"CAPÍTULO NOVE
O RETORNO
Eu
comecei esse livro dizendo a vocês o quão bem eu me senti no palco durante
aquela apresentação, que deu início a turnê comemorativa de 20 anos dos
Backstreet Boys, no Central Park. Nós estávamos de volta em mais maneiras do
que as pessoas podiam se dar conta.
Embora
os Backstreet Boys nunca tenham se separado ou se aposentado completamente, nós
de fato demos uma pausa de dois anos entre 2002 e 2004. Então, em 2006 o Kevin
Richardson decidiu focar na sua carreira de ator e em outros projetos. Quando
ele retornou ao grupo, em 2012, foi um verdadeiro retorno
e reunião porque todos os membros originais estavam se apresentando novamente.
e reunião porque todos os membros originais estavam se apresentando novamente.
...DURANTE
UM BOM TEMPO EU FUI O ELO FRACO DA CORRENTE.
Pelo
menos essa é a forma como a maioria das pessoas que estão de fora viram isso.
Entretanto, os membros do grupo tem uma visão um pouco diferenciada da
situação. Pra nós a turnê de 2012 não era o retorno de apenas um, mas dois
membros do grupo original. Tinha o Kevin, e então tinha eu: o verdadeiro eu,
ou, quem sabe, o novo eu, o eu mais maduro.
Depois
que o Kevin saiu em 2006 o restante de nós continuou excursionando e gravando
álbuns. Nós trabalhamos incansavelmente pra manter a chama dos BSB viva. Mas eu
estava sugando todo o oxigênio do fogo com o meu comportamento explosivo. Os
tabloides estavam certos: Eu era o menino perdido dos Backstreet Boys.
Na
verdade, durante um bom tempo eu fui o elo fraco da corrente. Não existe uma
forma de se preparar para a vida de um astro pop, eu acho, principalmente
quando você não tem ou conhece meios para lidar com as piores tentações e
excessos que vem com a vida de celebridade.
MAS
EU ESTAVA SUGANDO TODO O OXIGÊNIO DO FOGO COM O MEU COMPORTAMENTO EXPLOSIVO.
Você
se lembra de quando tinha 12 anos? Você tinha plena consciência e controle de
tudo que fazia? O jeito que você via o mundo, naquela época, era muito
diferente da forma como você vê agora? Imagine passar a maior parte da sua
adolescência sem a presença marcante de nenhum dos seus pais e tendo a disposição
tudo que você quisesse. De jeito nenhum essa vida é uma droga. Não estou
dizendo isso.
Viajar
o mundo todo. Cantar pra milhares e milhares de pessoas. Ser parte de um grupo
incrível de caras super talentosos. Sempre ser tratado como alguém especial.
Que vida incrível, maravilhosa! Eu era mais do que abençoado, sem dúvidas.
Eu
só gostaria de poder ter me comportado melhor. Sendo o mais novo do grupo eu
acabei me livrando de muitas coisas. O mais velho, Kevin, que é nove anos mais
velho que eu, me tratava como seu irmãozinho desobediente. Todos os rapazes
eram pacientes e me protegiam. Eu amava me apresentar e eu trabalhei duro junto
com eles durante os cinco primeiros anos, ou mais. Então, minha alegria e gratidão
deram lugar pra sentimentos obscuros
ENTÃO,
MINHA ALEGRIA E GRATIDÃO DERAM LUGAR PRA SENTIMENTOS OBSCUROS.
Quando
eu olho pra trás nas horas e mais horas que passamos no estúdio gravando,
excursionando pelo mundo e mantendo esse nosso louco estilo de vida, eu
realmente não entendo como nós conseguimos manter a nossa cabeça no lugar. Meus
anos de adolescência passaram tão rápidos. Eu estava vivendo o sonho, sem dúvidas.
Eu era bem treinado enquanto cantor, dançarino e pra ter presença de palco. Eu
só não era muito bem formado enquanto pessoa.
Não
existem muitos adolescentes que tem a vida toda planejada. Todos nós precisamos
daqueles anos pra decidir quem somos, onde nos encaixamos e que tipo de pessoa
queremos nos tornar. Os adolescentes que tem mais sorte são aqueles que os pais
estão dispostos a guiar, ensinar limites, segurá-los quando necessário e,
claro, encorajá-los e apoiá-los, também.
