CAPÍTULO TRÊS
MINHA FAMÍLIA BSB
A música era uma grande válvula de escapa do caos que era minha casa, quando eu era criança. Eu tinha um rádio pequeno, cromado, com botões prata. Durante a noite eu ouvia estações de e Rock e R&B e, de alguma forma, as músicas me faziam sentir melhor. Uma das minhas favoritas era “Bizarre Love Triangle” do New Order. Eu podia me desligar das brigas dos meus pais, me perder na melodia e me perder dentro do meu próprio mundo. Música era algo que me trazia conforto mesmo antes de eu me dar conta de que poderia construir minha vida ao seu redor.
A
MÚSICA ERA UMA GRANDE VÁLVULA DE ESCAPA DO CAOS QUE ERA MINHA CASA, QUANDO EU
ERA CRIANÇA.
O
stress e a falta de carinho que tínhamos em casa acabou causando danos à todas
as crianças da família Carter. Nosso desempenho na escola era sofrível e nós
sempre acabamos nos metendo em encrenca por termos nos comportado mal nas
aulas. Minha irmã BJ, no começo, era a melhor aluna da nossa família. Por ela
ganhar sempre notas “A” ela foi escolhida pra honrosa posição de “Patrulheiro
estudantil” (No Brasil seria como monitor de turma, ou próximo disso como
guarda-mirim escolar). Nessa função ela ajudava as crianças a atravessar a rua
antes e depois das aulas. Eu tinha ciúmes da BJ e dos outros patrulheiros
estudantis, principalmente porque eles podiam usar uns coletes neon super legais.
Conforme as coisas foram piorando, em casa, a BJ começou a se rebelar e suas
notas caíram.
Eu, pelo contrário, nunca fui um grande
aluno. Enquanto o professor falava eu ficava sonhando acordado. Os estudos pareciam além da
minha capacidade. Eu me sentia perdido e inseguro. Eu nunca estava nas classes
avançadas, com as crianças mais espertas. Minhas salas de aula eram uma
daquelas unidades portáteis que sempre parecem ser reservadas para os piores
alunos. Eu me sentia como um rejeitado. Era como se eles nos colocassem lá para
que nossa burrice não contagiasse os alunos mais inteligentes.
Por
tudo isso, a escola não foi uma das minhas melhores experiências. Eu sofri
bullying, principalmente na parada de ônibus. A rua onde vivíamos, em Tampa –
131st Avenue – ficava em um bairro bem pesado. Um menino vivia me amedrontando,
mesmo as nossas irmãs sendo amigas. Ele bateu na maioria dos meninos que vinham
no nosso ônibus, então eu acho que isso não era algo pessoal. Eu só tentei
ficar fora do seu radar ou, pelo menos, do seu alcance.
Estudar
e fazer lição de casa era complicado, pra mim, principalmente com todo o drama entre
meus pais. Quando o Nintendo (vídeo game) foi lançado eu passava horas jogando.
Minha
mãe tentava me afastar, mas era quase impossível. A única coisa do qual nós dois gostávamos era música,
então isso se tornou algo que compartilhávamos. Sempre tinha um rádio ou
aparelho de som ligados em casa. Meus pais podem até ter ganhado
dinheiro na época da discoteca, quando tinham a taverna, mas eles eram, mesmo,
fãs só clássicos antigos do Rock&Roll, das décadas de sessenta/setenta –
que minha mãe chamava de música de verdade.
Ela
gostava de harmonia e vozes potentes. Na verdade, uma das suas músicas
favoritas, quando eu era pequeno, era “Bridge Over Troubled Water”,
do Simon and Garfunkel. Ela comprou uma fita cassete com essa música e tocava o
tempo todo, então eu sabia de cor. Um dia, quando eu tinha oito anos de idade, minha mãe estava
trabalhando na cozinha quando me ouviu cantar essa música, no jardim dos fundos.
Eu
sempre cantava enquanto pulava no trampolim, mas dessa vez eu estava no chão, fingindo estar no palco em um
concerto ao ar livre. Eu imaginei que os tufos de grama eram a minha plateia.
(Era uma plateia bem verde.) Minha mãe achou que eu tinha planejado essa apresentação pra
ela, já que eu estava cantando uma música que ela amava, mas eu estava fazendo
isso por diversão.
Meus
pais sempre disseram que eu sempre fui exagerado. Minha mãe escreveu que, algumas
vezes, ela temia que eu fosse extremamente necessitado e desejoso por atenção.
