Pra quem, assim como eu, é fã da saga literária (e cinematográfica também) Maze Runner, hoje eu não vim falar sobre essa saga maravilhosa, mas, na verdade, transcrever um trecho do livro "A Cura Mortal".
Atendendo o pedido da leitora Nayeli Branco, hoje eu vim postar um trecho do livro, mas não é qualquer trecho, é O trecho... acho que você já deve saber do que estou falando né...
de uma certa parte SUPER tocante do terceiro livro que, se você NÃO leu o livro, eu te aconselho a NÃO ler essa matéria ou você pode acabar tendo uma morte prematura rsrs e muito dolorosa, porque o coração sai pisoteado :'(

CONTÉM MUITO MAIS QUE SPOILER rsrs (CONTÉM PARTES DO LIVRO)




Uma das piores cenas do livro, e também uma das mais tocantes, que me fez ficar só meia hora olhando pro nada, as lagrimas escorrendo pelo rosto e pensando "por queee???????"
com certeza vai comover, mexer e matar por dentro, você também, então se prepare.

E como já dito, se você não leu o livro, não pretende saber o que acontece e muito menos quer LER, não continue nessa matéria de hoje porque eu vou, literalmente, transcrever aqui, a pior cena do terceiro livro.

E aguenta coração. :(


- A Cura Mortal -  Páginas: 276 à 282.