Por
todas as coisas maravilhosas que aconteceram pra mim eu não tinha aquele tipo
de apoio. Eu não quero recontar tudo que já disse a vocês sobre meus desafios
com meus pais. O ponto que eu quero dizer, aqui, é que todos nós cometemos
erros e fazemos coisas estúpidas, mas é possível transformar a sua vida. Embora
eu ainda não esteja completamente lá, eu estou muito melhor do que era. Eu
trabalho nisso diariamente.
VOCÊ
PODE RECUPERAR A SUA VIDA SE ESTIVER DISPOSTO A ASSUMIR OS SEUS ERROS.
Então
se tem uma lição desse capítulo do livro, ela é: nunca é o fim. Não até que
você esteja morto e enterrado. Você pode
ficar sóbrio. Você pode se curar. Você pode
recuperar a sua vida se estiver disposto a assumir os seus erros. Você pode fazer os ajustes necessários, reparar os
danos feitos aos seus relacionamentos e reputação.
AMOR
DURO
O
meu retorno não teria sido possível se os outros membros dos Backstreet não
estivessem dispostos a me perdoar. Todos nós tivemos os nossos dias ruins.
Todos cometemos erros que colocam barreiras nos nossos relacionamentos, mas eu,
definitivamente fui uma criança problemática durante muito tempo. Eu estava
fora de mim, por um tempo.
Você
já sabe sobre a prisão em Tampa, a direção sob influência de substancia ilegal
na Califórnia e a minha auto reabilitação no Tennessee. Esses foram os
destaques – ou os piores destaques, dependendo do ponto de vista – mas existem
muitos outros momentos constrangedores nesse meio tempo. O que eu não descrevi
antes é como a minha loucura afetou os Backstreet e meu relacionamento com os
rapazes. A maior parte disso não foi manchete e nenhuma foi muito terrível, só
desnecessário e autodestrutivo.
Algumas
vezes era caro, também. Em janeiro de 2004 nós começamos o processo de gravação
do Never Gone,
que seguia o grande sucesso de Black
& Blue. Na verdade o título Never
Gone (Nunca se foi) era impreciso porque eu já tinha ido há muito
tempo durante a gravação do álbum. Uma dica de alguma coisa estava faltando era
o fato de que nós tínhamos terminado o álbum Black & Blue com aproximadamente três meses de trabalho em estúdio, mas
levamos um ano pra finalizar Never
Gone. Mesmo quando eu estava lá, fisicamente, eu não estava,
totalmente, presente mental e emocionalmente devido às minhas noitadas, romance
conturbado e problema de família.
Eu
não era o único que faltava às sessões no estúdio ou chegava atrasado e em
péssimas condições pra trabalhar, mas com certeza eu era o mais reincidente. Eu
não queria saber de compor ou gravar as músicas. Eu queria saber de beber de
bar em bar, farrear, usar drogas e não estava nem ai pra minha vida. Isso foi
mais ou menos na época em que eu terminei com a Paris Hilton e comecei a minha
pior derrocada.
Não
era como se eu pensasse que a Paris era o amor da minha vida. Como eu disse
antes, nós tivemos alguns bons momentos juntos, mas frequentemente eu me sentia
como se tivesse sido abduzido por um alien e levado para um planeta onde
dinheiro não era problema e trabalhar duro para pagar suas contas era problema
dos outros.
O
DESAFIO ERA: EU NÃO SABIA QUAL ERA MEU LUGAR.
Eu
fiquei preso naquela vida por um tempo? Sim, réu confesso. Mas eu rapidamente
me dei conta de que eu não pertencia àquele mundo. O desafio era: eu não sabia
qual era meu lugar. Foi isso que me arremessou em uma espiral decrescente me
dando a sensação de que eu empilhava problema em cima de problema.
Eu
estava constantemente em uma neblina. Eu faltava em ensaios ou aparecia horas
depois dele já ter começado. Finalmente quando nosso empresário, Johnny Wright,
viu que não conseguia me colocar nos eixos de qualquer outra forma ele disse:
“Nick, se você não aparecer ou chegar atrasado você será multado em mil dólares
cada vez.”