Quando
eu penso acho que pode existir algo de verdade nisso, já que ela e o meu pai trabalhavam
muito e não ficavam muito conosco. Se eu era faminto por afeição e atenção, cantar
aquela música foi um truque e tanto.
Minha mãe – que realmente acreditava
que era uma observadora imparcial – quando me ouviu cantar, aquele dia,
decidiu, imediatamente, que eu era predestinado ao estrelato.
Ela estava tão impressionada que me arrastou pra dentro de casa e me fez cantar
para o meu pai também.
Essa
foi a primeira vez que meus pais se deram conta que eu talvez tivesse algum
tipo de talento rentável, embora meu pai estivesse menos convencido que a minha
mãe. Ele queria uma segunda opinião, e provavelmente uma terceira.
EU
HERDEI A ÉTICA E A PAIXÃO PELO TRABALHO DO MEU PAI...
Meu
pai era um total realista – mas nunca o que você poderia chamar de otimista. Meu pai era caminhoneiro antes
de se tornar dono de um bar e depois operar uma casa de repouso. (Ele conheceu
minha mãe na estrada – ele a encontrou quando ela estava pedindo carona.
Ele a seduziu dando carona a ela, mas também a alertou para nunca mais fazer
isso.)
Eu
herdei a ética e a paixão pelo trabalho do meu pai, e eu tenho que dizer que
esses dons me ajudaram muito. Mas, mesmo com meu pai e minha mãe trabalhando duro, eles ainda penavam
para pagar as contas. Dinheiro sempre foi um problema. Quando eu comecei
a aperfeiçoar meus talentos, meu pai vivia reclamando sobre os custos das
minhas aulas de canto e dança, das viagens para audições, ensaios e
apresentações. Ele perguntava se algum dia esses investimentos que ele e minha
mãe faziam seriam recompensados. Eu não podia culpá-lo.
Ele
tinha outros filhos e muitas despesas.
Um dos meus incentivos a sempre
trabalhar mais e mais era meu desejo de recompensá-los por essas despesas. Eu
queria, de verdade, mostrar o quanto era grato por todo o sacrifício e tempo
que meus pais dedicavam aos meus treinos. Eu também queria ganhar dinheiro suficiente
para que meus pais nunca mais tivessem de brigar novamente. Quando minha carreira
de cantor decolou eu, de fato, paguei meus pais e recompensei meus irmãos por algumas
coisas que eles nunca tiveram, também. Eu, inclusive, tentei ajudá-los, mesmo
antes de estar ganhando muito dinheiro. A primeira competição de canto que eu ganhei foi em um show
de talentos no píer de St. Peterburg. Eu tinha dez anos de idade e cantei pra
uma plateia de 20 pessoas, mas eu ganhei o grande prêmio de $100. Eu lembro de
ter levado o cheque pra casa, pro meu pai; ele estava sentado no sofá vendo
televisão.
“Hey, pai, olha o que eu consegui. Isso
é pra você. Eu quero que fique com você porque você trabalha tanto,” eu disse e
entreguei-lhe o cheque.
Ele resmungou algo e depois me
agradeceu. Ele pode ter se sentido envergonhado por eu estar lhe dado o
meu prêmio, o que eu entendo. Eu não queria deixar ele desconfortável. Meu único objetivo era
proporcionar a ele e a minha mãe alguma paz de espírito. Meu pensamento,
na época, era que se eu continuasse dando dinheiro a eles, ele e minha mãe seriam
mais felizes, mas parece que isso nunca funcionava, mesmo quando os cheques que
eu levava pra casa eram de centenas de milhares e até milhões de dólares.
A
lição que eu, finalmente, tirei dessa experiência foi de que meu objetivo nunca
deveria ter sido de fazer mais e mais dinheiro. Eu percebi que uma vez que você
tenha dinheiro suficiente pra pagar suas contas e alguns outros confortos
básicos, mais dinheiro não te traz felicidade – na verdade, na maior parte das
vezes ele só te traz mais problemas, ciúmes e ambição.
Ao invés disso, a coisa que me faz mais
feliz é tirar o máximo do meu talento cantando e me apresentando. Isso se
tornou, e ainda é, meu objetivo profissional.
Nossa
família não era exatamente uma Família Osmand ou Partridge
(Um
programa de TV, conhecido no Brasil como ‘Familia Dó-re-mi”, mas tínhamos outros músicos na família. Tanto meu pai
quanto minha mãe tocavam um pouco de violão e todos nós cantávamos quando
saíamos de férias ou quando estávamos em casa. Eu nunca tive problema pra
manter o compasso, o que pode se dever ao fato de eu ter vivido sobre o The Yankee
Rebel quando eu era um bebê e ter ouvido a batida das músicas discos através
dos assoalhos, a noite.
