"CAPÍTULO DEZ
OS DESAFIOS DIÁRIOS E AS RECOMPENSAS




Meu avô, Doug Spaulding, pai da minha mãe, foi o meu maior exemplo quando eu era um menino. Eu me espelhava mais e mais nele conforme eu fui me comprometendo a ter uma vida melhor. Infelizmente em 4 de janeiro de 2013, enquanto eu trabalhando nesse capítulo, ele faleceu de enfisema com 79 anos de idade.
Por mais que trabalhemos dia-a-dia para fazer e sermos o melhor que pudermos, nós não podemos esperar
estar protegidos de outros contratempos e perdas. Momentos difíceis ainda irão acontecer. A esperança é que nós nos fortaleçamos com o tempo e nos tornemos mais preparados para lidar com os desafios que surgirem. Eu me dei ainda mais conta disso depois do falecimento do meu avô, uma das pessoas mais importantes na minha vida.
Vovô Spaulding era um homem de muitos talentos. Ele era professor de inglês e teatro no ensino médio, editor semanal de um jornal, apresentador e produtor de um programa na TV local e um ávido leitor. Ele tinha milhares de livros na sua casa. Eu ficava admirado com sua biblioteca e fascinado com seu jeito elegante e sábio. Ele amava música e literatura clássica, especialmente os trabalhos de Shakespeare.
Ele estudou literatura sua vida toda. Ele era tudo que eu queria ser, inclusive ator. Ele havia se apresentado em teatros universitários e era apaixonado pelo seu papel de Rei Lear. Ele também escreveu e dirigiu peças e trabalhou em alguns projetos de vídeo com seus colegas de Chautauqua, residentes de Nova Iorque, Bill e Hillary Clinton. Meu avô sempre falava de quando ele me levou pra ver Hansel and Gretel (Conhecido por nós como ‘João e Maria’), na Opera de Chautauqua, quando eu tinha três anos de idade. Ele dizia que eu estava tão encantado que fiquei de pé durante toda a apresentação. Vovô acreditava que aquela peça havia sido minha inspiração pra me tornar um ator. Também tem a história dele me levando pra ver uma apresentação ao vivo de The Wizard of Oz (O mágico de Oz) quando eu tinha aproximadamente cinco anos de idade. Eu fiquei com tanto medo da bruxa que eu chorei.
A morte do vovô foi particularmente triste pra mim porque ele era uma pessoa que realmente se importava e aquela que eu sabia que podia ligar sempre que precisasse conversar. Eu sabia que ele se importava comigo. Seu amor era incondicional. Ele me mandava livros para eu ler, especialmente os voltados pra terapia holística e avanços médicos, e nós discutíamos tudo que tínhamos aprendido com eles.

EU ACHO QUE É IMPORTANTE TER ALGUÉM EM QUEM SE ESPELHAR...
Vovô Spaulding era maravilhoso porque seu interesse em aprender nunca diminuiu ao longo dos anos. Mesmo já no fim dos seus setenta anos ele estava sempre na internet procurando coisas no Google, sempre atrás de novas informações. Eu respeitava sua fome por conhecimento. Ele ajudou a me motivar a continuar meu aprendizado e expandir meus conhecimentos sobre o mundo. Ele era tão inteligente. Toda vez que nós nos visitávamos ou conversávamos eu queria absorver o máximo que eu pudesse.
Eu acho que é importante ter alguém em quem se espelhar, seja um amigo respeitável, seus pais ou avós, ou até mesmo um irmão mais velho. Nós não podemos escolher as pessoas que irão cruzar nosso caminho na vida, mas podemos escolher com quem queremos nos associar e aprender. Eu o encorajo a procurar por pessoas positivas que irão te inspirar e te fazer querer ser o melhor em qualquer coisa que você faça.
Meu avô foi quem me apresentou a um ditado de Benjamin Franklin que eu vou guardar pra sempre: “Quem se deita com cães amanhece com pulgas”. Em outras palavras, as pessoas com quem você passa tempo tem um grande impacto na sua vida, então você deve escolher seus amigos e mentores de forma sábia. Vovó Spaulding me disse, recentemente, que meu avô era meu maior fã, mas mal ele sabia que eu era o seu maior fã. Eu vou sentir falta dele.
Antes de ele falecer eu disse que o deixaria orgulhoso e que eu garantiria que faria as pessoas sempre lembrarem dele. Eu quero viver de acordo com seus exemplos. Eu quero ser um homem tão bom quanto ele foi, e eu quero ser um exemplo para os outros, assim como ele foi pra mim.

AS RECOMPENSAS DE UMA VIDA MELHOR

Uma das coisas mais legais de tentar ser tão bom quanto meu avô Spaulding é que agora eu sinto coisas que eu não sentia enquanto estava bebendo compulsivamente, usando drogas, tomando remédios e farreando todas as noites.
Por exemplo, outro dia uma pessoa me fez a pergunta mais trivial de todas, “Como você está, Nick?”.
“Ótimo!” eu disse. “Minha vida está ótima.”
E pela primeira vez em muitos anos eu estava realmente querendo dizer isso, de alma e coração.
Quantas vezes nós respondemos esse tipo de pergunta no piloto automático, dizendo o que achamos que temos que dizer, mas sentindo coisa completamente oposta? Bom, eu realmente estou me sentindo como nunca antes.
Eu experimentei o que é estar em uma espiral descendente, depressivo, onde as coisas ruins só parecem se acumular até que você sinta o peso do mundo e até de todo o universo nas suas costas. Hoje eu estou em um tipo diferente de furacão, em um furacão positivo. Eu estou saudável e feliz e coisas boas parecem estar sempre vindo na minha direção.

HOJE EU ESTOU EM UM TIPO DIFERENTE DE FURACÃO, EM UM FURACÃO POSITIVO.

