*Capitulo Quatro: Você nunca vai mudar”

                                   “Você não é nem metade do homem que você acredita ser.”                                                                                                                                   


                                                     ♪)  
What kind of man that you are?

                                                          Que tipo de homem você é


If you're a man at all. 
Se você é um homem mesmo.

Well, I will figure this one out 
Bem, eu vou descobrir isso sozinho

I'm screaming "I love you so"
...Estou gritando "Eu te amo tanto"...

(But my thoughts you can't decode!) 
Mas meus pensamentos você não consegue decodificar   (♪)



 O banheiro estava anuviado pela imensa camada de vapor que vinha da água quente que estava aberta por um tempo excessivamente longo e quase não se conseguia ver muita coisa dentro do mesmo. Dentro de um Box fechado o vapor parecia ainda mais intenso, a água, deliciosamente quente, caia em grandes quantidades e o som dela batendo no chão com força quase não se deixava ouvir a musica que soava, em alto volume, no cômodo ao lado.


Talvez essa fosse a verdadeira intenção da garota que se encontrava sentada no chão do banheiro, dentro do Box, debaixo do chuveiro, ou quase debaixo dele.


Os cabelos molhados escorriam ensopados em volta do rosto e nas costas, ela tinha os olhos fechados, podia sentir a água escorrendo pelo rosto, misturando-se as lagrimas silenciosas. Ela tinha esperanças que a água levasse embora consigo muito mais do que a sujeira do dia a dia, mas os pensamentos incessantes que ficavam martelando ali dentro e uma coisinha chata que se instalara no seu peito e na boca do seu estômago.


Tudo aquilo era inútil, não havia razão pra ela estar daquele jeito, era normal esperar muito das pessoas e se decepcionar com elas. E fora o que havia lhe acontecido, e agora ela só tinha que esquecer isso, esquecer ele e continuar com sua vida, sem mais cenas como aquela, é claro.


Aliás, ela sabia que tinha sido muito ingênua, desde quando ela era tão ingênua daquela maneira? Se deixar levar por alguém que ela só conhecera mesmo um dia, em um bar, bêbados. Ela devia estar ficando louca, seu cérebro devia estar com algum problema pra realmente levar aqueles pensamentos a serio a ponto dela ficar debaixo do chuveiro por tanto tempo ouvindo a mesma musica e pensando no mesmo garoto.


― Aff.


Ela passou a mão pelo rosto retirando um pouco da água que caia do chuveiro por seu rosto, e se levantou, passando a mão pelos cabelos, antes de desligar o chuveiro e finalmente sair do banheiro enrolada numa toalha.


Lilian se olhou no espelho, tinha os olhos ainda avermelhados, respirou fundo, contou ate três e colocou um pensamento fixo na cabeça, antes de apertar o botão do controle remoto do som e ouvir aquela musica que a fazia lembrar-se dele, pela ultima vez.


  


       ***

  


― São mais de trinta milhões, uma nação, de coração, RA, eu sou timão ♪


― Sirius, será que dava pra você parar de cantar essa coisa irritante?


― Corinthiano... – Começou Sirius, irritando Thiago, enquanto eles caminhavam pelo corredor do colégio, em direção a primeira aula do dia. – tem varias maneiras de reconhecer um, você bate o olho e .


Thiago fechou mais a cara, se é que isso era possível, Remo e Sirius riram, e Sirius continuou, mais irritante ainda, enquanto entravam na sala, completamente diferente naquele dia.


― Corinthiano só anda em bando... bando de loucos!


― SIRIUS!


O maroto de olhos azuis acinzentados, cabelos caídos displicentemente sobre os olhos e um sorriso, maroto, no rosto, riu alto, uma risada rouca, deliciosa de se ouvir.


A sala, normalmente com varias mesas em dupla espalhadas pela sala, estava bem diferente, as carteiras formavam um circulo, onde no meio havia apenas uma cadeira, onde professor Horacio já os esperava, sentado, com uma prancheta na mão.


Sirius entrou na sala, indo mesmo assim pro fundo, onde quase na curva do circulo de carteiras, estavam sentadas Patsy, Lilian e Lia, uma ao lado da outra.


― São mais de 30 milhões, uma nação! Maior que Portugal, que o Chile, que a Austrália, e ‘cê já viu por acaso o tamanho da Austrália?