Em
todo caso, foi quando os
cantores pops adolescentes e as primeiras boy bands começaram a aparecer que eu
acho que minha mãe decidiu que se Tiffany e Debbie Gibson, New Edition e os New
Kids on the Block podiam fazer isso, eu também poderia. Quando eu me dei
conta, ela já tinha agendado aulas de canto, dança e todas as outras aulas necessárias
pra se criar um astro. Nós viajamos por toda a Interestadual 4, entre Tampa e Orlando,
enquanto eu participava de todas as competições de talento e audições pra
parques temáticos, musicais, teatros e comerciais.
Minha carreira no teatro, na verdade,
começou pouco tempo depois de minha mãe ter me visto atuar no jardim dos
fundos. Eu estava na quarta série na Miles Elementary School quando o
garoto que tinha sido escolhido pra um dos principais papeis em Fantasma da Ópera,
Raoul, ficou com medo e desistiu. A professora responsável, Miss Montes de Oca,
teve que achar um substituto rapidamente. Ela ouviu que eu estava fazendo aulas
de canto e participando de audições então ela me recrutou para fazer o papel.
...A
COISA QUE ME FAZ MAIS FELIZ É TIRAR O MÁXIMO DO MEU TALENTO CANTANDO E ME
APRESENTANDO.
Eu,
definitivamente, não era uma das crianças mais populares e descoladas, atleta
ou estudante de honra antes disso, então foi bem legal pegar o papel do Raoul,
principalmente porque o garoto que tinha se borrado de medo era um dos mais
inteligentes da escola e também era um patrulheiro estudantil.
Ser escalado para fazer o Fantasma da
Ópera foi uma das melhores coisas que poderia ter me acontecido naquela época.
Foi um daqueles raros momentos, na minha família, em que todos pareciam estar
se divertindo. Até meu pai entrou no clima. Ele ajudou a construir o candelabro
para o cenário, que era a peça principal no palco. Minha mãe também trabalhou na
peça, costurando as fantasias. Eles levaram as outras crianças para os ensaios
e para as sessões de prova de roupa e todos pareciam estar se divertindo sem
qualquer bebida, briga ou gritaria. Por um momento nós nos sentimos como uma grande família feliz.
JOGANDO
COM SEUS PONTOS FORTES
Mesmo
que você nunca tenha passado da “Introdução à Psicologia 101”, você ainda
poderá ver o que me levou a atuar. Todos nós, crianças da família Carter, desejávamos por atenção e
carinho dos nossos pais. Todo mundo parecia empolgado com a peça e meu
papel como o Fantasma. Isso realmente nos aproximou.
Independentemente do que estivesse
acontecendo em casa, tudo parecia melhor quando eu estava cantando. Ao
invés das brigas que marcavam boa parte dos nossos dias e noites, meus pais estavam
felizes quando eu cantava, e também a plateia. Eu também estava feliz. Eu colocava toda minha energia
na música porque quando eu me apresentava minhas preocupações, medos e
inseguranças desapareciam. Era um barato como eu nunca tinha
experimentado, e quanto maior a audiência, melhor ficava.
Não
resta qualquer dúvida de que eu me entreguei à musica, atuação e dança com mais
entusiasmo do que eu jamais mostrei pelos estudos ou esportes. Minha mãe se dedicou a me ajudar
a ir atrás do meu sonho. Alguns podem ter questionado os seus motivos, ao longo dos anos, mas eu
tenho que dar créditos a ela por ter garantido que eu recebesse todo treinamento
necessário e por ter feito tudo que podia para transformar a minha paixão pelos
palcos em uma carreira.
MINHA
MÃE SE DEDICOU A ME AJUDAR A IR ATRÁS DO MEU SONHO.
Ela
me apoiou enquanto eu passei por uma série de treinadores e técnicos. Com 10
anos eu me vi sob os cuidados de Bob Karl e Sandy DiMarco, dançarinos
profissionais que eram proprietários da Karl & DiMarco School of Theater
& Dance (escola de dança e teatro) em Tampa. Uma das primeiras aulas que
fiz com eles foi de sapateado. Eu era péssimo nisso. Bob Karl, que mais parecia
um velho gangster do que um coreógrafo formado em Juliard, também não parecia
estar gostando de me ver tropeçando nos meus próprios pés. Ele era legal na
maior parte do tempo, mas tentar me fazer virar um dançarino o deixava de mau humor.
