Quando eu tinha treze anos eu descobri o que era o amor, não, eu não me apaixonei por nenhum garoto da escola, ou professor ou algum adolescente mais velho da minha rua. Não. Eu não descobri o amor que nos faz sofrer, o amor banal, passageiro e tolo da adolescência de hoje em dia. Eu não conheci o amor físico, de beijos e amassos.
Quando eu tinha treze anos eu descobri o amor verdadeiro, o tipo de amor mais puro, o amor mais profundo e capaz de transformar uma vida, o melhor tipo de amor que uma garota de treze anos pode ter:
Eu me apaixonei por um ídolo.



E foi a melhor experiência da minha vida, um tipo de sentimento e amor que eu jamais experimentei depois, talvez em dois momentos da minha vida depois, mas isso é outra história.

Quando eu tinha treze anos eu me tornei simplesmente fã(natica) pela banda de maior sucesso da época, cinco garotos lindos e americanos, que estouravam no mundo inteiro: Backstreet Boys.
E me apaixonei completamente pelo meu príncipe encantado,  Brian Littrell, e como eu disse, foi a melhor experiência da minha vida.
Eu me recordo como se fosse ontem o que as pessoas falava sobre isso, sobre como era bobeira, sobre como era criancisse (Acho que era criança né, tinha treze anos), sobre como era impossível e eu nunca iria conhecer eles, como eles nem sabiam quem eu era ou que eu existia.

Mas eu devo muito do que sou hoje a eles, aos meus ídolos.
Eles me ensinaram a acreditar nos sonhos, por mais impossíveis que eles fossem, e mesmo que eles não fossem se tornar realidade, eles me ensinaram que o que importa é sonhar. Os sonhos levam as pessoas a acreditar, a lutarem e não ter medo dos fracassos, os sonhos fazem milagres, eles dão esperança, eles dão alegria e ninguém nunca deve ser impedido de sonhar, por mais que seu sonh0 "pareça" impossível.
Eles me ensinaram o que era amar e o que era um amor puro, sem maldades, sem esperar nada de volta.
Ser fã é ter um amor que só quem é fã é capaz de compreender, é sentir a maior felicidade do mundo com apenas um sorriso, com apenas uma palavra, uma voz. É se contentar com apenas um olhar, um gesto, um toque, minimo que seja. Um toque pode dar recordações e emoções inimagináveis que jamais se esquecerá.
Ser fã é a coisa mais pura que existe e que jamais deve ser censurado.
Jamais julgue um fã, jamais diga-lhe que aquilo é bobeira, que aquilo é impossível.
Meus ídolos me ensinaram a viver, a lutar pelos meus sonhos, a não ter medo do impossível, da distancia e de nunca realizar meus sonhos, porque nem todo sonho precisa ser realizado, as vezes só sonha-lo pode transformar a sua vida.
Toda adolescente deveria ter um ídolo, não importa quem fosse, Luan Santana, One direction, com certeza isso é melhor do que ela pensar em ir para baladas de funk e voltar gravidas, os ídolos mudam a mente de suas fãs, eles são o exemplo que ela vai seguir, e um bom ídolo pode trazer até mais do que sonhos as pessoas, como os meus ídolos me proporcionaram.

Há alguns anos atrás, me recordando dessa época da minha vida, das coisas que eu vivia com minhas amigas, sobre os sonhos que eu tinha, eu escrevi um texto e gostaria de partilhar aqui.
Tenho certeza que muitos fãs vão se identificar com cada pedaço descrito desse texto, esse texto que nada mais é fragmentos de lembranças reais e que eu jamais me esquecerei.




As melhores lembranças


As estrelas brilhavam intensamente naquela noite, a lua, ainda faltando alguns dias para ficar cheia iluminava a noite, enquanto um par de olhos castanhos a observava de um lugar bem longe dela, mas a mente bem próxima.
Assim como todas as estrelas, uma em especial também brilhava fortemente no céu, naquela noite ainda mais brilhante que em qualquer outra e isso os olhos acastanhados também notara, ela esperava que a intensidade de sua luz significasse algo mais do que diziam os cientistas, de que ela estava mais próxima da Terra.
Um suspiro, uma lagrima que escorria do canto dos olhos despercebidamente, um coração apertado. E ela apenas observava a noite.



― E essa musica. – Suspirou a menina, fechando os olhos e sorrindo, no rosto a feição de alguém apaixonado, abobalhado. – Ah essa musica é minha musica favorita.
Os lábios se moveram silenciosamente enquanto em sua mente ela cantarolava a musica que ela ouvia agora em volume baixo, enquanto a frente da garota uma luz piscava incessantemente: Rec.