Sirius puxava uma cadeira e se sentava ao lado de Lia, ainda “cantando” a musiquinha, enquanto um Thiago, irritado, dava um tapa na cabeça do amigo, que gargalhava roucamente.


― Oi meninas!


Remo sorriu e se sentou ao lado de Patsy. Thiago ainda com aquela cara, olhou por meio minuto pras carteiras. Teria sido de propósito que a ruiva estava sentada no meio das amigas?


Affs, ele pensou, puxando a cadeira ao lado de Sirius e se sentando. Sirius olhou pro amigo e quando ele abriu a boca, Thiago fez uma careta.


― Não começa.


Sirius riu alto, aquele riso rouco e Lia sentiu o ser transparente revirar-se dentro do seu estômago.


― Calma, Pontas, não precisa me assassinar, to te zuando cara. Ate parece que a mulhé dormiu de calça jeans o fim de semana.


As meninas sentadas perto dos dois riram menos Lilian, que abaixou os olhos pro livro de Biologia aberto sobre sua mesa.


Diggle e Frank chegaram, dando tapinhas nas costas dos marotos e sorrindo pras meninas, se sentado ao lado de Remo, fazendo a curva, do circulo, ficar completa pelos marotos e meninas.


― Pow Pontas, era de se esperar que você estivesse de bom humor, deu uns beijos, seu time não perdeu.


Os meninos riram, Thiago revirou os olhos.


― Pontas, você viu o jogo, cara? – Disse Diggle, ainda com a mochila em cima da mesa.


― Eu vi. Você viu a defesa do Rogério Ceni? To falando, ele é o Cara no time.


― É, até achei que o Flu ia perder.


― Mas seu time esta por um fio, Thiago, se bobiar vai pra segundona.


Os garotos riram do comentário de Frank, Thiago fez uma careta.


― To falando que os São Paulinos tem inveja do Timão, até o titulo da Segundona eles tão querendo pegar.


Todo mundo riu.


― E amanhã, na virada pra quarta, o Corinthians comemora o Centenário! 


― Isso ae, Loirinha. Amanhã meu Coringão vai comemorar o Centenário.


Sirius passou a mão pelos cabelos, sorrindo de orelha a orelha.


― Sirius você é limpinho e bonitinho demais pra ser Corinthiano, cara.


― ah, vai à merda, Pontas! Não sei como eu tenho um amigo São Paulino.


Eles riram, e o professor se levantou, fazendo a turma se calar.


Thiago sentia-se estranho, alguma coisa o incomodava, mas ele não conseguia saber o que. Desviando os olhos do professor, ele olhou na direção da ruiva, sentada a algumas carteiras dele, ela tinha os olhos fixos no professor e, por uma fração de segundos, ele pôde jurar que ela olhara pra ele e desviara rapidamente os olhos. Era apenas impressão ou ela estava meio diferente com ele naquele dia?


A aula começou, todos sabiam que estava daquele jeito por que era um dos dias que os alunos menos gostavam, dia de apresentação de trabalho.


Um grupo de alunos se levantaram, foram para o meio da roda e, enquanto todos prestavam atenção na apresentação, Sirius abaixou levemente o rosto na direção de Lia, sentada ao seu lado.


― E então loirinha, como sabe que amanhã é o centenário do Coringão?


Lia que prestava atenção na apresentação e fazia anotações, olhou pra Sirius. Os olhos dele, seu rosto e seus lábios perfeitos estavam muito próximos, ela achava excepcionalmente maravilhoso ele ser um ser humano e não um cachorro, que segundo a apresentação que se seguia a frente, tinha uma excelente audição, assim ele não poderia ouvir o coração dela disparar tão forte dentro do peito que quase doía.


Ela sorriu fracamente e deu de ombros.


― Todo mundo sabe.


― Aposto que você é Corinthiana.


Lia riu baixo.


― Como sabe?


Sirius sorriu marotamente, passando a mão pelos cabelos.


― Um Corinthiano reconhece outro, certo?


Ele piscou e voltou os olhos pra apresentação, Lia ainda com o sorriso no rosto acompanhou seu olhar.


Segundos depois, o maroto voltou os olhos pra Lia. Caramba, pensou ele, ela era realmente linda, ganhava disparado de Bella e ele ainda se lembrava do beijo da loira. Com esse pensamento ele sorriu, abaixou os olhos olhando diretamente pros lábios de Lia e então disse num sussurro.