Quase
que automaticamente eu me vi sendo jogado pra última fila durante as aulas do
Bob. Mais uma vez eu tinha sido colocado
junto com os que não aprendem tão rapidamente.
Talvez
Bob tenha pensado que isso me ajudaria ver todas as demais crianças, das filas
da frente, fazendo os movimentos de forma correta.
Eu finalmente melhorei o suficiente
para conseguir um lugar para me apresentar com um grupo que era o sonho mais
louco de qualquer garoto hétero. A esposa de Bob, e coproprietária, Sandy DiMarco tinha
um trabalho paralelo como coreógrafa do Tampa Bay Buccaneers’. Sandy montou um time de lindas
líderes de torcida – e eu!
Na
verdade, os biquínis e as espadachins (Lideres de torcida do time dos Bucs, que
naquela época tinha o sílbolo de um mosqueteiro) com pompons balançando era
alguma coisa entre um desfile de modelos da Victoria Secrets e as Rockettes. Os
Bucs eram meu time favorito e eu também era um grande fã de mulheres lindas e
seminuas, então eu era um menino de muita, muita sorte. Não me levem a mal,
Backstreet é um ótimo grupo. Kevin, A.J., Brian e Howie são meus irmãos e muito
divertidos de se estar junto, mas eles não fazem por mim o que o meu primeiro
grupo fazia. Eu aproveitei
cada minuto da experiência espadachim, embora não tanto quanto eu teria
aproveitado se fosse dez anos mais velho.
Isso
foi ainda no tempo em que o time de Tampa na NFL6 mandava seus jogos no velho Houlihan
Stadium, que acabou sendo demolido em 1999. O uniforme de cor “creamsicle” que
eles usavam naquela época ainda é um dos meus favoritos, mas o time não era
muito bom. Acho que é por isso que eles precisavam de uma super apresentação no
intervalo, pra evitar que o público fosse embora pra casa. Nós dávamos o nosso
melhor durante todos os jogos para que eles ficassem nos seus lugares.
Sandy
me rodeou com o meu mini-grupo especial, nos chamando de Nick and the Angels (Nick
e as Anjos). Nossa apresentação incluía “Jail HouseRock”,
do Elvis, e “Great Balls of Fire”, do Jarry Lee Lewis. Na
minha opinião 99 por cento dos caras que estavam na arquibancada e que não
tinham qualquer relação comigo ou com a minha escola sequer notavam que eu
estava lá no campo com as Angels e o espadachim, na maior parte do tempo. Mas
isso não me incomodava.
EU
SENTIA COMO SE FOSSE PARTE DE ALGO ESPECIAL.
Entrar naquele campo dos Bucs, com
eles, pela primeira vez foi incrível. Tinham centenas de pessoas aplaudindo
cada movimento. Era assustador e divertido ao mesmo tempo. “Assustatido”
é uma palavra?
Foi nesse momento que eu realmente me
tornei viciado na alegria do entretenimento. Era tão empolgante. Nós
nos sentíamos como se fôssemos parte do time e de toda a organização dos Bucs.
As meninas me tratavam como se eu fosse o irmão mais novo favorito. Estranhos nos
aplaudiam. As crianças queriam nossos autógrafos. Eu sentia como se fosse parte
de algo especial. Meus pais, irmão e irmãs estavam todos animados por mim,
também, o que fez as coisas melhorarem um pouco em casa.
Sandy
DiMarco mandou a mim, as Angels e os espadachins para pequenas apresentações ao
redor da cidade, também. Na maior parte das vezes, eram apresentações para
promover o time ou eventos comunitários. Alguns de nós, inclusive,
participávamos de competições de aplauso, contra outros competidores, em shows
regionais de talento, onde costumávamos ganhar bastante. Eu ainda tenho aquelas
faixas em preto e azul que tem a inscrição de primeiro e segundo lugares.
Como
o único rapaz no grupo, eu tendia a chamar atenção. Os fãs me davam muita
atenção, o que aumentou a minha autoconfiança e me ajudou a tornar-me ainda
mais confortável frente a multidões. Não que eu tivesse medo de palco. Quando eu ouvia os aplausos e
gritos daquelas centenas de pessoas nada mais importava naquele momento.
Eu
amava estar naquele campo, sem dúvidas. Ainda assim, alguma coisa dentro de mim
me fazia continuar a trabalhando duro no meu canto e nas minhas apresentações,
mais do que nunca. De uma
forma simples: Parecia
certo. Me fazia feliz. Eu podia
passar horas e horas cantando e tocando violão. Mesmo ensaiar as rotinas
coreográficas não parecia como um trabalho pra mim.