Eu notei que pessoas que costumavam me evitar quando eu estava por baixo estão voltando a se aproximar. Nos meus dias de treva, estranhos me ofereciam drogas ou doses de bebida. Hoje estranhos me oferecem oportunidades, propostas para livros, filmes e álbuns. Eu gosto muito mais desses agenciadores. Existe mais futuro pra mim no que eles oferecem. Não existia futuro na outra vida que eu levava.
Coisas ruins ainda acontecem, claro. Ainda existem conflitos e desafios com os quais eu tenho que lidar diariamente, mas hoje eu estou em uma posição muito melhor para superá-los e encontrar uma solução que não me traga mais problemas. Por muitos anos eu banquei a vítima – ou, ainda pior, eu ficava no jogo da culpa. Mas, felizmente, eu estou fora daquele papel e jogo, de vez.
Hoje eu estou focado em perdão e gratidão. Uma das coisas que eu descobri com os meus esforços para construir uma vida melhor é que o álcool e as drogas não eram os piores venenos que eu estava ingerindo. A raiva, o ressentimento e a amargura que eu nutri pelos meus pais e algumas outras pessoas – inclusive por mim mesmo – eram tóxicos.
Quando você permite que essas emoções negativas dominem os seus pensamentos e controlem suas ações por longos períodos, eles disparam stress, que libera substancias químicas no seu corpo que podem causar ainda mais danos do que álcool e drogas. Eles comprometem seu sistema imunológico, aumentam sua pressão sanguínea, enfraquecem seu coração e causam todo dia de outros problemas físicos.
Talvez ainda pior, acumular raiva, amargura e ressentimento contra uma única pessoa poderia envenenar todos os seus relacionamentos. Esses sentimentos negativos são tão voláteis que eles limitam a sua capacidade de confiar, simpatizar e se comunicar de forma efetiva, mesmo com aqueles que você mais ama. Quando você assume o papel de vítima você tende a ver todo mundo que te cerca como um vitimizador. Quando você está no jogo da culpa, você tende a se esquivar da responsabilidade dos seus atos e pela sua própria felicidade.
A cura para a vitimização e culpa é o perdão. Eu costumava rejeitar essa ideia porque eu não queria fazer nenhum favor para pessoas que tinham me magoado. Então me foi mostrado que você não perdoa as pessoas pelo bem delas, você faz isso por si mesmo. O perdão te liberta da raiva, da amargura e do ressentimento. Ele te permite parar de viver no passado e abre os caminhos para você viver no futuro.

A CURA PARA A VITIMIZAÇÃO E CULPA É O PERDÃO.

No começo você pode não ser capaz de perdoar alguém que tenha feito algo terrível pra você. Isso pode ser um passo muito grande. Ao invés, tente um menor. Perdoe alguém que tenha te magoado só um pouquinho: talvez o cara que roubou sua vaga no estacionamento no shopping? Ou o colega de trabalho que perguntou se você engordou durante as festas? Comece aos poucos e veja como se sente.
Se a pessoa que você precisa perdoar não é um ente querido ou um amigo valioso, você pode encarar dessa forma: perdoar aquela pessoa o torna menos importante pra você. Um amigo meu descreve essas pessoas não importantes, mas que nos magoaram, como cenários da minha vida. Eles estão lá, mas você não precisa prestar muita atenção neles.
Você não os dá nenhum poder sobre você ou suas emoções.
Perdoar um ente querido ou um amigo valioso é mais complicado, mas mais importante. Eu não me considero um mestre nisso, ainda. Eu ainda estou trabalhando nisso. Aqueles entes queridos tem o poder de te magoar mais porque você se importa muito com eles. Por essa razão, perdoá-los pode ser uma tarefa em estágios. Primeiro você os perdoa só pelo seu bem. Você não quer o que eles fizeram tenha um efeito mais longo e duradouro na sua vida.
É como desarmar uma bomba. Se você não afasta o seu poder explosivo você nunca saberá quando ela explodirá e quanto estrago fará quando isso acontecer.

EU NÃO TENTO APAGAR DA MEMÓRIA AS COISAS RUINS QUE EU FIZ.

Conforme o tempo for passando e a sua capacidade de perdoar for crescendo e se fortalecendo você pode, então, trabalhar para perdoar entes queridos e amigos pelo bem deles, também. Ninguém está dizendo que você precisa esquecer o que alguém te fez, mas ter essa pessoa de volta na sua vida de uma forma positiva poderia beneficiar a vocês dois.
Claro, perdão é também um presente que você dá a si mesmo. Eu tive que trabalhar e aceitar essa verdade, também. Eu já disse a vocês que durante um longo tempo eu não me sentia merecedor do sucesso que eu tinha enquanto artista. Bom, eu também não me sentia merecedor de perdão, também. Enquanto você leu sobre alguns dos meus maiores erros e maus julgamentos, existe ainda outros no meu passado que eu não compartilhei e eu tenho certeza que ainda haverá mais no decorrer do caminho.
Com ajuda, eu aprendi a me perdoar mais. Eu não tento apagar da memória as coisas ruins que eu fiz. Eu quero aprender e me lembrar delas pra que eu possa evitar cometer os mesmos erros de novo e de novo. Eu estou, lentamente, melhorando e me perdoando por cada uma dessas coisas, uma por vez. Eu estou aprendendo a ver os erros e falhas como oportunidades para aprender e crescer.

MUDANDO A PERSPECTIVA

Isso nos traz para a segunda poderosa ferramenta que eu descobri. Gratidão tem poderemos maravilhosos porque pode mudar toda sua perspectiva. Uma atitude de gratidão pode tornar uma situação negativa, insuportável e estressante em uma positiva e significativa.
Aqui vai um exemplo: recentemente nós estávamos trabalhando, em estúdio, no nosso novo álbum quando a gratidão alterou todo o evento, pra mim. Eu estava me sentindo sobrecarregado e sem forças. Gravar um álbum as vezes parece um pouco como fazer salsicha; pode ser algo sanguinário que não é muito divertido de se presenciar mesmo que no fim o resultado seja magnífico. Geralmente você tem que cantar a música inteira e pedaços de músicas várias e várias vezes só pra conseguir ter o melhor som. Então, normalmente temos horas e horas tentando diferentes arranjos, adicionando instrumentos, ajustando aquele refrão ou deletando um solo. Pode ser perturbador esperar pra que tudo isso se una.

ESSA É A MÁGICA DA GRATIDÃO.

Então, eu estava sentado lá, com minha cabeça abaixada no balcão, me sentindo exausto, quando o engenheiro finalmente tocou a música na qual estávamos trabalhando a noite toda.
Era incrível. Naquele momento eu senti esse maremoto de gratidão. Me dei conta de que eu estava realmente vivendo o sonho. Não apenas o meu sonho, mas também o sonho de milhões de outros cantores e performers. Eu estava trabalhando em um álbum com alguns dos mais talentosos produtores do mundo, cercado por excelentes músicos e pessoas. O que era entediante ou exaustivo nisso?
Em um instante eu mudei totalmente a minha experiência de algo negativo e exaustivo para algo muito positivo e energético. Essa é a mágica da gratidão. Outra coisa legal sobre a gratidão é que você pode aplicá-la até mesmo aos desafios da sua vida. Você não precisa gostar de quando for mandado embora ou tiver uma promoção rejeitada. Você também não vai ficar excitado quando alguém te desapontar ou mentir pra você. Mas você pode ser grato pelas oportunidades que vem com cada desafio. Talvez ser despedido ou ter sua promoção rejeitada te levará para algo maior e melhor. Talvez ser desapontado ou ter alguém mentindo pra você irá te levar a encontrar pessoas que irão te apoiar mais e serão mais confiáveis."