― Ta afim de ir no Centenário comigo?


Lia desviou os olhos do professor e olhou pra Sirius, com a cabeça ainda meio abaixada, olhando pra ela, com aquele sorriso maroto no rosto.


Será que aquele ser dentro dela podia, pelo amor de deus, parar de dar tantas cambalhotas?


Ela tentou reprimir, a todo custo, um sorriso.


― Ah, Black...


― Sirius. – ele piscou e ela sorriu.


― Não vai dar.


Ela fez uma carinha de quem dizia um “sinto muito”, e ele sorriu, acenando com a cabeça, voltando a atenção ao professor.


Lia engoliu em seco e voltou os olhos à frente, lhe custara quase toda a força que tinha dizer aquelas palavras enquanto um ser gritava loucamente dentro da cabeça dela pra dizer “ Eu vou! Eu vou! É claro que eu vou.


  


Se fosse possível organizar suas memórias e lembranças em pastas de arquivo dentro do cérebro, Patsy, com certeza, teria uma, perfeitamente e muito bem guardada, em  memórias mais importantes a não ser esquecidas: A noite de sexta feira.


Guardara cada mínimo detalhe e revivera cada minuto daquela noite milhares de vezes até aquele momento. Era com certeza uma das melhores lembranças que tinha, e muitas vezes ela ficava se perguntando se não fora tudo aquilo um sonho, afinal, parecia perfeito demais pra ser real.


Talvez tivesse sido mesmo apenas um sonho, pois desde que chegara ao colégio, desde que o vira, nada parecia ter mudado. Ele parecia estar agindo com ela, exatamente como era antes, e aquilo, bom, aquilo lhe parecia bem estranho. Será que ele não ia dizer nada que a fizesse acreditar que a maravilhosa noite de sexta feira não fora uma ilusão criada por seu cérebro?


Quando seu nome e o nome de Remo foram chamados pelo professor, ambos se levantaram, ele puxou sua própria carteira para trás, e deixou com que Patsy passasse primeiro, antes dele passar indo em direção ao meio do circulo.


A apresentação do trabalho correu normal, foram muito bem, e durante a apresentação, algumas vezes, ela cruzou seus olhos com os dele, mas nada parecia diferente, não para ele.


Patsy respirou fundo enquanto apresentava o trabalho, tinha que se concentrar no trabalho, ou daqui a pouco estaria falando sobre Remo perante a sala inteira, e não sobre o que deveria realmente estar focada, afinal, se ele estava agindo como se nada acontecera, porque ela deveria agir diferente?


  


                                                                   ***



Algumas aulas haviam passado, Thiago e os garotos estavam voltando pra sala de aula depois de terem aproveitado o intervalo. Como sempre eles tinham ido até a cantina, comprado uma boa pizza enrolada, uma coca cola e ido sentar-se com os amigos perto da quadra, onde naquele horário alguns garotos ficavam batendo uma bola ou se juntavam pra falar de futebol.


Os garotos riam enquanto Sirius zoava Diggle sobre um vídeo que ele vira no youtube zuando o Fluminense, o garoto baixinho fazia uma cara de quem não gostava nada daquilo, o que causava mais risos.


― Relaxa Diggle, eu to zuando com você, cara.


― Ele esta super engraçadinho hoje.


Os garotos riram e Thiago sorriu marotamente quando algo a sua frente lhe chamou a atenção. Ele deu um cutucão em Sirius, antes de parar estagnado diante da cena a frente.

Um cara alto, magro, os cabelos negros  levemente ensebados até os ombros estava parado a frente conversando baixinho com uma ruiva que Thiago conhecia muito bem.
Thiago franziu a testa, desde quando ela conhecia o Ranhoso?
Sirius que também se surpreendera com aquilo, olhou de Thiago pra Lilian e de Lilian pro garoto.
― Oi Lilly!

Thiago sorriu gentilmente à ruiva se aproximando, fazendo o rapaz olhar feio para Thiago, mas incapaz de dizer algo. As meninas, que vinham caminhando em direção à ruiva e a confusão, pararam logo atrás observando a cena.

― Eai Ranhoso.