"Thomas, ferido e desnorteado, estava no assoalho da van, ajoelhado. Tivera tempo de ver os três veículos se afastar, o som do motor sumindo enquanto seguiam pela estrada longa e plana pela qual haviam vindo antes. Olhou, preocupado, para Lawrence e a piloto; ambos pareciam bem.
Então a coisa mais estranha do mundo aconteceu. Thomas correu os olhos para fora da janela e viu um Crank ferido encarando-o a uns seis metros de distância. Demorou apenas um segundo para registrar quem ele era.
Newt.
Newt estava com uma aparência horrível. O cabelo apresentava ausência de vários tufos, deixando aparentes pontos de calvície que eram mais vergões vermelhos. Arranhões e ferimentos lhe cobriam o rosto; a camisa estava rasgada, apenas um trapo sobre a estrutura de ossos quase cadavérica; e a calça era uma mescla de imundície e sangue. Era como se enfim houvesse se rendido ao fato de ser um Crank, unindo-se de corpo e alma ao grupo.
No entanto, Newt o olhou fixamente, como se reconhecesse ter esbarrado com uni amigo. Lawrence estivera falando há algum tempo, mas só agora Thomas processava as palavras dele.
-- Vamos ficar bem. A van está bastante avariada, mas espero que consiga andar mais alguns quilômetros para nos levar ao hangar.
Lawrence engatou a ré, e a van manobrou, afastando-se da parede, o ruído de plástico quebrado e metal retorcido e o rangido de pneus rompendo o absoluto silêncio que havia se instalado. Então começou a se afastar, e foi como se um clique se acionasse na cabeça de Thomas.
--  Pare! - ele gritou. - Pare a van! Agora!
--  O quê? - replicou Lawrence. - Do que está falando?
--  Pare a droga da van!
Lawrence pisou no freio, e Thomas se levantou e se dirigiu à porta. Fez menção de abri-la, mas o outro agarrou sua camisa pelas costas e o deteve.
--  Que diabos acha que está fazendo? - Lawrence berrou.
Thomas não permitiria que nada o detivesse. Tirou a pistola da cintura e a apontou para Lawrence.
--  Tire as mãos de cima de mim.Tire as mãos de cima de mim!
Lawrence obedeceu, erguendo as mãos no ar.
--  Ei, garoto. Acalme-se! O que há de errado com você?
Thomas se afastou dele.
-- Vi um amigo lá fora. Quero ver se está bem. Se houver algum tumulto, corro de volta para a van. Só peço que fique a postos para nos tirar daqui assim que eu voltar.
--  Acha que aquela coisa lá fora ainda é seu amigo? - perguntou a piloto com frieza. - Esses Cranks já atingiram a Insanidade há muito tempo. Não consegue enxergar isso? Seu amigo agora não passa de um animal. Não, deve ser bem pior que um animal.
--  Então será uma despedida breve, certo? - respondeu Thomas.
Abriu a porta e saiu para a rua. - Me dê cobertura se for preciso. Tenho mesmo de fazer isso.
--Vou lhe dar um belo de um chute no traseiro antes de chegarmos àquele Berg, prometo a você - grunhiu Lawrence. -Apresse-se. Se esses Cranks que estão entretidos com o lixo se encaminharem para cá, começaremos a atirar. E não me importa se a mamãe ou o titio estiverem lá fora.
-- Combinado. -Thomas se afastou deles, tornando a enfiar a pistola na cintura do jeans. Caminhou devagar na direção do amigo, ali em pé e sozinho, bem distante do grupo de Cranks que ainda vasculhava o lixo. No momento, pareciam satisfeitos com aquilo e nem um pouco interessados nele.
Thomas venceu metade da distância que o separava de Newt, depois parou. A pior parte do estado do amigo era a selvageria do olhar. A loucura espreitava atrás deles, dois poços infestados de demência. Como aquilo acontecera tão depressa?
-- Ei, Newt? Sou eu, Thomas. Ainda se lembra de mim, não é?
Uma clareza repentina perpassou o olhar de Newt, quase provocando um recuo de surpresa em Thomas.
--  É claro que me lembro de você, Tommy. Você foi me ver no Palácio, ignorando o que lhe pedi no meu bilhete. Não fiquei completamente louco em apenas alguns dias.
Aquelas palavras feriram mais o coração de Thomas do que a visão lamentável do amigo.
-- Então por que está aqui? Por que está com... eles?
Newt se voltou para os Cranks, depois encarou Thomas.
-- Isso vai e vem, cara. Não dá pra explicar. Às vezes não consigo me controlar, mal sei o que estou fazendo. É como uma coceira no cérebro, que provoca irritação suficiente pra que eu mande tudo para o espaço. Fico furioso.
-- Você parece bem agora.
--  É, eu sei.A única razão de estar com esses doidos do Palácio é porque, na verdade, não tenho nada mais importante para fazer. Eles brigam o tempo todo, mas estão em grupo. Se ficarmos sozinhos, não teremos nem uma maldita chance.
-- Newt, venha comigo dessa vez, agora. Podemos levá-lo a um lugar seguro, a um lugar melhor para...
