deslizou a mão pelos
cabelos molhados segurando-os e puxando com vontade sentindo a mão de Sirius
deslizar por seu corpo e quando ela o sentiu ele segurando-lhe a mão que
deslizava pelo braço do maroto e levá-la lentamente em direção a toalha em sua
cintura, Lia sentiu-se acordar. Foi então que ela sentiu alguma coisa roçando
contra seu corpo e percebeu que tinha alguma coisa bem fora do normal.
― Sirius, não!
Lia soltou as mãos dele e
o olhou levemente assustada e enrubescida. Sirius não pareceu se importar com
aquilo, ele roçou o nariz contra a pele do pescoço dela, falando baixinho.
― Caramba, Lia, eu te quero tanto.
Lia tentou não sentir as
reações do corpo de Sirius contra seu corpo, respirando fundo ela fechou os
olhos e abriu-os em seguida.
― Sirius... Não.
― Lia...
― Eu não... Eu não posso.
Lia segurou no braço de
Sirius, que entendendo o que ela tentava, se afastou, deixando Lia desencostar
da parede visivelmente embaralhada e tentando não olhar pro corpo de Sirius.
― Eu preciso... Eu... Eu
tenho que ir.
Ela disse gaguejante antes
de sair correndo do vestiário, deixando Sirius completamente fora de si.
Passando a mão pelos cabelos,
sentindo seu corpo ardendo em fogo, ele decidiu que era melhor tomar outro
banho, dessa vez bem gelado.