Thiago deu um sorrisinho debochado olhando o rapaz de cima a baixo, Lilian fechou a cara e virou-se para Thiago, erguendo as sobrancelhas.

― Posso te ajudar em alguma coisa Potter?

Mas antes que Thiago dissesse alguma coisa, o rapaz ajeitou a mochila nas costas, lançou um olhar de desagrado a Sirius e Thiago e virou-se para sair andando.

― A gente se vê por ai Ranhoso.

Lilian lançou um olhar furioso pro garoto, e saiu andando firmemente, sem olhar pra trás. Thiago ficou meio minuto parado olhando a ruiva, antes de voltar os olhos pra Sirius e as meninas que também estavam paradas ali e deram de ombros.
O que, afinal de contas, tinha acontecido ali?

Thiago ajeitou a mochila nas costas, e saiu caminhando rapidamente em direção a aula, acompanhado dos amigos e das meninas.

Quando entraram na sala de aula, Lilian já estava sentada em uma das mesas quase no fundo da sala e puxava o caderno de dentro da mochila. Tinha as feições, percebera Thiago, de quem estava muito zangada.

 Thiago sentou-se em algumas cadeiras logo atrás, exatamente na ultima mesa, Sirius sentou-se ao seu lado à direita, Remo a sua frente. Patsy e Lia sentarem-se perto da amiga ruiva.

― O que deu na ruiva? – Thiago sibilou baixo pros amigos que deram de ombros.

― Não sei, mas ela, com certeza, foi a primeira garota que eu vi defender o Snape.

― A primeira pessoa no mundo, pra ser mais exato, né Remo? Porque nem os pais devem defender aquele ranhoso.

Os meninos riram ao comentário de Sirius.
O garoto que os marotos apelidaram de Ranhoso, era na verdade Severo Snape.
Era bem claro a todo mundo que os marotos o odiava, ninguém sabia ao certo porque, mas o fato era que ninguém também parecia gostar muito do garoto e da turma com quem ele andava.


E agora a pergunta que não se calava dentro da cabeça de Thiago era: Como Lilian conhecia o tal do Ranhoso? 

Seus pensamentos foram quebrados pelo professor de filosofia que entrava na sala e fechava a porta. Sem prestar mais atenção ao professor, que agora falava algo com a turma, Thiago virou-se pra Sirius.


― Pergunta pra loira, Almofadinhas.


  


Lilian sentia os músculos tremendo, cada parte do seu corpo tremia de raiva, como ele podia ser tão idiota? Tão infantil? Tão... Tão... Ela bufou irritada e voltou à atenção ao caderno.


Lia olhou a amiga, preocupada, antes de sentir alguma coisa vibrando dentro de sua mochila, sem deixar o professor ver, ela puxou a mesma, abrindo um dos bolsos e 

puxando um aparelho celular branco.
Uma mensagem no whatsapp o fazia apitar, e rapidamente ela apertou um dos botões, silenciando-o.
Olhou para o aplicativo para ver que era ninguém menos do que Sirius Black.



Loirinha, pq a ruiva ficou tão brava?


 Lia olhou pra mensagem e então olhou pra amiga, que continuava irritada, escrevendo no caderno, sem prestar atenção a nada, talvez, pensou Lia, ela não tivesse prestando atenção nem ao que escrevia, furiosamente, no caderno.


                   “Ela conhece o Severo. axo q ela n gostou da atitude do Thiago.”


 Sirius ria, quando sentiu o bolso da calça vibrando, enfiou a mão no bolso, pegando o celular pra ver a mensagem da loira e entregando o aparelho pra Thiago em seguida, antes de se voltar pra Diggle, sentado a sua frente.


― O que você trouxe de bom, Diggle?


― A play...


― Opa, de quem? Da Larissa?


― Da Cléo.


O garoto riu, tirando alguma coisa da mochila e passando pra Sirius.


― Ela é boa!


A tal da Larissa e Cléo, nada mais era que, as mulheres que haviam saído na capa da Playboy. Sirius folheava a revista sobre a mesa, olhando rapidamente as fotos, enquanto Diggle falava e Frank esticava o pescoço, sentado do outro lado de Sirius, pra ver a revista.


― Cinquenta paginas, cara!


― Cinquenta paginas disso? Ah cara, que isso, cadê as fotos boas?


Thiago que colocava o celular em cima da mesa de Sirius, também esticou o pescoço pra ver.