Minha
resposta indolente e previsível foi: “Tanto faz”.
A má
notícia para os outros rapazes é que o Johnny teve de estender a mesma condição
para todos os outros membros do grupo, para parecer justo, mesmo que eu fosse o
principal culpado. Isso aconteceu durante um tempo em que minhas finanças
estavam tão bagunçadas quanto eu e o resto da minha vida. Eu estava dando
dinheiro, gastando, fazendo maus investimentos e, normalmente, não prestando atenção
suficiente em nada disso.
Então,
quando terminamos de gravar o álbum e o Johnny nos mostrou a conta com as
nossas multas eu não estava preparado pra escrever um cheque. O total para
todos os rapazes do grupo era de $80.000. Minha parte era $60.000!
Isso
chamou minha atenção. Johnny, que doou o dinheiro para uma instituição de
caridade que nós escolhemos, estava me dando um “amor duro”, tentando me
chacoalhar e tirar do meu estado de negligencia e irresponsabilidade. A
mensagem veio alta e clara, e ficou comigo. Quando isso se espalhou pelo mundo
da música eu fiquei com vergonha.
O
ataque do Johnny à minha carteira foi o que finalmente chamou minha atenção. A
sua multa de mil dólares funcionou de várias formas. Além da humilhação,
existiu um impacto econômico nas minhas finanças. Cada dólar meu que foi
revertido pra pagar a multa me lembrou do aumento da minha irresponsabilidade e
comportamento auto sabotador.
Felizmente
os Backstreet tem sido um grupo bem maleável. Nós conhecemos um ao outro tão
bem. Nós somos leais um aos outros. Existe uma grande dose de paciência e
compreensão entre nós, o que é bom pra mim.
Eles
nunca disseram que queriam me expulsar do grupo, embora tivessem vários
momentos em que eu merecia isso. Eles apenas continuaram esperando que eu me
desse conta das coisas que estava fazendo porque eles sabiam que essa seria a
única forma de eu mudar. Nós demos espaço um ao outro para crescermos, durante
os anos. Nós víamos cada um de nós passar por momentos realmente difíceis.
COLOCANDO
PRA FORA
Em
um determinado momento, logo após o meu rompimento com a Paris, eu estava
derrotado. Eu faltei em ensaios e fiquei por ai bebendo durante dois dias e
noites consecutivas. Eu tinha convicção, na minha cabeça, que eu queria sair do
grupo. Eu não queria mais saber e falei isso ao Johnny e ao seu sócio, Ken
Crear que depois veio a se tornar meu empresário.
Eles
vieram até a minha casa para saber o que estava acontecendo e eu acabei
despejando toda minha frustração e raiva neles. A maior parte delas não tinha
nada a ver com os rapazes do grupo ou o Johnny ou o Ken. Eu sabia que eles
estavam apenas tentando manter a chama acessa. Era tudo uma questão da minha
incapacidade de controlar minhas bebedeiras e consumo de drogas e meus
relacionamentos.
Eu
me sentia totalmente perdido.
Johnny
e Ken me disseram que eu poderia sair do grupo se eu quisesse, mas eles me
ajudaram a ver que era o meu término com a Paris e outros problemas pessoais
que estavam causando a minha depressão. Eles me disseram que ao invés de ficar
sentado e chafurdando na minha miséria era melhor eu focar nas coisas boas da
minha vida, como meu trabalho com o BSB. Eles estavam certos, claro.
Quando
você está pra baixo e se afogando rapidamente, mudar o seu foco pode fazer uma
grande diferença. Quando coisas ruins acontecem em um dos aspectos da sua vida,
seja no seu relacionamento, trabalho, uma doença ou até a perda de um ente
querido, a melhor coisa a se fazer é encontrar um foco mais positivo para, ao
menos, uma parte do seu dia.
Experimentar
o luto é importante e existe um tempo e um lugar para isso. Mas se você sente
que está escorregando para a depressão ou desespero, então você devia dar um
tempo aqui e ali. Exercitar-se, ler uma boa história, assistir a um filme
engraçado ou fazer uma refeição ou tomar um café com uma pessoa que te faça rir
pode fazer maravilhas.
