Decepção, ela vem silenciosamente, se rastejando como uma cobra, pronta para dar o bote, e então ela avança, e acaba em segundos com o que você passou meses construindo, e então ela vai embora, e te deixa ali, o sangue escorrendo pelas entranhas
, o veneno preenchendo cada célula do seu corpo, invadindo cada pedaço saudável do seu ser, mergulhando você no pior pesadelo que você já teve. Ardendo por dentro como uma larva de um vulcão em erupção, queimando tudo, destruindo tudo, deixando apenas cinzas, cinzas de vida, cinzas de sonho, cinzas da confiança destruída. Matando você por dentro. Matando. Destruindo. Acabando com tudo. Em segundos, você não é mais nada, em segundos o veneno da cobra invadiu seu corpo, sua alma, a pureza de um coração que acreditava em tudo e em todos, a pureza, a felicidade, a confiança. Destruindo tudo, deixando apenas cinzas, deixando apenas um coração duro como pedra.
Ah decepção, que vem como uma cobra sorrateira, sem avisar, e sem pestanejar destrói tudo, se alimenta de sua alegria, como uma sanguessuga de alma e vai embora, levando partes que antes você sequer sentia falta, levando embora o sorriso ingênuo e o olhar deslumbrante pelo mundo.
E o que sobra é quase um nada. É uma alma vazia e desconfiada.
É uma cicatriz que nem o tempo irá apagar. É um medo que pra sempre percorrerá as entranhas de seu ser, esperando que o próximo ataque chegue, sorrateiramente, sem avisar.
Só esperando.
É uma dor que nem o tempo e o espaço a fará esquecer, nada irá apaziguar, nada irá iluminar de compreensão uma coisa que nem mesmo os Deuses podem explicar: A maldade humana. A capacidade de mentir, enganar, deturpar e destruir uma vida que você demorou tanto pra construir, uma alma que você tentou tanto manter florescida, pra ser destruída como se fosse pisoteada por cascos de cavalos.
Pisoteada.
É assim que me sinto, envenenada pelo veneno da desconfiança, destruída como flores pisoteadas, sou só uma alma que não sobrou quase nada, esmagada pelo veneno da decepção, da duvida, do medo, da dor que jamais deixará que tudo volte a ser como antes, por que nada volta a ser como antes, por que uma alma uma vez destruída, jamais será como antigamente, por que o brilho nos olhos quando se apaga, não há sol que o ascenda de novo, por que a pureza quando é infectada, não há cascatas de bondade que a renove, não ha nada que torne novo o que foi destruído.
Não ha nada que apague o rastro que uma decepção deixa.
Mas toda dor, toda tempestade, toda lagrima e toda destruição, deixa apenas uma coisa a ser feita: Recomeçar.
Então você se levanta, esfarrapada, ensangüentada, e cura as feridas, e troca as roupas e volta a caminhar. O caminho ainda é o mesmo, as pedras ainda estão lá, como antes, invadindo o seu caminho, o que muda são seus passos, agora incertos, agora temerosos. Você recomeça, mais forte, mais esperto, mais preparado, esperando o próximo bote em cada passo a frente, esperando, você recomeça.
Mas o que uma vez foi destruído, jamais se tornará novo.
A vida deixa marcas, e as decepções cicatrizes, e nada nunca mais será como era antes.
Nada.

Por
Lanah Black


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