Todas
as viagens e correrias e esperas para audições podiam ser um saco, mas quando a
hora da apresentação chegava eu esquecia completamente do árduo trabalho de
preparação pra chegar até ali. Eu mergulhava e já nas primeiras notas de uma
música eu entrava no meu próprio mundo. Eu não ganhei todos os papéis ou todas as audições, mas
eu sentia como se estivesse aprendendo algo e me aperfeiçoando. Mesmo os
diretores, produtores e diretores de elenco que escolhiam alguém que não eu
tinha alguma palavra de incentivo pra mim. Eles diziam que eu aprendia rápido e
que tinha um talento natural e que eu me destacava da multidão. Então eu
rapidamente entendi que o entusiasmo da minha mãe não era apenas uma coisa de mãe.
De alguma forma eu encontrei uma
família maior e mais confiável – minha família musical. Eu
me sentia confortável e bem-vindo.
Eu
sentia como se pertencesse, como se eu falasse a mesma língua dos outros
artistas e músicos. Aqueles sentimentos eram fortes – tão fortes que eles
tornaram as coisas ruins da minha vida mais toleráveis.
O
DOM QUE CONTINUA PROVENDO
Eu
ainda me sinto assim. Toda vez que estou no palco a plateia me dá energia. Eu
coloco muito esforço e energia positiva, mas recebo muito mais em retorno. Eu
amo me apresentar, despejar todos os meus sentimentos e me perder no momento,
esteja eu me apresentando num estádio lotado ou num clube pequeno. Eu sou uma daquelas pessoas
sortudas que descobriu, ainda muito novo, um dom, um talento e uma força que
serviram de base para todo o resto na minha vida.
Nesse
capítulo eu quero te ajudar a encontrar o mesmo tipo de felicidade, de dentro
pra fora. Não estou falando de apenas momentos de felicidade ou algumas
risadas. Estou falando de construir uma vida ao redor de seja qual for o seu
dom, talento ou força que sejam capazes de te excitar, te fazer sentir precioso
e te conectar com o mundo ao seu redor.
Uma
vez que você aceite que é merecedor de uma vida melhor e que você tenha
trabalhado para identificar e modificar os padrões comportamentais que te
causam dor e sofrimento e os pensamentos que te levaram a se auto sabotar e te
prenderam no passado, é hora de decidir quais são seus pontos fortes. Assim
como muitas pessoas, eu vim de uma família problemática e sem muitos recursos,
mas depois que eu me dediquei à minha carreira na música, minha vida mudou
completamente. Me dar bem
na vida enquanto cantor não foi tão fácil quanto pode ter parecido para quem
está de fora; eu tive que trabalhar diariamente para me manter em forma
(afiado), mas eu sou extremamente grato pela minha carreira. A música não
apenas salvou a minha vida, ela me deu uma vida.
A MÚSICA
NÃO APENAS SALVOU A MINHA VIDA, ELA ME DEU UMA VIDA.
Agora,
e você? Quais são os seus pontos fortes, talentos, dons e paixões? Sobre o que
você pode construir a sua vida? Existem alguns sinais indicativos que você pode
usar caso ainda não tenha identificado seus pontos fortes. Aqui vão alguns:
Para
o que você é atraído vez sim e outra também? Tem algo que você quer fazer em
todo tempo livre que tenha?
O
que te satisfaz? Existe alguma atividade que seja tão gratificante e
satisfatória que você nunca se cansa se realizar, na verdade, isso é algo que
você faria até mesmo de graça só porque te faz feliz? (Imagine por um minuto,
claro, que você não tenha contas pra pagar ou as necessidades básicas como
comida, casa e roupas).
O
que é fácil pra você? Alguma matéria na escola, algum tipo de arte, artesanato,
esporte, habilidade ou marca que você tenha pegado facilmente e que só parece melhorar
quanto mais você faz?
O
que te faz se destacar da multidão? Pense em qualquer momento em que um amigo,
um professor, um treinador ou colega de sala tenha dito, “Você é muito bom nisso.”
Ou “Eu queria poder fazer isso tão bem quanto você.”
PACOTE
DE FELICIDADE
Eu
prometo que você tem certas habilidades, talentos, interesses e dons que não
serão negados. Eles começam a se fazer notar quando você ainda é muito novo,
então é apenas uma questão de tirar algum tempo pra procurá-los e reconhecê-los.
Todos nós somos únicos, com nosso próprio pacote de dons preestabelecidos esperando
para ser aberto. Se você já comprou um computador você sabe que a maioria das
marcas oferece uma versão básica com vários pacotes de itens especiais,
dependendo das suas necessidades e interesses.