― Você acha mesmo que vai conseguir? Deixa de ser boba, você só diz isso agora, daqui há alguns anos, vai estar rindo de você mesma por essa criancice.
Os olhos acastanhados fuzilaram a garota a sua frente, enquanto sua testa se franzia e seu coração se enchia de indignação.
― Você nunca teve sonhos?
Como poderia alguém julgar os sonhos de outra pessoa? Como poderia alguém julgar a capacidade de alguém realizar ou não alguma coisa? Como ela poderia dizer que aqueles olhos acastanhados jamais veriam a sua frente aquele com que ela sonhava tão intensamente?
― É impossível. – Disse a garota.
― Nada é impossível. – Disse a dona dos olhos acastanhados, determinadamente.



Um suspiro novamente foi ouvido, mas os únicos capazes de ouvir tal suspiro eram as estrelas, a lua e os vaga-lumes que sobrevoavam calmamente pelo céu, iluminando o mesmo com suas luzes piscantes.
Os olhos acastanhados, agora levemente avermelhados e úmidos, observavam fixamente a estrela mais brilhante no céu, se perguntando se alguém lá em cima, por trás daquele céu, por trás daquela estrela, a ouvia.
― Se estiver me ouvindo, por favor, não deixe eles estarem certos.



― Sai da frente dessa TV menina e vai lavar aquela louça antes que seu pai chegue.
― Calma, mãe, só um pouquinho.
A dona dos olhos acastanhados, nada além de uma menina de apenas treze anos de idade, estava sentada na ponta do sofá aguardando ansiosamente enquanto o aparelho de som a sua frente estava ligado em volume moderado. Com o controle do mesmo sobre o colo, ela o batucava tentando extravasar a ansiedade que aumentava cada vez mais.
― Vai lá lavar aquela louça, depois você vê isso ai.
― Calma, mãe, por favor, vai lançar uma musica nova deles e quero gravar. – Os olhos acastanhados brilharam intensamente enquanto a mãe da mesma revirava os olhos, indo ela mesma lavar a louça.



A noite era calma, do lado de fora da casa nada se podia ouvir alem dos grilos cantarolando ao longe.
Pela fresta da janela engradada um par de olhos espiava a noite, vendo ao longe uma quadra de futebol vazia, enquanto sentada ao pé da cama, a dona dos olhos acastanhados esperava, ansiosa, com os ouvidos atentos a programação de sua radio favorita.
Quando o comercial da radio acabou a dona dos olhos acastanhados olhou com os mesmos brilhantemente ansiosos em direção a garota próxima a janela.
O locutor, agora anunciando um evento próximo, silenciou a voz enquanto uma vinheta da radio anunciava rapidamente o nome do programa.
― A próxima musica... – Começou o locutor e os olhos acastanhados voltaram-se para o radio, como se pudesse ver o locutor anunciando a próxima musica. – é de Suzana e Michele para Kevin e Brian.
A garota parada a janela correu em direção a cama, subindo rapidamente em cima da mesma, enquanto a musica começava a tocar.
O volume do radio fora aumentado drasticamente, enquanto os grilos ouviam os gritos histericamente felizes de duas garotas se unindo a noite.



Os olhos acastanhados brilhavam. Deitada na parte de cima do beliche que ela dormia, ela folheava a revista nova, que agora estava começando a ficar com aparência mais gasta por tanto que fora manuseada naquele dia, desde que saíra da banca de revistas para as mãos da menina.
Quando os olhos encontraram a foto desejada, ela parou, virando-se de bruços na cama, colocando a revista sobre o travesseiro, a foto escolhida a sua frente e o admirou, os olhos brilhando mais do que nunca enquanto admirava a foto.
Seu coração disparava dentro do peito e o sorriso abobalhadamente apaixonado era estampado em seu rosto, enquanto um suspiro escapava dos lábios sonhadores.
As pontas dos dedos agora acariciam o papel da revista, sonhando poder acariciar aquele rosto de verdade. Será que se aquele rosto estivesse mesmo a sua frente, seria tão lindo quanto era naquela revista? Claro, disso ela não tinha duvidas. Aqueles olhos azuis e aquele sorriso eram os mais lindos que ela já vira na vida. Seu príncipe encantado. Mais uma vez ela suspirou.
Poderia haver amor mais puro do que aquele que ela sentia?
Seu príncipe encantado. Um dia ela o encontraria. E o que ela faria quando o encontrasse? O que diria? Ela não sabia dizer, tantos dias, tantas vezes ela idealizara esse momento, que de tanto pensar, ela já não sabia mais o que falaria quando o encontrasse, mas uma coisa ela tinha certeza, talvez ela não precisasse de palavras, suas lagrimas falariam por ela.