EXPERIMENTAR
O LUTO É IMPORTANTE E EXISTE UM TEMPO E UM LUGAR PARA ISSO.
Os
momentos tristes são aqueles em que você deve poder contar com os seus melhores
amigos e aqueles que realmente se importam com você. Ouça às suas palavras de
encorajamento e sugestões.
Eles
desejam que você conquiste e seja bem sucedido. Depois da minha conversa com o
Johnny e o Ken eu me dei conta de que a melhor coisa pra mim seria voltar ao
estúdio e aos palcos fazendo o que eu amava para pessoas que gostavam da nossa
música. Eu sai disso e sou eternamente grato pelos seus conselhos.
Agora,
também é verdade que a depressão é um problema de saúde mental seriíssimo e que
você talvez precise de ajuda profissional caso as coisas fiquem realmente
obscuras pra você. Se focar em coisas positivas e estar cercado de pessoas que
te querem bem não te animarem, eu te encorajo a conversar com alguém que seja
treinado para lidar com a depressão, seja um terapeuta, psicólogo, psiquiatra, membro
do clero ou qualquer tipo de conselheiro.
Eu
tive sorte que o Johnny e o Ken me deixaram desabafar e falar sobre meus
sentimentos e que eles me ajudaram. Eles estavam preocupados comigo
pessoalmente e profissionalmente. Eles me disseram que eu estava as bordas de
destruir minhas amizades e minha carreira. Basicamente eles fizeram uma intervenção
sem ter nenhum grandalhão armado para me arrastar pra reabilitação. Eles tinham
um interesse financeiro em me colocar nos trilhos novamente, claro, mas eu
sabia que eles também se importavam comigo. Johnny estava conosco desde que os
BSB surgiram, em Orlando. Ele nos viu crescer e ele trabalhou duro pra nos
manter na linha. Ele também acabou empresariado meu irmão, Aaron, então ele
conhecia minha família e minha história. Eu tenho certeza que o Johnny conhecia
mais sobre nós, nesse quesito, do que ele gostaria.
OUÇA
AQUELES QUE SE IMPORTAM
Nossa
conversa ajudou? Sim. Eu acho que só de poder colocar tudo pra fora e expressar
como você se sente já abre uma porta pra cura. Quando alguém vai ao seu
encontro, mesmo que ele esteja bravo e pronto pra desistir de você, não retorne
a raiva. Você pode ter merecido ela. Aproveite a oportunidade para ouvi-los e fazê-los
te ouvir. Tente chegar à raiz do problema e saiba que o problema pode muito bem
ser você, não eles.
Esse
era meu caso. Eu tinha medo de decepcionar. Eu trabalhei duro como artista
desde muito novo. O sucesso que nós tivemos com os Backstreet foi incrível, mas
você acaba se pegando em uma esteira de coisas, tentando manter o sucesso, com
medo de parar ou diminuir. Eu não estou pedindo por piedade ou tentando te
convencer de que a minha vida enquanto astro pop foi difícil. O único problema
com isso foi a pessoa que eu me tornei. Eu não queria ser aquele cara que
desperdiçou seu talento e bênçãos, mas por qualquer que fosse a razão eu não
conseguia impedir minha queda rumo ao abismo.
Esse
tipo de coisa acontece muito no mundo da música e entretenimento. Você vê pessoas
que se tornam astros, ainda muito novos, se perdendo. Normalmente é porque eles
não têm uma âncora. Eles não têm apoio familiar ou qualquer base moral ou
espiritual para qual recorrer quando eles precisam de direção.
Kevin
Richardson e Brian Littrell são muito abertos sobre como a sua fé Cristã os
manteve sólidos ao longo dos anos. Vendo como eles se valeram das suas crenças
para lidar com seus próprios desafios me fez respeitar e apreciar, totalmente,
o seu plano de fundo espiritual. Eu tentei usar pequenos pedaços do seu sistema
de crenças para construir minha própria base.
Existem
muitos artistas novos que parecem que estão lidando bem com o sucesso. Eu não
conheço o Justin Bieber e talvez as coisas mudem pra ele, mas minha impressão é
de que ele tem uma boa fundação. Eu fico feliz de vê-lo dar tão bom exemplo.