― Pelo que andei vendo na net, a da Larissa ta muito melhor.


― Ah Pontas que isso, a Cléo é mó gostosa.


― Pra você né Diggle, pra mim ela é boazinha, da pro gasto, mas a Larissa, nossa, aquela mulher é delicia demais, puta merda.


Os outros garotos concordaram, enquanto Sirius largava a revista e olhava pro celular vibrando sobre a mesa, olhando em seguida pra Thiago.


― O que você mandou pra ela?


Thiago deu de ombros, puxando a revista de cima da mesa, pra continuar vendo.


― Só perguntei de onde a Lilly conhece o Ranhoso.


                     “Ranhoso? kkkkkkkk ele é vizinho da tia dela, e n, eles n tem nda.”


 Sirius riu, olhando pelo canto dos olhos pra Thiago.


― A Cléo só mostra isso? – Perguntou Thiago meio indignado e Diggle acenou que sim com a cabeça.


― Fala sério, pra ver peitinho e pêlos eu prefiro espiar a vizinha pela janela, capaz de eu ver muito mais coisas.


Os garotos riram, Thiago concordou, pegando o celular do Sirius de cima da mesa.


― Ah, mas ela é da hora, tem umas tatoo bacanas.


― Você já viu a Larissa, Diggle?


O garotinho deu de ombros.


― Eu vi umas fotos da Larissa na net, cara, ela é muito gostosa.


― Nem me fale Frank, aqueles peitões, putamerda, fiquei louco só de olhar ela daquele jeito, imagina peladinha na play.


Os meninos fizeram uma cara de paisagem feliz por meio minuto, antes de rirem, e Thiago colocar novamente o celular de Sirius sobre a mesa.


― A Cléo é bonita, mas não deu tesão nem nos pelinhos do dedão do meu pé.


Os meninos riram e Remo revirou os olhos.


― Vocês deviam guardar isso, senão é capaz de levarem uma suspensão.


― Ô caramba, Almofadinhas, esquecemos de deixar o Remo ver.


Os meninos riram e Thiago depositou a revista sobre a mesa de Remo.


― Pode ver Aluado, essa daí ta inocente.


Os meninos riram e Remo revirou os olhos.


O sinal tocou e os meninos se levantaram, Thiago e Sirius que nem haviam aberto a mochila, só a jogaram nas costas.


Thiago caminhou meio apressado em direção a Lia e a ruiva que iam saindo à frente.


― Lia!


A loira parou e viu Thiago e Sirius vindo na sua direção, olhou rapidamente pra Lilian que não esperou por ela e saiu andando apressada.


― O que deu nela? – Thiago não conseguiu se conter.


Lia deu de ombros.


― Ela não esta muito bem hoje. Então... – ela sorriu levemente, e Thiago continuou.


― Ah, eu queria perguntar se você não ta afim de fazer o teste pra minha banda.


Lia olhou-o surpresa.


― Ta falando sério?


― É claro! Você canta muito, não é não, Diggle?


Os amigos haviam se aproximado deles, e Diggle, o garoto baixinho, acenou com a cabeça.


Lia sorriu ao garoto.


― Ela tem uma voz muito foda.


― O Diggle é o baixo da banda. – Começou Thiago.


― Em todos os sentidos. – Completou Sirius, passando a mão pela cabeça do garoto, zuando ele e todos riram.


―E ai, topa?


Lia fez cara de pensativa por segundos, mordendo o canto dos lábios.


― Ah tudo bem então, mas não garanto que...


― Melhor do que o agouro da Samara você é, então relaxa.


Os meninos riram.


― Não fala isso da mulher do Sirius, cara.


Os meninos riram e Sirius também, olhando em seguida pra Lia, temeroso que ela achasse ruim, mas ela parecia absolutamente normal.


― Samara?


Thiago deu de ombros.


― É a Bella, mas deixa pra lá. Então, você ta livre à tarde? Você pode vir, qualquer horário antes das quatro e procurar a sala de musica. A gente fica aqui ensaiando quase todo dia quando não tenho treino.


― Ah tudo bem, então eu venho.


Lia sentiu seu celular vibrando e sorriu aos marotos, assim que pegou o celular na mochila.


― Eu preciso ir. A gente se vê, meninos.


Ela sorriu aos garotos antes de sair andando.