"CAMINHO DE PEDRAS

Nesse capítulo final meu objetivo é te ajudar a ver o poder do perdão e da gratidão quando você os aplica na sua vida. Quando você os utilizar diariamente irá se sentir mais leve, energizado e sem carregar o peso do mundo. O caminho para uma vida melhor é dado passo a passo, dia-a-dia.
Eu tenho dito isso ao longo de todo o livro, mas aqui vai, uma última vez: Você não muda comportamentos de uma vida do dia pra noite. Você não cura o vício em álcool e drogas facilmente. O verdadeiro vício é uma doença e você provavelmente nunca sentirá que está curado, mas você pode aprender a controlar isso.
O que você pode fazer é aceitar a vida e seus desafios um dia por vez. Você faz isso substituindo pensamentos negativos, desejos viciantes e maus impulsos por resultados e atividades mais positivas. Hoje em dia, quando eu me sinto frustrado ou sobrecarregado eu não vou para os bares. Eu vou pra academia, pra praia ou pro estúdio. Eu trabalho em substituir as atitudes prejudiciais e os hábitos que me limitam ou me destroem com versões construtivas que me fortalecem e abrem portas pra melhores experiências.

VOCÊ NÃO MUDA COMPORTAMENTOS DE UMA VIDA DO DIA PRA NOITE.

Sim, é uma batalha diária. E sim, vale a pena. Até as coisas mais simples parecem melhores.  Como eu mencionei antes eu comecei a praticar basketball novamente e eu acho que nunca gostei tanto do jogo quanto agora. Eu amo esse esporte desde que eu era muito novo, mas quando eu estava acima do peso, bebendo e me drogando não existia alegria nisso pra mim. Eu praticamente parei de jogar. Naquela época eu esqueci o quanto isso significava pra mim.
Hoje eu jogo com um grupo de jogadores da rua que compartilham do meu amor pelo jogo. Eles são atletas sérios das ruas com um grande talento. Depois de algumas horas na quadra com eles eu mal consigo andar, mas cara, as endorfinas estão circulando e por mais cansado que eu esteja eu me sinto como se tivesse ganhado na loteria. O estranho é que todo esse exercício me energiza e quando eu acordo no dia seguinte eu me sinto bem comigo mesmo.
Isso nunca aconteceu quando eu passava o dia ou noite – ou os dois – anterior farreando.
Naquela época eu sempre me sentia culpado, como se eu estivesse desperdiçando a minha vida e destruindo minha mente e corpo o que, claro, eu estava.
Eu não estou dizendo que o desejo por álcool não me atinge mais, mas mais e mais eu sinto meu corpo pedindo por exercícios e minha esperança é que um dia o bom substitua o mau completamente. Outra coisa que eu notei: Quando você se sente mais saudável, mais alerta mentalmente e mais comprometido com a vida parece que você coloca algum tipo de aura ou vibração que atrai pessoas parecidas com você.


NÓS PRECISAMOS ENCORAJAR UNS AOS OUTROS, TORCER UNS PELOS OUTROS E GUIAR UM AO OUTRO DE VOLTA PARA O CAMINHO MAIS POSITIVO.

Honestamente, eu tive mais amigos e estranhos me dizendo que eu estou parecendo ótimo e cantando bem nos últimos meses do que em todo o resto da minha vida. Os meninos do grupo parecem não conseguir parar de me dizer o quão legal é me ver aproveitando mais estar no estúdio ou nos palcos, de novo. O feedback positivo deles me faz querer trabalhar ainda mais pra melhorar minha carreira, meus relacionamentos e eu mesmo.
Eu até tive algumas pessoas me dizendo coisas como “Você sabe, eu estava preocupado que você não estaria mais vivo por muito tempo, que você morreria qualquer dia desses e agora eu estou muito feliz de ver que você mudou a sua vida.” Eu queria que eles nunca tivessem que pensar em mim como alguém que estava se autodestruindo, mas eu sou muito grato a eles por se preocuparem comigo e por me encorajarem.
Nós temos que fazer isso. Nós precisamos encorajar uns aos outros, torcer uns pelos outros e guiar um ao outro de volta para o caminho mais positivo. É fácil se pegar preso nos seus próprios conflitos e esquecer o fato de que a pessoa ao seu lado está lutando também, talvez até mais do que você. Então, uma vez que você consiga se reerguer e se sentir melhor, tenha certeza de estender a mão àqueles que estão tentando fazer o mesmo.

DIAS MELHORES

Agora que eu estou trabalhando seriamente em ser uma pessoa melhor e construir uma vida melhor, minha missão é nunca ficar acomodado. Eu quero continuar me desafiando, principalmente através de coisas que me fortaleçam mentalmente e expandam meus horizontes. Atuar é uma das coisas que eu quero tentar novamente.
Vocês devem se lembrar que nos meus dias de escuridão eu joguei fora uma oportunidade de trabalhar as minhas habilidades como ator. Eu consegui um papel como um bully (aquele que pratica o bullying)  no filme de terror adolescente The Hollow, em 2004, mas ao invés de passar minhas noites trabalhando nas minhas falas e me preparando para cada dia de filmagem eu saia pra farrear.
Minha aparência de ressaca e minha péssima performance devem ser a coisa mais assustadora daquele filme, que ainda passa no canal SyFy vez ou outra.
Eu me senti mal, durante muito tempo, por não ter dado o meu melhor naquele set, mas eu me perdoei e me comprometi a reviver esse sonho. Eu tenho me interessado por atuar e fazer filmes desde criança, quando ganhei aquela câmera de vídeo no The New Original Amateur Hour, em Orlando. Novamente, alguma das minhas melhores memórias de infância são os filmes caseiros e representações que eu fazia com meu irmão e irmãs. Eu venho me envolvendo em projetos cinematográficos desde então. Por exemplo, eu dirigi um dos meus clipes e eu escrevi alguns roteiros.
Em 2012 eu dei meu primeiro passo, sério, na carreira de ator participando de uma série de workshops liderados por John Rosenfeld, em L.A. John tem uma abordagem muito pessoal e terapêutica. Ele encoraja seus alunos a trabalhar em si mesmos e em suas habilidades de representação porque ele acredita que o seu desenvolvimento pessoal te ajuda no seu desenvolvimento enquanto ator. Ele também diz que as barreiras às quais você encontra na vida de ator são as mesmas que você encontra na sua vida pessoal.
John é o perfeito preparador de atores pra mim. Ele me ajudou a quebrar algumas daquelas barreiras que eu construí em volta das minhas emoções ao longo dos anos. Tem sido uma experiência poderosa. Um dos problemas que reprimiu minhas tentativas passadas no campo da atuação foi a ideia que eu carrego comigo, por anos, de que eu sou péssimo em memorização. Uma má memória é uma séria desvantagem quando você precisa aprender as
Suas falas pra um filme ou programa de televisão.
Essa insegurança vem desde os meus tempos de colégio. Eu provavelmente me apavorei durante alguma lição de casa quando precisei memorizar o Gettysburg Address ou um poema de Yeats. Eu arrastei esse pensamento limitador comigo durante toda minha vida. Mesmo eu tendo memorizado centenas de músicas ao longo dos anos, eu ainda estava preso à crença de que eu não tinha uma boa memória para aperfeiçoar minhas falas enquanto ator.
Basicamente, eu me rotulei como alguém que não tem o que é preciso para alcançar aquele sonho, em particular, e então eu minimizei aquela experiência aparecendo de ressaca no set.
Isso é uma zona, certo? Eu não sou sequer capaz de dizer a você porque eu pensava que minha memória era uma droga, mas eu deixei esse pensamento limitador ficar na minha cabeça durante todo esse tempo. Por que eu não me satisfiz com o fato de que um diretor de elenco me achava capaz de representar aquele papel em um filme? Eu não me dava o mesmo crédito que o diretor de elenco dava.