Alguns
são equipados pra jogadores, como eu, que gostam de jogar vídeo games
interativos através do computador. Outros vêm com softwares sofisticados para
fotógrafos, artistas gráficos ou consultores financeiros.
Você
e eu viemos equipados de forma singular, da mesma forma. Eles não chamam os bebês
de “pacote de felicidade” sem um motivo. O meu pacote era o de cantor. O seu
pode ser de geek (nerd), artista, engenheiro ou professor.
Eu
te encorajo a identificar e desenvolver os seus pontos fortes para que os
fracos se tornem irrelevantes. Olhe pra mim. Eu não era um bom aluno. Meu nível
de energia era tão alto que eu tinha dificuldade em me concentrar nas matérias
como leitura, matemática e estudos sociais. Eu era muito bom em sonhar acordado. Infelizmente eles
não me deram nota por isso. Talvez eu tenha um déficit de atenção que
nunca tenha sido identificado. Eu não sei.
Mas o
que eu realmente sei é que eu poderia ter estudado matemática 24 horas por dia durante
365 dias no ano e eu provavelmente nunca teria conseguido ir melhor que tirar
uma nota C naquela matéria. Mais importante, ainda, eu não gostava de
matemática. Eu nunca me senti ansioso e nunca me senti bem comigo mesmo
enquanto praticava isso – ou tentava. Um pequeno encorajamento dos meu pais
teria me ajudado, mas eu não tinha muito disso. Se eu perguntasse coisas como,
“Pai, você acha que eu poderia ser um cientista?” a resposta era algo como
“Yeah, tanto faz, garoto.”
Você
talvez precise procurar bem dentro de si mesmo e se tornar a sua própria fonte
de encorajamento e motivação, o que não é o ideal, mas é algo que pode ser
feito. Construa a sua confiança sobre os seus pontos fortes, talento e dons.
Apenas se lembre de ter certeza que os jovens que venham a fazer parte da sua
vida, um dia, possam ter em você o apoio que eles precisam, mesmo que esse seja
um suporte que você nunca tenha encontrado na sua família. É tão importante
pros jovens terem isso. Tente fazer a diferença nas suas vidas mesmo que seja
apenas os ajudando a fazer a lição de casa e os dizendo o quanto eles são especiais
de alguma forma. Aponte os seus pontos fortes e os encoraje a desenvolve-los.
Muitas
pessoas acreditam que a chave pra felicidade e sucesso é dominar as suas
fraquezas. Eu acho que essa é a receita pra uma vida muito infeliz e fracassada. Eu sou totalmente a favor de
focar nos pontos fortes. Não tem nada de errado em querer melhorar nos seus pontos
fracos para que fique mais fácil passar por eles, mas pra que gastar tanto
tempo e esforço em áreas em que você nunca irá se destacar ou gostar?
A
MÚSICA ME EMPOLGAVA. EU TINHA O DOM PRA ISSO.
Você pode, provavelmente, adivinhar
qual era a única matéria em que eu arrasava na escola – música. Se
eu pudesse ter matado as aulas de matemática e biologia e passado todos os dias
na sala da banda ou do coral, por mim não teria problema algum. A música me empolgava.
Eu tinha dom pra isso. Então eu foquei em desenvolver aquele ponto forte e hoje
se eu precisar da habilidade de contadores ou médicos que era mais sábios em
matemática e biologia do que eu, eu simplesmente os contrato.
Eu
não sou um fracasso pelo fato de que nunca terei um diploma de contador ou
porque nunca serei chamado de Dr. Carter. Meus pontos fortes e paixões me
levaram por outro caminho. Eu posso fazer cálculos simples e eu sei o que
preciso saber sobre biologia, mas tentar me tornar um “mathlete” (atleta da
matemática) ou um gênio em biologia teria sido uma perda de tempo pra mim. Nós temos que nos ater aos
nossos pontos fortes se quisermos ser felizes e realizados. Se você ama
matemática, tem habilidade com números, estude muito e torne-se um contador bem
sucedido; quem se importa se você não conseguir desenhar uma linha reta ou
cantar no tom? Se você é um artista e trabalha duro para se tornar um grande ilustrador
ou designer gráfico ou pintor não importará se você for uma porcaria em
álgebra.
PRONTO
PRA ARRASAR
Todos
nós temos pontos fortes e fracos. Eu digo pra você se ater ao que for melhor
pra você. Foque no positivo para que sua motivação venha de dentro de você.