Newt riu, e ao fazê-lo a cabeça se contorceu para o lado algumas vezes de modo estranho.
-- Dê o fora daqui, Tommy. Vá embora.
-- Venha comigo - implorou Thomas. - Amarro você, se o fizer se sentir melhor.
O rosto de Newt de repente foi tomado pela raiva, e as palavras saíram em um jorro de ira:
-- Cale a boca, traidor de mértila! Não leu meu bilhete? Não pode fazer uma última maldita coisa por mim? Tem de ser o herói, como sempre? Odeio você. Sempre odiei você!
Ele não quer dizer isso,Thomas disse a si mesmo com firmeza. Eram apenas palavras sem sentido.
--  Newt...
--  Foi tudo culpa sua! Você poderia ter detido todos eles quando os primeiros Criadores morreram. Poderia ter descoberto uni modo de fazer isso. Mas não! Tinha de seguir em frente, tinha de tentar salvar o mundo, de ser o herói. Daí foi para o Labirinto e nunca mais parou. Só se importa com você mesmo! Admita! Quer ser reconhecido, adorado! Devíamos ter atirado você quando estava na Caixa!
O rosto de Newt havia assumido uma coloração de um vermelho brilhante, e várias gotículas de saliva acompanhavam suas palavras boca afora. Fez menção de dar alguns passos manquitolas à frente, os punhos cerrados. 
-- Vou atirar nele! - gritou Lawrence da van. - Saia da frente.
Thomas se virou.
-- Não! Isso é entre mim e ele! Não faça nada! - Encarou o amigo de novo. - Newt, ouça o que vou dizer. Sei que está bem agora, o bastante para me entender.
-- Odeio você,Tommy! - Ele estava a poucos passos de distância, e Thomas recuou, o sofrimento por Newt transformando-se em certo temor. - Odeio você, odeio, odeio! Depois de tudo o que fiz pra você, depois de todo o maldito perrengue que passei naquela droga de Labirinto, você não pode fazer a única coisa que pedi pra você fazer? Não consigo nem olhar pra essa sua cara feia de mértila!
Thomas recuou mais um pouco.
-- Newt, precisa se controlar.Vão atirar em você. Pare e me escute! Entre na van, deixe-me amarrá-lo.
Me dê uma chance! - Não conseguiria matar o amigo. Estava acima de suas forças.
Newt gritou e se precipitou para a frente. Um tiro de Lança-Granadas partiu da van, crepitando no chão, embora sem ter atingido Newt. Thomas estacara, imóvel, e Newt o arremessara ao chão,
deixando-o sem fôlego por alguns instantes. Lutou para voltar a respirar, enquanto o velho amigo subia sobre seus ombros e pressionava seu corpo contra o chão.
-- Devia arrancar seus olhos - disse Newt, cuspindo no rosto de Thomas enquanto falava. - Dar uma lição em você. Por que veio aqui? Esperava por acaso que eu lhe desse um maldito abraço? Há?
Queria uma conversa civilizada sobre os bons tempos na Clareira?
Thomas balançou a cabeça, tomado pelo terror, os dedos tateando bem devagar o revólver com a mão livre.
-- Quer saber por que manco assim, Tommy? Já lhe contei? Não, acho que não.
--  O que aconteceu? - perguntou Thomas, ganhando tempo. Fechou os dedos ao redor da arma.
-- Tentei me matar no Labirinto. Subi até a metade de um daqueles malditos muros e pulei. Alby me encontrou e me arrastou de volta à Clareira pouco antes de as Portas se fecharem. Odiava aquele lugar,Tommy. Odiei cada segundo de cada dia. E foi tudo... sua... culpa!
Em um movimento súbito, Newt agarrou a mão de Thomas que segurava a pistola. Dirigiu-a para si mesmo, erguendo-a até que o cano pressionasse a própria testa.
-- Agora, faça sua parte! Mate-me, antes que me torne um desses monstros canibais! Pedi isso a você, e a ninguém mais.Vamos, atire! 
Thomas tentou puxar a mão, mas a força de Newt era descomunal.
--  Não consigo, Newt. Não consigo.
-- Faça sua parte! Arrependa-se do que me causou! - Aquelas palavras dilaceravam o coração de Thomas; todo o seu corpo tremia. Então a voz baixou para um sussurro urgente e áspero: - Mate-me agora, seu covarde de mértila. Prove que é capaz de fazer algo certo, para variar. Livre-me dessa
situação miserável.
Thomas sentia-se cada vez mais horrorizado.
--  Newt, talvez a gente possa...
--  Cale-se! Cale essa boca! Confiei em você. Agora, puxe o gatilho!
--  Não posso.
--  Puxe!
-- Não posso! - Como Newt podia lhe pedir uma coisa daquelas? Como poderia matar um de seus melhores amigos?
-- Mate-me, ou então vou acabar com a sua raça.Vamos, ande logo com isso!
-- Newt...
-- Faça isso, antes que me torne um deles!
-- Eu...
-- MATE-ME! - E então os olhos de Newt se tornaram lúcidos, como se houvesse obtido um último segundo de sanidade, e a voz se acalmou. 
-- Por favor, Tommy. Por favor.
Com o coração caindo em um abismo negro,Thomas puxou o gatilho.


(...)
O tempo todo, sentia as entranhas entorpecidas.
Havia matado Newt.
Tinha atirado na cabeça do próprio amigo."





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