FREQUENTEMENTE EU ME QUESTIONO PORQUE DEIXAMOS AQUELES PENSAMENTOS NEGATIVOS TEREM TANTO IMPACTO.

Meu terapeuta me diz que eu não devo permitir que o que me aconteceu no passado afete meu futuro. Isso era exatamente o que eu estava fazendo. Você talvez queira perguntar a si mesmo se você também se rotulou ou se colocou limites que te impedem de conquistar a vida que você deseja. Você já disse a si mesmo que não é inteligente ou talentoso suficiente, ou que não é merecedor do que deseja? Frequentemente eu me questiono porque deixamos aqueles pensamentos negativos terem tanto impacto. Por que não nos atemos aos pensamentos positivos da mesma forma?
Ao invés de deixar a memória de uma pequena falha enquanto criança permanecer comigo por tanto tempo, por que eu não me ative ao fato de que com onze anos eu já era tão bem trabalhado nas minhas qualidades enquanto performer que minhas opções eram entrar para o elenco da Disney para o All New Mickey Mouse Club ou os Backstreet Boys? Por que eu não pratiquei um pouco de gratidão pelo meu sucesso enquanto cantor e artista e usei isso pra dar uma injeção na minha confiança ao invés de não me sentir merecedor?
Essas são questões que eu tenho me feito durante os exercícios no workshop de atuação do qual eu estou participando agora. É muito intenso psicologicamente. John quer que nós tenhamos contato com as nossas emoções. No passado eu frequentemente corria das minhas. Normalmente eu tentava afogá-las com álcool ou dopá-las com drogas. Mas John me fez abrir velhas feridas e olhá-las de forma a determinar o que as causou e como cada uma delas impactou a forma como eu vejo e respondo ao mundo a minha volta.
Eu aprendi que você precisa se permitir ser vulnerável para que possa se tornar mais forte. É difícil. Como a maioria das pessoas, eu não gosto de ficar revivendo eventos e memórias dolorosas. Eu sou muito mais propenso a enterrá-las ou deixá-las trancadas em algum lugar.
Mas eu aprendi que o que é mais fácil não é, necessariamente, o que é melhor pra nós.

DEIXANDO PRA TRÁS

Muito frequentemente, quando estamos magoados, nós nos fechamos para nos protegermos. Nós não expressamos nossos sentimentos e eles acabam apodrecendo dentro de nós causando confusão, frustração e raiva. Homens são conhecidos por isso, mas as mulheres também fazem isso. Outra coisa de homem da qual eu me sinto culpado é de me conter, o que você não pode fazer enquanto ator. Muitos dos outros participantes do workshop do John são mais novos do que eu, mas muito mais experientes enquanto atores. Muitos se formaram
em teatro, na faculdade. Alguns já trabalharam com comerciais, filmes e programas de televisão. Eles me veem como esse astro pop, mais velho e contido, que vendeu milhões de álbuns, mas que, de alguma forma, muito cru enquanto ator. Eu me sinto bem vulnerável e humilde quando eu vejo o quão boas algumas das crianças do meu workshop são. Eles podem se desligar e entrar no personagem muito mais fácil do que eu.
John tem me feito trabalhar nisso ao ponto de ser um pouco assustador e chocante. Depois dos primeiros dias de aula eu me peguei chorando por coisas que eu achei que nunca choraria. Por exemplo, eu estava em casa, no meu computador uma noite e eu, aleatoriamente, cliquei num clipe de uma música do grupo de rock Heart com as irmãs Ann e Nancy Wilson. Eu amo a Nancy, principalmente enquanto guitarrista. Mas dessa vez alguma coisa se abateu sobre mim. Eu fiquei com os olhos cheio de lágrimas enquanto assistia a apresentação e não conseguia entender o motivo. Um amigo me disse, depois, que aquela música deve ter criado um elo emocional comigo – me lembrando de algo do passado, alguma coisa que tenha despertado uma emoção a muito tempo reprimida.
Eu realmente não sei quais memórias vieram à tona com aquela música do Heart, mas eu estou feliz que tenha acontecido. É bom reviver aqueles sentimentos acumulados. Chorar é um grande aliviador de stress e pressão. Eu costumava ter dificuldade para chorar, provavelmente porque meu pai era um cara durão que via isso como sinal de fraqueza.
Quando eu chorava, enquanto criança, ele me dava um tapa do lado da cabeça e me dizia pra parar de agir como um bebê.

EU TE ENCORAJO A DEIXAR AS LÁGRIMAS ROLAREM SEMPRE QUE TIVER VONTADE.