A rua estava normalmente calma, uma musica tocava em volume bem baixo, enquanto quatro garotas estavam sentadas na calçada, ouvindo a musica e conversando animadamente.
A garota de olhos acastanhados se concentrava em escrever com corretivo branco seu nome e o dele no poste, enquanto ouvia sua amiga falando.
― Vamos colocar uma musica e cantar a capela?
― Que musica? – indagou outra amiga e a garota de olhos acastanhados observou seu desenho no poste, antes de voltar-se a conversa.
― Su, você nunca vai esquecer que eu estive aqui.
A amiga chamada Suzana sorriu vendo o nome da amiga dentro de um coração unindo-se a “Brian”.
― Que musica, Su? – Indagou a quarta garota, abraçando os próprios joelhos delicadamente.
― All I have to give. – Os olhos acastanhados brilharam, para variar.
― Eu faço a voz do A.J. então. – Disse Su animadamente à idéia da musica.
― Mas eu tenho que cantar a parte do Howie? – A menina delicada que abraçava os joelhos corou levemente.
― Vai, Ni, é a gente, não precisa ter vergonha.
As amigas riram, enquanto no pequeno som a musica escolhida começava a tocar baixinho, e as meninas cantarolavam mais alto a musica adorava.
Era uma noite que elas jamais esqueceriam.



Sentada a mesa da cozinha, ela escrevia febrilmente. Sobre a mesa um caderno e vários envelopes estavam espalhados, todos com o mesmo endereço de remetente, as mesmas coisas escritas em cada carta dentro de cada envelope, enquanto sua mão, agora levemente dolorida, escrevia novamente a mesma carta em um novo pedaço de papel.
― Pra que tudo isso? – Indagou a mãe da garota que parava do outro lado da mesa observando a filha.
― Pra promoção da radio. Eu e a Su estamos escrevendo um monte pra mandar.
A mãe sorria, negando levemente com a cabeça, ao empenho da filha por uma coisa, ao seu ver, tão boba, mas que fazia a filha tão feliz.
― E o que vocês vão ganhar se forem sorteadas?
― Vamos conhecer eles. *-* - E os olhos castanhos brilharam mais fortes do que nunca.



O sinal acabava de tocar, enquanto os alunos corriam apressados para a cantina, tentando ver quem conseguia ser o primeiro a chegar lá. Quatro amigas ainda permaneciam na sala de aula enquanto a mesma se esvaziava rapidamente.
Os olhos acastanhados, agora bem próximos a lousa, não se importava com o pó do giz que alem de sujar sua mão, começava a sujar a manga de sua blusa de moletom enquanto ela escrevia a lousa lateral da sala.
― Que frase é essa Mi? – Indagou uma de suas amigas sentadas as carteiras, folheando a revista nova.
― Uma frase da musica “If I don’t have you”, eu to viciada nessa musica agora.
“I’m a star with no light, a Day with no night, If I don’t have you”

Lagrimas rolavam pelo rosto suave da garota, incapazes de serem amparadas pela mão que tentava em vão secá-las, molhando assim o jeans da calça, enquanto ela sentada ao sofá, debruçava o rosto sobre os joelhos, sentindo o corpo sendo sacudido pelo choro.
Uma mão carinhosa afagou os cabelos da garota, que sem pudor algum, chorava decepcionada.
― Será que eu nunca vou conseguir, mãe?
Ela ergueu o rosto, encarando a mãe com os olhos castanhos avermelhados, as lagrimas brotando rapidamente e rolando por seu rosto, enquanto a mãe puxava o rosto da filha sobre seu colo e acariciava-lhes os cabelos.
― Michele, você tem que ter paciência minha filha. Tudo na vida é questão de tempo e paciência. Você pode não ter ganhado essa promoção, mas um dia quem sabe, você não ganha outra e consegue conhecer eles.
― Um dia quando, mãe? Será que vou ter que esperar a vida inteira?
― A vida inteira é muito tempo e até lá eles já vão estar bem velhinhos né.
A garota riu soluçosamente do comentário da mãe, antes de erguer o rosto tentando em vão secar as lagrimas com a palma da mão.
― Mãe, será que se eu pedir, Deus me ajuda a realizar meu sonho?
― Deus não ajuda com essas coisas, mas peça, pedir nunca é demais, e talvez ele ajude por que você merece.
E o sorriso, em meio as lagrimas, fizeram os olhos castanhos brilharem novamente.