― Ê bocão, não precisava falar da Bella na frente da Lia, Diggle.


Os meninos caminhavam agora pelo corredor do colégio.


― Você acha que vai poder esconder por muito tempo, Sirius? Alem do mais, eu achei que a Lia não pareceu se importar muito se você pega outras garotas.


―É, concordo com Remo, acho que ela não curtiu muito você não, Almofadinhas.


Os meninos riram e Sirius fechou a cara.


― Ah cala a boca.




                                                           ***




Lilian estava parada a porta do auditório do colégio, dessa vez sozinha. Havia avisado a Lia que não iria pra casa direto, pois queria passar no auditório antes.


Ela engoliu em seco abriu a porta do auditorio, entrando vagarosamente. Varias pessoas já se encontravam no palco, alguns pareciam ensaiando suas falas, individualmente ou com alguns colegas, outros pareciam conversar distraidamente a um canto, e andando pra lá e pra cá, havia um homem careca, aquele que ela se lembrava que Sirius havia lhe dito que se chamava Flit. Decidida, Lilian adentrou o teatro, iria até aquele Flit, ia falar com ele e ia ver o que acontecia.


  


― Você entrou pra turma de teatro?!


Exclamou Lia, sentada na cama de pernas cruzadas, acariciando uma cachorrinha de pelos muito brancos deitada no seu colo.


A ruiva, sentada na cama da loira, acenou e sorriu.


― Foi muito legal, eu achei que o professor era meio, não sei, fiquei com medo sabe, mas daí o Sirius e o Remo vieram falar com a gente.


― Serio?


― É, e eles deram o maior apoio, e o professor Flit disse que ia me dar um teste.


― Um teste? /O.o


― É! Mas o Remo e o Sirius falaram que vão me ajudar! – Disse Lilian super empolgada.


― E como eles vão te ajudar?


― O Remo é quem adapta as falas pro teatro, quem cuida das falas do pessoal sabe? Daí ele disse que me passa as falas e o Sirius disse que me ajuda a ensaiar!  Não é o Maximo? / *-*


Lilian estava radiante, pela primeira vez naquele longo dia, mal podia acreditar que uma coisa boa tinha acontecido, e que no final de contas, aquele Thiago metido e arrogante tinha servido pra alguma coisa, ele tinha amigos muito melhores do que ele, que iam ajudá-la em uma coisa que ela realmente queria muito fazer.


― Ah que Mara Lilly!! Poxa o Remo e o Sirius foram realmente muito legais com você. 


― Foram! Eu não imaginei que eles fossem tão legais, sabe?! Mas eles são super gente boa, o contrario daquele...


Lilian parou e respirou meio fundo, Lia olhou a amiga meio receosa.


― Ta tudo bem, Lilly? Você não parecia muito bem hoje mais cedo. 


― Ah, Lia, não é nada, é que aquele Potter... Ah francamente, quem ele pensa que é pra tratar as pessoas como ele tratou o Severo. 


Ela estava realmente zangada com Thiago, pensou Lia.


― O Sirius me disse que o Thiago e o Snape não se dão muito bem desde sempre, e que se o Thiago não faz algo com o Severo, o Severo sempre faz algo com o Thiago. Então, eu acho que você não devia ficar assim por isso, Lilly, é coisa deles, é coisa de meninos, é assim que eles se tratam quando não gostam de alguém.


― Coisa de animal né, parecem homens da caverna que não sabem conversar e partem pra ignorância.


A ruiva balançou a cabeça indignada e suspirou fundo.


― E eu que achei que ele era um cara legal.


Lia suspirou, sabia que a amiga estava decepcionada com o maroto, e que tudo talvez, fosse um mal entendido, mas uma coisa era bem certa, os marotos não pareciam o tipo de meninos que se importavam com os sentimentos alheios, muito menos das garotas com quem eles ficavam.


― Ah, ele é um cara legal, Lilly, ele só... Só é como todos os garotos.


Lilian deu de ombros.


― E como foi o ensaio na banda?


― Ah foi super bacana! 


As duas riram. Era muito mais fácil quando estavam ali, sentadas na cama de Lia, conversando, desabafando e esquecendo os problemas, ali dentro tudo parecia bem mais fácil. O mundo afinal podia, pelo menos uma vez, ser aquele conto de fadas.


 


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