Mais recentemente eu aprendi que chorar é uma resposta natural à certas emoções profundas. Nós realmente não devíamos tentar segurar as lágrimas porque manter esses sentimentos aprisionados e acumulados nos torna mais vulneráveis, na verdade. Eu geralmente me sinto muito melhor depois que algo me faz chorar, então eu não olho pra isso como uma coisa ruim, mais.
Você também não deve olhar para o ato de chorar como uma coisa ruim, também. Eu te encorajo a deixar as lágrimas rolarem sempre que tiver vontade. Se você se abrir para um terapeuta ou amigo ajudar, faça isso. As aulas de John Rosenfeld me deram o apoio e encorajamento que eu precisava para, finalmente, quebrar as barreiras que eu havia construído ao redor dos meus sentimentos desde a infância. Eu descobri que toda vez que eu me permito me abrir e ser vulnerável eu aprendo algo novo sobre mim mesmo e me sinto mais forte.
John quer que seus alunos sejam tão livres quanto uma criança brincando, durante seus workshops. Suas aulas estão me forçando a deixar pra trás as coisas que tem me prendido e me impedido de atuar. É tudo uma questão de recapturar aquela alegria, entusiasmo e destemor da infância. Eu tive a oportunidade de reencontrar aqueles sentimentos que eu tinha no comecinho dos BSB quando eu me divertia muito dançando e cantando no palco, e
Aproveitando todas as oportunidades que vinham até nós.
Eu quero trazer aquela alegria pra todos os aspectos da minha vida, agora.
Eu acredito que a minha experiência com os workshops do John me farão uma pessoa e artista melhor, em todos os aspectos. Eu estou mais consciente dos meus sentimentos e das coisas que me afetam, mais focado no que é positivo e me sentindo muito mais otimista com o meu futuro."

"LAÇOS DURADOUROS

Quando você vive no extremo por tanto tempo quanto eu vivi você não consegue prever              todas as recompensas que virão com um estilo de vida mais saudável, são e sóbrio. Pra mim, isso é particularmente verdadeiro quando o assunto é a minha interação com as outras pessoas. Eu tive muito poucos relacionamentos normais da minha vida.
Você provavelmente já conheceu mais sobre a disfuncionalidade da minha família do que você provavelmente gostaria. E minhas experiências com namoradas também não foram as mais estáveis. Mesmo os relacionamentos que não chegaram a ser manchetes de jornal foram bem tumultuados. A maioria deles não durou muito, também.
Claro que parte do problema era o meu estilo de vida, sempre viajando. Mas pra cada música escrita sobre os bons e insanos momentos na estrada existe uma ou duas sobre a solidão, monotonia e desconexão que vem com a constante mudança de lugar pra lugar, de um hotel pro outro.
Claro que eu sou grato pelas oportunidades. Eu não trocaria minhas experiências por nada. Não existe outro trabalho que teria permitido a uma criança que vem da classe trabalhadora de Tampa ter visto tanto do mundo, ou se dar tão bem na vida. Mesmo assim, eu frequentemente me pego sentindo inveja das pessoas que tem uma vida mais balanceada e relacionamentos duradouros, baseados em amor e apoio.

EU NÃO TROCARIA MINHAS EXPERIÊNCIAS POR NADA.

As garotas iam e vinham, comigo. Eu nunca conseguia segurar um relacionamento. Eu não confiava em ninguém e por eu ser imaturo e compulsivo por controle eu, geralmente, via as garotas com quem eu namorava como controladoras. Eu terminava dizendo que eu não queria outra pessoa me dizendo o que fazer ou fazendo exigências.
Quando você está comprometido em um relacionamento você deve levar em conta a outra pessoa. Você precisa considerar o impacto que as suas ações e palavras tem no seu parceiro. Naquela época eu não conseguia ser responsável e atencioso com outra pessoa durante todo o tempo.
Eu estava mais voltado pra beber e farrear e passar tempo com meus amigos. Eu estava preso naquela mentalidade de 19 anos de idade, e a maioria das pessoas que saiam comigo compartilhavam do meu ponto de vista. Eu estava cercado de pessoas egoístas que só se preocupavam em ficar bêbadas e drogadas. Era um ambiente negativo. Nós éramos a personificação de “miséria adora companhia”. Nossos relacionamentos eram baseados em nada além da nossa falta de responsabilidade coletiva. Nós não éramos realmente amigos. Nós éramos catalisadores pros piores hábitos um do outro.
Minha vida mudou muito, para melhor, nesse aspecto, também. O que deve ser a maior recompensa, e o maior sinal de que eu estou me recuperando dos meus erros do passado, é o fato de que eu estou em um relacionamento saudável e duradouro, nos últimos quatro anos, com uma mulher maravilhosa chamada Lauren Kitt – o relacionamento mais longo da minha vida. Eu estou extraordinariamente feliz. Nós temos nos dado muito bem durante os últimos anos e isso se dá pelo fato de eu estar aprendendo a ser uma pessoa melhor e um parceiro melhor nos meus relacionamentos.
Eu evolui muito nessa questão. Meu foco mudou. Lauren me ensinou muito. Ela é inteligente, genuína e honesta, e é minha melhor amiga. Eu nunca tive alguém como a Lauren em quem eu pudesse confiar totalmente. Ter um relacionamento estável com ela fez uma grande diferença na minha vida.

MEU FOCO MUDOU.

Nós dois tivemos nossos problemas com álcool, drogas e sobrepeso, então nós entendemos e apoiamos um ao outro mental e espiritualmente. Nós dois querermos ter uma mente e um corpo mais saudáveis. Fitness é um tema comum aos dois. Nós nos motivamos e usamos o esporte como um meio de combater a depressão e liberar endorfinas mais saudáveis. Lauren tem sido minha rocha, a pessoa com quem eu posso contar e me sentir normal. Nós jogamos tênis e vídeo games e fazemos exercícios juntos. Nós levantamos peso e fazemos condicionamento físico, também. Nós até jogamos paintball juntos. Uma vez ela atirou em mim, simples assim, o que não foi nada divertido. Queima como o inferno e deixou uma marca. Ela é super habilidosa enquanto atleta, com certeza. Lauren é modelo e fisiculturista profissional – ela ganhou o seu card de profissional do WBFF (World Bodybuilding and Fitness Federation) em Dallas. Ela é atlética e super competitiva, o que mantém as coisas interessantes porque nós nos forçamos a ser melhores a todo tempo.
E nós gostamos de motivar outras pessoas, também; nós começarmos um programa no Youtube e um site, juntos, chamado Kitt Fitt que é focado na parte esportiva da nossa vida.
Nós estamos muito dedicados a mostrar às outras pessoas a como se manterem ativas e saudáveis. Eu, particularmente, gosto do fato de que nós crescemos enquanto pessoas enquanto crescemos enquanto casal. Nós nos tornamos mais do que qualquer um de nós jamais pensou ser possível.
Eu tive relacionamentos que pareciam não ir a lugar algum além da atração física inicial.
Algumas das mulheres com quem eu me relacionei acabaram apenas me fazendo sentir pior sobre mim mesmo. Algumas eram apenas fãs curiosas sobre a vida de celebridade ou que estavam procurando uma forma de alavancar suas carreiras.

EU GOSTO DE APRENDER COMO SER UMA PESSOA MAIS CARINHOSA E ATENCIOSA.