A TV estava ligada no volume mais alto do que necessário, os olhos castanhos brilhavam em frente a tela, sentada na ponta do sofá o mais próximo que conseguia da televisão.
No programa, ele sorria lindamente, imitando o pato Donald, enquanto os olhos acastanhados brilhavam apaixonadamente sorrindo enquanto observava a brincadeira de seu amado.
― Eles vão fazer show em São Paulo? – A mãe da garota, que tricotava, sentada ao sofá, logicamente que mais longe da tela, observava distraidamente o programa que a filha assistia abobalhadamente.
― Vão e no Rio, eu acho. Você não viu ontem na TV, a porta do prédio deles lotada de meninas e eles tiveram que cantar lá da cobertura do prédio?
A mãe concentrada no tricô, apenas acenou que sim com a cabeça.
A menina de olhos castanhos desviou os olhos da tela enquanto o programa entrava no comercial.
― A Su e a Na, vão no show. O avô da Na mora em São Paulo e elas vão ficar lá até o show.
― Que legal. Fala pra elas levarem aquele rolo enorme de carta que você fez.
― Elas vão levar. – A garota disse tristemente e a mãe ergueu os olhos para olhar para a filha.
― Você sabe que se eu tivesse dinheiro pra você ir nesse show, eu te dava né? Mas eu não tenho e seu pai só vai receber quando acabar o serviço da churrasqueira que ele ta fazendo.
― E deve ser muito caro um ingresso. – Disse a garota tristemente, voltando os olhos para a TV, enquanto o comercial ainda rodava.
― Não teve promoção pra ir no show, não?
― Teve, mas eu não ganhei. “/
― Não se preocupe Michele, eles vão voltar outra vez e até lá quem sabe a gente não ta melhor né? Daí você vai no show deles.
― É. – Disse a menina simplesmente, com o olhar triste e o coração apertado.
Mais uma vez eles estavam tão longe, enquanto seu coração queria estava tão perto.



O céu estrelado e a lua cheia davam um ar romântico a cen, sentada a mureta da varanda, ela observava o céu, agora sem a estrela brilhante. O que será que acontecera a ela? Será que explodira em milhões de pedacinhos? Será que conseguira alcançar a Terra, passar pela camada de ozônio e alcançar solo? Será que esse era o maior desejo da estrela? Virar uma estrela do céu que ela passara centenas, talvez, de anos luz observando?
Ela ainda esperava. Ela sempre esperava.
Agora a dona dos olhos acastanhados não era mais uma menina, assim como a estrela, ela evoluíra, crescera, alcançara a Terra da maturidade, mas uma coisa dentro dela permanecia intacta.
Um suspiro, uma lagrima rolando pelo rosto suave e os olhos acastanhados brilharam novamente. Aquele brilho. Aquele mesmo. Aquele brilho que lhe ensinara a sonhar. Aquele brilho que lhe ensinara a sorrir. Aquele brilho que lhe ensinara a esperar, a ter paciência, a confiar. Aquele brilho daquela garota que um dia acreditou, inocentemente, do fundo de seu coração, que um dia alcançaria seu objetivo. Que um dia realizaria seu sonho.
Criancice. Impossível. Essas palavras não tinham mais nenhuma importância a ela. Há muito deixara de existir em seu dicionário. Um dia ela aprendera que nada era impossível, que ela tinha que saber esperar, que ela tinha que pedir, que ela tinha que acreditar, e um dia, um dia Deus atenderia. Um dia, seu sonho, se realizaria. Aqueles olhos brilhariam mais intensamente do que nunca. Seus lábios se abririam no sorriso mais feliz que já conseguira. Lagrimas, dessa vez de alegria, banhariam seu rosto. E em seu peito, o amor mais puro que ela já sentira na vida, bateria descompassado em seu coração, fazendo-o disparar numa alegria histérica, incapaz de ser traduzida em palavras, poemas, sonetos, versos ou musicas. Porque apenas uma melodia soaria em todo seu ser.

A realização do Sonho daqueles olhos castanhos, daquela menina de treze anos, que ainda vivia dentro dela e que só então, poderia morrer feliz.





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