Taylor Swift é outra jovem artista que parece lidar bem com tudo isso. Eles
podem me fazer pagar a língua, mas pelo que eu vi eles estão lidando com o estrelato
com muito mais fineza do que eu quando tinha a idade deles. Os tabloides se
alimentam daqueles que não se dão tão bem no mundo das celebridades.
Frequentemente eu vejo aqueles que começaram ainda jovens se destruindo porque
eles se consomem tentando se manter sob os holofotes ou porque eles nunca se
sentiram merecedores disso tudo. Claro, aqueles que de fato se destroem alcançam
as manchetes enquanto aqueles que se ajustam e continuam evoluindo ou encontram
outro caminho geralmente o fazem de forma silenciosa e com classe.
"RETORNO
CONJUNTO
Os
Backstreet Boys se manteve unido porque os rapazes foram pacientes uns com os
outros e comigo. Eles chutaram meu traseiro vez ou outra. Eles me disseram que
estavam decepcionados comigo quando eu precisava ouvir isso, mas eles me
deixaram achar o meu caminho.
OS
BACKSTREET BOYS SE MANTEVE UNIDO PORQUE OS RAPAZES FORAM PACIENTES UNS COM OS
OUTROS E COMIGO.
Nos
momentos ruins eu simplesmente não aparecia para ensaiar ou gravar. Eu sequer
ligava pra cancelar ou me desculpar. Os rapazes e os nossos empresários
perderam a confiança em mim e isso é algo terrível. É preciso anos pra
reconstruir esses laços – anos de provas constantes de que você não é mais
alguém duvidoso ou de que não é mais aquela pessoa.
Uma
das coisas que eu não enxerguei durantes meus piores anos foi a diferença entre
quem eu pensei que era e o Nick Carter que todo mundo conhecia. Eu me via como
um cara legal, uma pessoa carinhosa, um ser humano meio perdido e imaturo, mas
alguém que nunca magoaria/machucaria, intencionalmente, outro ser humano. Eu
achei que era esse Nick Carter, mas na verdade esse era apenas o cara que eu queria ser.
Eu
tive dificuldades pra entender porque as pessoas não acreditavam em mim porque
eu me considerava confiável. De novo, eu estava cego para a realidade. Minhas
ações não combinavam com a minha autoimagem.
Nós
não podemos esperar que os outros nos aceitem e confiem em nós só porque temos
boas intenções. Nós precisamos corresponder.
Você
não pode exigir que seus amigos e familiares se preocupem com você e te
ofereçam ajuda se você não lhes dá nenhum retorno. Você precisa contribuir na
mesma proporção ou mais do que ganha. Na verdade, se você vem recebendo e não
retribuindo, então você talvez precise de alguns anos apenas de retribuição
para recuperar seu espaço.
MINHAS
AÇÕES NÃO COMBINAVAM COM A MINHA AUTOIMAGEM.
Ter
boas intenções é um bom começo, mas você é medido e julgado pelas suas ações. A
palavra pra isso é integridade. É
sobre ter certeza de que suas ações correspondem com a imagem que você projeta.
Eu tenho certeza de que você já conheceu pessoas charmosas e persuasivas que
ganham a sua confiança com as suas palavras, mas, então, você vê, rapidamente,
que suas ações não combinam com aquelas palavras. Eles podem dizer que tem o
seu melhor interesse em consideração, mas os interesses que importam são os
deles mesmos. Por muito tempo eu me apoiei nas minhas boas intenções. Eu
esperava que meus amigos e companheiros de BSB entendessem e fossem
compreensivos quando eu falhasse, mas você não pode machucar as pessoas
frequentemente e esperar que eles sempre o perdoem. Eles precisam se proteger.