Minha conexão com a Lauren é mais saudável do que qualquer outra que eu tive e isso se dá porque é baseada no nosso desejo mútuo de ser melhor e de viver uma vida com mais sentido e significado. Juntos nós sentimos que podemos fazer qualquer coisa em que colocarmos na nossa mente. Esse tipo de laço positivo e enriquecedor era o que eu mais sentia falta na minha vida. A maioria dos meus relacionamentos anteriores era superficial ou desbalanceado de um lado ou de outro. Não existia o mesmo respeito e carinho mútuo que eu tenho a feliz oportunidade de experimentar com a Lauren. No passado, se eu tinha um desentendimento com uma namorada era como se alguém tivesse acendido um pavio. Bombas iriam estourar. Não existia uma busca por entendimento e solução.
Eu me cansei. Eu desisti de encontrar alguém pra compartilhar minha vida. De muitas maneiras eu não sabia o que era bom ou ruim, certo ou errado nessa área. Eu tive que estudar como meus amigos que tem um sólido relacionamento tratam suas esposas e como eles respondem um ao outro. Eu tento aplicar as lições que eu aprendi à minha própria vida.
As observações ajudaram a ser um parceiro infinitamente melhor. É excitante, sério. Eu gosto de aprender como ser uma pessoa mais carinhosa e atenciosa. Nem sempre eu tenho sucesso. Muitos homens têm muito que aprender quando o assunto é comunicação com as mulheres. Mas eu continuo tentando e os resultados desse esforço são recompensadores.
Lauren não tem medo de me dar um choque de realidade vez ou outra, mas, mesmo quando ela o faz, nós normalmente apenas conversamos sobre o assunto sem explodir. Tirar o álcool e as drogas da equação com certeza ajudam. Nós não saímos pra farrear toda noite. Eu passei tanto tempo da minha vida em bares e clubes, desperdiçando tempo que eu deveria ter gastado em aulas de teatro ou escrevendo músicas – fazendo melhorias em coisas que teriam me colocado em vantagem. Eu estou correndo atrás do tempo perdido, agora, e ter esse relacionamento estável tem sido um grande fator.
Sempre que estou me sentindo triste ou deprimido sobre a morte da Leslie, meu péssimo relacionamento com meus pais ou outros assuntos pessoais a Lauren está lá por mim. Ela é tão compreensiva. Ela irá me confortar e me dar tempo para ficar triste ou desabafar, sempre me encorajando a ser indulgente em perdoar os outros e a mim mesmo. Ela me dá espaço para lidar com meus demônios de uma forma sã e saudável.

ESTAR PRESENTE UM PRO OUTRO

Outras garotas que passaram pela minha vida frequentemente me criticariam pelos meus sentimentos, ficariam do outro lado – ou pior, elas simplesmente não iriam querer lidar comigo quando eu não era divertido de se estar próximo. Lauren nunca diz que eu não deveria me sentir dessa ou daquela forma, ou que eu estou errado. Ela diz, “Eu te amo e eu não quero que você se machuque. Me dói quando você está se machucando ou se autodestruindo porque eu quero que nós fiquemos juntos por muito tempo. Eu te amo. Eu quero que você fique aqui.”
Nós conversamos sobre a forma como minha irmã faleceu de overdose, tenha sido intencional ou acidental, e a Lauren é clara sobre precisar de mim e querer que nós tenhamos vidas longas e juntos. Algumas vezes nós somos meios radicais no nosso foco no esporte, mas mesmo quando estamos acima dos limites, pelo menos é em uma fixação saudável. Se um de nós dois tem um check up e nossa pressão sanguínea está elevada ou se nós ganhamos peso, nós nos dedicamos a isso e solucionamos o problema rapidamente porque queremos acordar todas as manhãs e ver o rosto da outra pessoa. Nós querermos estar presente um para o outro.
Isso é uma enorme mudança pra mim. Eu claramente deixei de me focar nos meus problemas e necessidades e agora estou na direção de ter uma visão mais balanceada sobre a vida e o amor. Eu acho que isso é parte de uma perspectiva mais adulta e evoluída. Eu aprendi com a Lauren que você não pode mudar as outras pessoas e que isso é o objetivo errado, de toda forma. Se você realmente se importa com alguém e quer construir um relacionamento duradouro com ele(a) você deve trabalhar em si mesmo, antes, e servir de exemplo.

NÓS QUERERMOS ESTAR PRESENTE UM PARA O OUTRO.

Devem existir coisas das quais você não gosta no seu parceiro, mas se você olhar pra você também verá que não é perfeito também. Você nunca deve aceitar comportamentos abusivos, claro. Algumas vezes nós nos apaixonamos por pessoas que não são boas pra nós. Nesse caso, você deve ser capaz de ver o relacionamento pelo que ele é e tomar a decisão de sair dele. Eu tomei essa decisão antes e sei que pode ser doloroso, mesmo quando é visível que isso é a coisa certa a se fazer. Lembre-se que quando você sai de um mau relacionamento você está, na verdade, dando um passo a mais na direção de encontrar um relacionamento melhor. Um que seja realmente certo pra você.
Como a Lauren eu quero ser uma pessoa melhor, o que me diz que ela é boa pra mim. Nós fazemos com que o outro lute pra ser o seu melhor. O que eu quero deixar claro nesse último capítulo é que se você não está encontrando relacionamentos duradouros que te façam querer ser um parceiro e pessoa melhor, então talvez o problema não esteja na pessoa que você está namorando. Talvez o problema esteja dentro de você.
Esse era o meu caso, na maior parte das vezes. Eu não estava satisfeito com ninguém principalmente porque não estava satisfeito comigo mesmo. Meu relacionamento com a Lauren não se firmou até que eu tivesse comprometido em ter uma vida mais saudável, sã e positiva. Lauren acreditou naquela pessoa e hoje nós nos inspiramos um no outro para alcançar nossos sonhos particulares e em comum.

BUSCA PELA COMPREENSÃO

Nós dois fizemos coisas autodestrutivas, no passado. Entretanto, agora que nós construímos algo lindo, juntos, nós percebemos que nós teríamos muito mais a perder se estragássemos isso. Esse reconhecimento nos incentiva a preservar e cultivar o que nós temos. Nós identificamos não apenas o tipo de pessoa que nós queremos ser, mas o tipo de relacionamento que nós queremos aproveitar juntos. Nossa atração física é forte. Ser amigo um do outro é igualmente importante. Algumas vezes isso significa dar ao outro um amigável pontapé na bunda, ou uma chamada de despertar, ou um outro ponto de vista. Amor não é apenas sorrir e concordar.
Se relacionamentos fossem um esporte radical minha família teria ido para as Olimpíadas naquela categoria. Quando as coisas estavam bem nós éramos todos abraços e beijos e “Eu amo você”. Quando as coisas estavam mal nós gritávamos, jogávamos coisas um no outro, trocávamos socos e gritarias por horas. Existia muito pouco senso comum. Lauren e eu não queremos isso.