Dedicar seu tempo e energia para fazer seja lá o que for que te inspire e pelo
que você seja apaixonado também ajuda a aumentar a autoconfiança e assim você
conseguirá superar os desafios e contratempos que são naturais da vida.
SORTE
E MOMENTO – TANTO BONS E RUINS – FAZEM PARTE DA VIDA.
Eu
só me consideraria um fracasso se nunca tivesse tentado tirar o melhor dos dons
que eu recebi. Isso não quer dizer que eu tinha que ser um pop star pra
encontrar a felicidade.
Honestamente,
eu provavelmente teria ficado bem contente ensinando no coro do colegial e me
apresentando, nos finais de semana, em clubes ou festas.
Sorte
e momento – tanto bons e ruins – fazem parte da vida. Na verdade, eu me considero sortudo de acordo
com a teoria que diz “Sorte é quando a preparação encontra a oportunidade.”
Com a ajuda da minha mãe eu comecei a desenvolver minhas habilidades musicais ainda
muito novo com treinadores de voz e dança. Eu também me apresentei em musicais,
programas de televisão, comerciais e competições de talento. Então eu estava
tão preparado quanto uma criança poderia estar quando a sorte me trouxe a minha
primeira grande oportunidade.
Você vai acabar descobrindo, como eu
fiz, que quanto mais você trabalha, mais as grandes oportunidades vão aparecer
pra você, uma após a outra, ou até ao mesmo tempo. Quando o canal da Disney abriu
audições para o programa “All New Mickey Mouse Club”, produzido em Orlando, eu
tentei. As competições para esses papéis eram sempre ferozes. Alguns nomes que você pode
reconhecer entre as inúmeras crianças talentosas que participaram das audições
para esse programa durante os anos de 1989 e 1995 são: Britney Spears, Jessica Simpson,
Ryan Gosling, Christina Aguilera, Keri Russell e as futuras estrelas do N’Sync,
Justin Timberlake e J.C. Chasez.
Eu não apenas fui chamado para a última
rodada de audições para o programa da Disney, mas outra grande oportunidade
apareceu naquele momento, também. Eu fiquei sabendo que estavam
acontecendo audições para uma boy band nos moldes de New Edition. Um empresário
que tinha base em Orlando, que por coincidência era primo de um dos cantores favoritos
da minha mãe, Art Garfunkel, estava por trás dessa empreitada. Quando eu soube dessa
conexão pensei se todas aquelas horas cantando “Bridge Over Troubled Waters”
iriam fazer valer a pena.
Lou
Pearlman, um empresário bem sucedido, tinha contratado olheiros para colocar anúncios nos
jornais da área e em várias revistas especializadas no mundo do entretenimento.
Embora os anúncios especificassem que essa organização estava procurando
rapazes entre 16 e 19 anos, nós achamos que valia a pena tentar. Eles já
estavam realizando audições há algumas semanas na mansão do Pearlman, mas
decidiram por mover o processo de seleção para um lugar maior. Pearlman, que
também estava no ramo da aviação, possuía um armazém de peças de reposição para
suas aeronaves onde as últimas rodadas de audições aconteceram.
Eu
fui o primeiro a participar das audições nessa nova localização, que tinha o
tipo de acústica que se pode esperar de um armazém – uma grande porcaria.
Mesmo assim minha audição correu tão
bem ao ponto de Pearlman ter uma longa conversa com a minha mãe. Ele
falou sobre o que eles estavam procurando e o tamanho do trabalho envolvido.
Ele explicou que haveria longas horas de ensaios e turnês e que seria extremamente
exigente. Durante essa
conversa minha mãe disse que eu havia sido chamado para a rodada final de
audições para o “The All New Mickey Mouse Club”. Eu não sei ela mencionou que a
Disney havia feito uma proposta concreta no valor de $50,000 pra que eu me
juntasse ao grupo.
Quando nós saímos minha mãe disse ao
Lou que nós, eu e ela, teríamos de conversar sobre isso. Como nós não nos
comprometemos de imediato, o time trabalhando com Lou escolheu outro rapaz pra
ficar no topo da sua lista de opções para o grupo. Foi
bom que eu não tenha ficado sabendo disso, porque quando eu e minha mãe
conversamos naquela tarde sobre qual oportunidade eu queria mais, eu disse a
ela que queria tentar com a banda.
Pra minha sorte o outro rapaz que o
time do Lou tinha escolhido desistiu. Pearlman telefonou alguns dias depois e
perguntou à minha mãe se estávamos interessados em fazer parte do seu projeto.
Nós dissemos que sim sem nem sabermos o quão perto passamos de ter perdido a
chance."