Como você
conserta uma amizade ou relacionamento familiar que foi danificado? Se conhecer
é importante, mas entender como as outras pessoas o enxergam e se sentem sobre
você é ainda mais crítico. Isso foi parte do meu problema com meu irmão e irmãs
durante um bom tempo, eu achava que demonstrar o meu amor por eles era lhes dar
o que eles diziam que precisavam. O problema nisso é a maior parte das vezes
eles só vinham até mim por dinheiro ou coisas materiais. No começo eu dava, mas
então eu vi que não era isso de que eles realmente precisavam. Eles davam isso
como certo e, em alguns casos, só queriam mais. Eu tive que aprender a ver além
do que eles me pediam e, ao invés disso, tentar entender quais eram suas necessidades
emocionais, o que é ainda mais desafiador.
Eu
também tendia a me aproximar deles com grandes gestos, como o reality show,
quando, na verdade, são as pequenas coisas que você faz para as pessoas que
realmente criam respeito e confiança mutua. Estar presente quando diz que vai
estar, fazer o que você prometeu fazer, dar seu tempo e atenção; essas são
coisas que constroem pontes entre você e aqueles com quem você se importa.
Da
mesma forma, eu tive que construir pontes entre os rapazes do grupo e eu. Eu
tive que achar uma forma de reconquistar a sua confiança. Eu tive que mostrar
pra eles que eu iria ser responsável. Eu não tive muitos bons exemplos durante
minha vida então eu tive que encontrar meu próprio caminho e, infelizmente,
isso levou um grande tempo. Muito tempo.
UMA
NOVA MÚSICA
Um
símbolo desse renascimento conjunto é uma música que eu escrevi em Outubro de
2012 enquanto gravávamos nosso álbum comemorativo do 20º aniversário. Nós
tínhamos sido convidados pra nos apresentarmos na Disneylândia para um especial
de Natal e nós conversávamos sobre cantar uma música natalina antiga nossa.
Então eu me ofereci pra escrever uma música nova porque eu sempre quis escrever
uma música de Natal. Eu me justifiquei dizendo que não lançaríamos o nosso
primeiro single do novo álbum antes da próxima primavera e que, então, seria
bom ter outra música sendo lançada, antes disso, para dar aos nosso fãs alguma
coisa especial.
Eu
acho que o Kevin, Brian, Howie e A.J. ficaram um pouco surpresos porque eu normalmente
não era tão incisivo quando o assunto era compor para o grupo. Eu também suspeitava
que eles tinham algumas dúvidas de que eu conseguiria fazer algo que pudesse ser
lançado. Dado o meu passado eu não podia culpá-los. Mas eu usei isso como motivação,
prometendo pra eles que eu faria uma música da qual eles teriam orgulho de
apresentar –
Mesmo
em público!
Músicas
de Natal podem ser mais leves do que a maioria do nosso material normal, mas
nós ainda temos que atingir um certo nível. Nós sempre queremos fazer grandes
músicas, independente do gênero. Quando eu disse aos rapazes que eu iria
escrever pra eles uma música verdadeiramente boa a reação foi tipo: Tanto faz, Nick, nós precisaremos ter uma música de
reserva, em todo caso. Eles não vieram e disseram o que estavam
pensando, mas você podia dizer que eles estavam considerando, Nós podemos mesmo contar com ele, dessa vez?
Eu
realmente tinha que me provar pra eles e eu estava ok com isso. Eu tinha que
recuperar a confiança deles porque eu os tinha desapontado muito no passado.
Você não pode se permitir ficar com raiva ou amargo numa situação assim. Parte
de criar uma vida melhor é assumir a responsabilidade pelos erros do passado e
promessas quebradas.
PARTE
DE CRIAR UMA VIDA MELHOR É ASSUMIR A RESPONSABILIDADE PELOS ERROS DO PASSADO E
PROMESSAS QUEBRADAS.
Como
diz a música Oh Lord, it’s hard to be humble (Oh Deus, é
difícil ser humilde). Mas humildade pode ajudar muito se você está tentando
recuperar a confiança e respeito perdido. Humildade também vem mais fácil se
você mescla com gratidão. Eu era grato que eu ainda tinha a oportunidade de
lançar uma música como membro dos BSB. Os rapazes tinham me mantido no grupo
mesmo quando eu não merecia ou apreciava isso, então eu estava ok em ter de
provar a mim mesmo.