SE RELACIONAMENTOS FOSSEM UM ESPORTE RADICAL MINHA FAMÍLIA TERIA IDO PRAS OLIMPÍADAS NAQUELA CATEGORIA.

Nós não nos importamos de ser um casal entediante vez ou outra. Tédio tem seus pontos positivos. Nós tentamos não deixar que pequenas coisas se transformem em grandes problemas. Antes de conhecer a Lauren eu tinha a tendência a interiorizar e remoer todos os meus sentimentos até que a pressão fosse tão grande que eu explodiria. Eu evitava conflitos porque na minha infância não existia nada como um desentendimento amigável. Meu pai liberava o stress atirando (com uma arma) pra fora da janela. Você pode imaginar o medo que isso infligia na minha casa?
Lauren é uma mulher forte, física e emocionalmente, mas eu não quero que ela nunca tenha medo de mim, dessa forma. Então, construir um relacionamento é tanto saber o que você não quer quanto saber o que você quer. Tudo faz parte. Eu estou aprendendo a ter responsabilidade por como eu a faço sentir, o que é um grande passo pra mim e muitos homens.
As mulheres geralmente acham que nós entendemos os sentimentos dela, mas a maioria dos homens não são tão ligados assim. Então quando estamos comprometidos com alguém com a qual nos importamos somos, as vezes, lentos para entender que as mulheres não querem que nós resolvamos os problemas delas na mesma proporção em que querem que nós entendamos como elas estão se sentindo.
Eu não quero fazer parecer que eu conheço toda a dinâmica homem mulher, ainda. Em um dado momento da minha vida eu tinha medo de nunca ter uma namorada por mais de alguns poucos anos.
E mesmo que eu tivesse, eu tinha medo do casamento. (Nem comecem me fazer falar sobre meu medo de ter filhos!). Mas eu estou amadurecendo e minha visão mudou em relação a várias coisas.
Logo que eu conheci a Lauren eu disse a ela que nunca iria casar. A união dos meus pais tinha sido um exemplo tão ruim que eu não acreditava nisso. Eu queria que ela ouvisse isso de mim em primeira mão. Mas quando você realmente ama alguém você se sente muito protetor sobre essa pessoa. Especialmente quando aquela pessoa é tão dedicada a você quanto a Lauren é a mim – quando aquela pessoa está sempre ao seu lado, todos os dias, te apoiando nas suas necessidades e objetivos. Você vê nas suas ações que eles comprometeram a sua vida com você. E porque a vida deles é valiosa, também, você precisa ser justo. Você não pode ficar jogando com a vida de outra pessoa. Ou você está dentro, ou está fora. Antes que eu pudesse perceber eu também estava dedicado à Lauren.
Por muito tempo a ideia de me comprometer com uma pessoa era muito assustadora pra mim, mas hoje eu a acho libertadora. Eu sou muito mais livre pra ser eu mesmo quando estou com a Lauren porque ela e eu conhecemos e confiamos muito um no outro. Esse senso de liberdade é algo que eu nunca tinha experimentado em um relacionamento, mas eu estou realmente grato por isso.
Hoje eu estou feliz de dizer que não apenas eu consigo imaginar como seria passar a vida com a Lauren, mas eu estou realmente ansioso por isso. Em fevereiro de 2013 eu a pedi em casamento em um dos meus lugares favoritos no mundo e ela disse “Sim!”. Nós tínhamos planejado 10 dias de férias em Florida Keys. Eu comprei o anel antes e quando chegamos lá eu finalmente queria dá-lo a ela. Eu sentia como se ele estivesse abrindo um buraco no meu bolso. O plano era levar o meu barco, de 25 pés, que eu mantinha lá até uma ilha privada que é muito especial para mim. Eu escolhi o local porque eu queria que a Lauren visitasse um dos lugares que continha boas lembranças da minha infância, principalmente porque ela tinha praticamente ouvido apenas coisas ruins daquele tempo da minha vida.
Embora eu amasse pescar e velejar eu não ia a Keys a mais de 8 anos. O que eu não percebi antes de chegar é que depois de todo esse tempo parado na marina o barco estaria em tão más condições. Eu sabia que não podia deixar nada atrapalhar meus planos, então o pai da Lauren e eu passamos três dias inteiros desmontando o barco e restaurando o máximo que podíamos. Nós tiramos o motor e trocamos todas as partes danificadas até que estivesse funcionando o suficiente para sairmos pra um passeio. Naquele dia nós quase não chegamos na ilha. Nós batemos em um banco de areia e o motor parou. Eu tive que ligá-lo várias vezes, mas era muito perigoso. Você consegue imaginar se nós tivéssemos ficado presos lá? Era tão afastado que teríamos que chamar a guarda costeira. Era uma aventura, mas nós finalmente chegamos onde eu queria. Nós chamamos de Ilha do Noivado porque sua localização ainda é um segredo e nós queremos manter assim. Foi lá que eu finalmente fiz a pergunta e a Lauren concordou em passar o resto da sua vida comigo.
De várias formas aquela viagem foi uma metáfora para a longa e determinada jornada que eu descrevi pra vocês nesse livro. Eu tive que dissecar a minha vida, examiná-la, perceber o que precisava ser consertado e fazer as mudanças necessárias pra chegar onde eu tanto queria estar, assim como eu tive que fazer com aquele barco. Uma das muitas coisas maravilhosas que aconteceram na viagem de volta pra Florida, nessas férias, foi que eu tive a oportunidade de olhar pra alguns dos piores demônios do meu passado e provar pra mim mesmo que eu sou mais forte do que jamais fui. Foi uma experiência tão curadora e mentalmente libertadora que eu só posso ser grato por isso. Eu estou confiante que eu posso continuar a crescer e ser o homem que eu quero ser pro meu próprio bem e pro bem da minha futura esposa. Eu estou animado pelo que o presente e o futuro guarda pra nós.
Eu não tenho nenhum pensamento sobre filhos, no momento, mas eu vou dizer uma coisa: assim como muitos amigos que são casados, e que serviram de modelos de um bom relacionamento, tiveram e criaram seus filhos eu vou continuar observando e aprendendo com eles. Se esses amigos são tão bons enquanto pais quanto eu suspeito que eles sejam, então talvez nós possamos considerar isso. Quem sabe? Uma coisa que eu aprendi das minhas experiências é que tudo é possível, mas eu continuo levando a vida um passo de cada vez, já que esse tem sido um bom caminho pra mim.

ESCREVENDO MINHA PRÓPRIA HISTÓRIA

Todo dia eu aprendo mais sobre mim mesmo e minha habilidade de criar minha própria estória de vida. Eu me sinto melhor sobre meu futuro graças à minha visão mais positiva sobre a vida, minha reunião com os Backstreet Boys, meu interesse renovado em compor e atuar, meu relacionamento sólido e amoroso com a Lauren e, claro, nosso casamento. Todo dia é um novo dia e eu nunca sei o que vai aparecer no meu caminho, mas hoje eu tenho
Confiança de que eu tenho o poder de lidar com os desafios da vida e a graça de apreciar todos os seus presentes.
Eu também sei que eu posso mudar a mim mesmo pra melhor desde que eu esteja saudável mental e fisicamente. Eu quero construir coisas boas na minha vida e colocar as ruins no passado, deixando-as pra trás pra sempre. Eu ainda lido com a depressão, o que provavelmente é causado pelas drogas que eu consumi no passado ou, mais genericamente, ao meu estilo de vida insalubre. Mas eu aprendi a lidar com aqueles momentos ao invés de deixar que eles me sufoquem e disparem meu comportamento autodestrutivo.

EU ME TREINO A FUGIR DISSO.
Estar consciente dos pensamentos negativos e contra-atacá-los imediatamente tem sido de grande ajuda. Eu me treino a fugir disso. Eu os uso como motivação para encontrar algo positivo para fazer – qualquer coisa que me desvie pra longe da escuridão e em direção à luz.
Nós temos uma capacidade incrível de ajustar nossas ações e pensamentos. Se nós constantemente monitorarmos nossos sentimentos e fizermos os ajustes necessários o processo se tornará mais fácil a cada vez. Meus vícios hoje são ter uma mentalidade, corpo e emoções mais saudáveis. Eu estou lendo para abrir e expandir minha mente. Eu estou me exercitando para fortalecer meu corpo. Eu estou fazendo terapia pra lidar com meus demônios, lidar com as minhas emoções e pra ser uma pessoa melhor de uma maneira geral.
Esse livro é um dos resultados desse comprometimento. Eu tentei deixar claro ao longo dessas páginas que eu não me vejo como mais esperto ou evoluído do que qualquer outra pessoa. É quase o contrário. Quanto mais eu aprendo, mais humilde eu me sinto porque existe muito mais além do que eu posso alcançar. Assim como eu disse na introdução, eu espero que você aprenda com os meus erros. Eu compartilhei tantos deles com você e tenho que admitir que revelá-los não foi fácil.

QUANTO MAIS EU APRENDO, MAIS HUMILDE EU ME SINTO...

Outro ponto principal que eu espero que você leve desse livro é que não importa quanto fundo você caia, não importa quantos erros você cometa ou quantas falhas você possa experimentar você pode, sempre, dar uma virada na sua vida. Você pode ser a pessoa que você deseja ser, a pessoa que você merece ser. Nunca desista de si mesmo. Nunca deixe outra pessoa escrever a sua história por você. Escreva você mesmo. Saiba que você é
Merecedor da melhor vida que você possa criar.
Ler esse livro é dar um passo nesse processo de mudança. Eu te encorajo a seguir, passo a passo, dia-a-dia.
Você pode tropeçar, cair ou estragar tudo. Eu com certeza fiz. Você descobrirá, entretanto, que quando você continua se levantando e trabalhando pela vida que você quer você vai melhorar ser cada vez mais e mais melhor em ser melhor e melhor.
Apenas jure aprender com aqueles erros e se perdoar. Jure fazer o seu melhor. Se você se mantiver comprometido e com uma atitude positiva eu acredito que coisas boas vão acontecer pra você assim como aconteceram pra mim. Você não tem nada a perder tentando e, acredite em mim, as recompensas são doces.

NUNCA DEIXE OUTRA PESSOA ESCREVER A SUA HISTÓRIA POR VOCÊ."



Agradecimentos
"Eu gostaria de agradecer ao meu avô, Douglas Spaulding, de quem cuja sabedoria foi uma grande fonte de inspiração pra mim ao longo da minha vida. Ele era um homem maravilhoso e realizado cuja busca por conhecimento e constante evolução pessoal refletia na sua extensa biblioteca. Eu lembro de limpar o seu escritório, enquanto criança, e ficar fascinado e encantando com todos os livros que ele tinha. Eu realmente gostaria que ele pudesse ter lido esse. Embora ele não tenha vivido pra vê-lo publicado, eu tenho orgulho de adicioná-lo nas bibliotecas do mundo em sua homenagem.
Eu também queria agradecer ao amor da minha vida, minha rocha e suporte, Lauren Kitt, que já viu muitas das minhas transformações e me incentivou a conquistar mais objetivos pessoais do que eu jamais achei ser possível. Ela teve fé, perseverança e paciência pra estar ao meu lado enquanto eu aprendia toda uma vida de valiosas lições em alguns poucos e intensos anos. Assim como muitas outras celebridades mirins eu me mantive jovem de todas
as formas erradas possíveis por muitos anos e tive muito que crescer. Lauren estava lá por mim enquanto eu me transformava de menino em homem. Eu sou eternamente grato a ela por isso e por todo seu amor.
Minha apreciação á Lori Graf, também. Ela tem sido uma segunda mãe pra mim, alguém com quem eu sempre posso contar em tempos de necessidade e olhar com respeito e admiração. Ela é alguém em quem eu posso me espelhar e eu tenho sorte de tê-la na minha vida.
Eu também devo agradecer cada um dos meus companheiros de banda. Eles me ensinaram valores que eu carregarei pra vida toda; eles estiveram comigo nos meus piores e melhores momentos e serviram de família alternativa, frequentemente me mostrando outras perspectivas do que uma família é e potencialmente pode ser. Eles foram “fundamentais” na minha evolução. Eles me ajudaram, de várias formas, a ser o homem que eu sou hoje. Eu os amo como irmãos.
Claro, um grande “viva” pra todos os meus fãs maravilhosos e leais. Vocês tem me mostrado um amor incondicional pelos últimos 20 anos, ficando comigo quando eu estava por cima e quando estava por baixo. Nós compartilhamos muitas dores – do tipo que eu canto, do tipo que todos nós experimentamos de tempos em tempos, e do tipo que fez com que eu quase me autodestruísse, mas nós também compartilhamos bons momentos. Eu quero agradecer a vocês por acreditarem em mim e não desistirem quando eu estava passando pelos piores momentos. Eu sei que não foi fácil me ver crescer diante dos seus olhos.
Muito obrigada, também, ao Jack Ketsoyan da EMC Bowey, jay McGraw, Soctt Waterbury e Lisa Clark da Bird Street Book e pro Wes Smith e Hope Innelli por me ajudarem a trazer esse livro ao mundo. Tem sido uma grande jornada.


Deixe um comentário