OBJETIVOS
HUMILDES
Muitas
pessoas se acham deuses. Eles acreditam que todo mundo deve confiar e acreditar
neles. Eu receio que não seja assim. Você precisa merecer aquelas coisas e se,
de alguma forma, você as perde, você precisa dar um jeito de descobrir como
lutar pra tê-las de volta.
Eu
ensinei as pessoas que elas não poderiam depender de mim. Eu tinha que aceitar
isso e então trabalhar pra mostrar que eu tinha mudado pra melhor. Nesse caso
eu o fiz ganhando-os com a minha música. Eu sabia que não podia apenas jogar uma
música qualquer na mesa e esperar que eles gravassem mesmo que fosse uma porcaria.
Então eu aumentei o nível. Eu me foquei em escrever uma música da qual teríamos
orgulho de lançar como um single ou de colocar em um álbum. Sim, eu estabeleci
um objetivo, o que foi outro sinal para os outros rapazes de que eu era um novo
e melhorado Nick Carter. Bêbados e drogados não estabelecem objetivos além de
beber mais e fazer menos. Você precisa se sentir bem consigo mesmo e com seu
futuro para ser capaz de estabelecer objetivos. Levou um certo tempo para que
eu me sentisse confortável fazendo isso, mas eu fiz.
A
chave é dar pequenos passos – passos de bebê, no começo. Eu dei os meus quando estava
na minha casa em Cool Springs. Eu descrevi, antes, como eu escrevia uma série
de objetivos no quadro branco. A maioria eram pequenos objetivos, no começo.
Minha jornada de retorno foi longa. Houve alguns desvios e ruas sem saídas
durante o caminho. Eu me perdi, algumas vezes. Eu dei de cara com algumas
paredes e até sai da estrada uma ou duas vezes.
MINHA
JORNADA DE RETORNO FOI LONGA.
Isso
pode acontecer com você. Eu espero que não aconteça, mas você não deveria
cometer o erro de pensar que reconstruir e reconquistar a sua vida será fácil
ou sem nenhuma falha e decepção. E não sinta como se você tivesse que fazer
tudo isso sozinho. Começa com você, sem dúvidas, mas aqueles que realmente se
importam com você irão se juntar uma vez que eles vejam que você está agindo de
forma séria e comprometida em ser e fazer melhor.
Eu
pedi ao Howie pra trabalhar comigo na música. Alguns outros rapazes que estavam
trabalhando no álbum – o compositor Mika Guillory e o produtor Morgan Taylor
Reid – também nos ajudaram. No começo eu tenho certeza que eles estavam
pensando, Oh Deus, o que o louco do Nick está
inventando? Nós deveríamos estar trabalhando em músicas para o novo álbum e
não em lançar um single. Nosso tempo de estúdio era limitado. Então eu fui direto
ao ponto. Eu peguei uma guitarra da parede e toquei até achar três acordes que
eu gostasse. Nós quatro ficamos trabalhando por uns quinze ou vinte minutos e
os acordes e melodia surgiram e se transformaram em uma música. A letra fluiu
uma vez que tínhamos a música. Em uma hora nós tínhamos a música “It’s
Christmas Time Again”. Essa é a mágica de trabalhar com pessoas talentosas em
um estúdio.
Mais
tarde, naquele dia, eu apresentei a música para o restante dos rapazes. Nós a aperfeiçoamos
um pouco mais. Uma vez que ela estava completamente lapidada nós decidimos que
iríamos apresentá-la, pela primeira vez, dia 04 de novembro durante a gravação
do “Disney Parks Christmas Day Parade” na Disneylândia. Então a cantamos pela primeira
vez na televisão durante nossa participação, em 14 de novembro, no programa The Talk. A música foi tão bem
recebida que voltamos a apresentá-la cinco dias depois no Late Night with Jimmy Fallon.
Foi incrível ouvir o Jimmy dizer, nos bastidores: “Eu amo essa música” e que
essa tinha sido uma das razões pelas quais ele quis que nós nos apresentássemos.
Meu coração estava cheio de felicidade. Eu tinha percorrido um caminho tão
longo. E receber um elogio de alguém que eu era tão fã foi a melhor coisa do
meu Natal, sem brincadeira.
Os
fãs e os críticos pareciam gostar da música. Artistdirect.com deu cinco
estrelas e a chamou de “hino natalino atemporal”. A música também alcançou o
primeiro lugar na lista “Holiday Digital Song” da Billboard. Toda música é um
esforço de colaboração, mas eu sentia um grande orgulho por ter criado essa.
Depois de tantos anos decepcionando meus amigos e eu mesmo, eu consegui cumprir
uma promessa. Eu surgi com a ideia e, com um pouco de ajuda, conseguir torná-la
realidade.
EU
SURGI COM A IDEIA E, COM UM POUCO DE AJUDA, CONSEGUIR TORNÁLA REALIDADE.
Eu me
sentia inspirado pelo sucesso daquela música e pelos ótimos sentimentos que eu experimentei
durante a sua elaboração, criação e apresentação. Nós continuamos trabalhando
no nosso novo álbum que deve ser lançado em 2013, enquanto eu escrevo isso. Nós
gravamos aproximadamente trinta músicas até agora e eu ajudei a escrever 75 por
cento delas.
Toda
vez que eu crio uma música nova eu sinto que cresci como pessoa e como artista.
Seria ótimo se “It’s Christmas Time Again” se tornasse um clássico. O que
realmente importa nesse momento, porém, é que eu provei pros rapazes do grupo,
e pra mim mesmo, que eu posso ser confiável. Isso é muito importante pra mim e
pra caminhada que eu ainda tenho à frente rumo a dias melhores.
O
antigo Nick nunca teria se envolvido tanto em escrever músicas e criar um
álbum. Eu estou muito feliz de, finalmente, ser capaz de fazer isso. Nós
estamos numa fase crítica enquanto grupo. Depois de vinte anos nós chegamos ao
ponto de darmos o próximo passo e assumirmos o controle da nossa marca, como
nunca fizemos antes.
Ao
invés de confiarmos na gravadora para dirigir nossa carreira nós estamos
assumindo as rédeas e mostrando que somos plenamente capazes de encontrarmos
nosso material e gerenciarmos nossa carreira. Hoje quando os executivos das
gravadoras e o time de artistas e repertório vem até nós com suas ideias, nós
nos fazemos ouvir e dizemos que som e material nós achamos que são melhores. Eu
estou gostando de estar na liderança com os meus meninos.
A
MUDANÇA COMEÇA COM VOCÊ
Se
você quer mudar a sua vida e se tornar uma pessoa melhor, eu espero que você
encontre alguma inspiração e motivação na minha história. Mesmo que eu tenha
estragado muitas vezes e que eu ainda possa escorregar vez ou outra, eu estou
progredindo. Durante um tempo eu tinha determinado que eu seria, pra sempre,
uma pessoa miserável que usava drogas e bebida e culpava todo mundo pela minha
vida não valer nada. Mas eu realmente andei muito pra não mais ser aquele cara.
EU
ESTAVA PRESO NA ZONA EU NÃO VALHO E NÃO MEREÇO NADA MELHOR.
Embora
eu não tenha feito aquela caminhada sozinho, minha transformação teve que começar
comigo. Ninguém mais poderia fazer isso acontecer. Não existe remédio. Nenhum coquetel.
Nenhuma dose ou pó. O primeiro passo é decidir que você quer ser saudável,
feliz, digno de confiança e merecedor de amor.
Ser
esse novo homem é mais divertido e satisfatório do que eu achei possível. Eu
não posso dizer o quão deprimente e solitário era ser a decepção. A.J., Howie e
Brian abaixavam as cabeças. Eu os via lutando pra controlar a raiva e a frustração
que sentiam de mim. Eu sentia o nível de confiança caindo cada vez mais.
Eu
sabia que meu comportamento era inaceitável, autodestrutivo e que estava
danificando nosso relacionamento e carreira. Eu ainda estava no nível de
vítima, mentindo pra mim mesmo que eu não tinha forças pra mudar. Eu estava
preso na zona Eu não valho e não mereço nada melhor.
Eu
não estou mais nessa zona. Eu estou no caminho de volta, reunido com todos os
meus amigos dos Backstreet Boys e, ainda melhor, eu estou de volta nos trilhos
pra me tornar a pessoa que eu quero ser; alguém que valha o respeito, confiança
e amor deles."