"TRABALHANDO
PRA SI MESMO”
Quando eu fui selecionado para fazer
parte dos Backstreet Boys eu senti como se tivesse ganhado na loteria.
Essa oportunidade combinava perfeitamente com meus pontos fortes. Mas lembre-se que eu me coloquei
numa posição favorável para abraçar aquela oportunidade por ter aprimorado
minhas habilidades; encontrado bons mentores, professores e exemplos; ter
ouvido o que eles tinham a dizer; e trabalhado como um condenado nas aulas e
ensaios, tudo isso enquanto eu procurava por oportunidades de mostrar o meu talento.
É
como eu disse antes: eu tive sorte, sem dúvida. Mas eu também estava preparado
pra arrasar quando minha oportunidade chegasse.
Você
também precisa se preparar. Eu
tenho trabalhado desde os oito anos para me tornar o que algumas pessoas pensam
que aconteceu do dia pra noite. Você não pode
esperar que o mundo descubra seus talentos. Cabe a você fazer com que as
pessoas os vejam e respondam a eles. Você é responsável pelo seu próprio
sucesso, felicidade e realização.
Uma
vez que você tenha identificado seus pontos fortes e tenha se comprometido a Desenvolvê-los
você deve achar formas de se motivar para alcançar o máximo que puder. Novamente,
só depende de você. A qualidade das decisões que você toma irá determinar a sua
qualidade de vida.
MAS
EU TAMBÉM ESTAVA PREPARADO PRA ARRASAR QUANDO MINHA OPORTUNIDADE CHEGASSE.
Por
que identificar seus talentos, desenvolvê-los e construir sua vida ao redor
deles é tão importante? Porque uma vez que a gente faz isso por nós mesmos, nós
deixamos de ser dependentes de outras pessoas para nos proporcionar felicidade
e realização. Isso não quer dizer que você não vai precisar de mais ninguém na
vida. A maioria de nós precisa de pessoas que nos apoiem e de relações
afetivas. É parte da natureza humana. Mas isso também quer dizer que quando as
pessoas te decepcionarem, relacionamentos acabarem ou maus momentos chegarem
você e eu ainda teremos os nossos pontos fortes para nos ajudar a superar.
Novamente,
eu sou a maior prova disso. O dom da música me deu força para sobreviver e lutar
apesar dos enormes erros e grandes desafios. Eu não estou sendo o rei do drama quando
digo que isso salvou a minha vida. Eu comecei a me apresentar com os Backstreet
Boys quando cheguei na minha adolescência. Eu tinha algum talento, mas eu
também era muito novo e imaturo pra sair do ensino médio, em Tampa, direto pra
vida de um astro pop internacional. Eu não tinha experiência de vida para lidar
com a loucura que veio com a fama repentina, principalmente quando eu fui
ficando mais velho e caindo no mesmo estilo de vida que os meus pais tinham.
Mas, finalmente, me focar nos meus talentos e estar rodeado de pessoas que
também levavam os seus talentos tão a sério me ajudou a encontrar o meu caminho.
UMA
GANG DO BEM
Sim,
eu sofri em alguns momentos e tive alguns péssimos episódios, mas eu consegui continuar
me apresentando em grande parte graças a ajuda positiva e ao apoio dos membros da
minha nova família musical. Uma das grandes recompensas em construir a sua vida
ao redor dos seus pontos fortes e de fazer aquilo que você ama são as amizades
que você forma com aqueles que compartilham da mesma paixão que você. Quando eu entrei para os
Backstreet Boys eu me encontrei em uma
nova posição e em uma nova família. Eu era o mais velho dentre
as crianças Carter, mas o mais novo nos Backstreet Boys.
Eu
admito que fui uma criança problemática, algumas vezes, por causa da minha imaturidade,
mas eu tive sorte de entrar para um grupo de irmãoS que continuaram do meu lado,
me encorajaram e me queriam bem. De alguma forma, eles foram os exemplos que eu nunca tive.
Algumas vezes eu me pego pensando o que teria sido da minha vida se eu não tivesse
aprimorado meus talentos no nível requerido para ser um Backstreet Boy. É um
pouco assustador pensar nisso. Muitas das crianças que eu conheci enquanto
morei na 131st Street acabaram tendo sérios problemas com drogas. Alguns foram
pra prisão. Alguns nem mesmo estão vivos.
Seu
ambiente pode te moldar. Se você não decidir o que quer da vida e for atrás
disso, você vai acabar aceitando o que a vida te der. Eu vi caras que não
tinham muita estrutura familiar se juntar a gangs de rua que se agarravam a
suas fraquezas, incluindo a falta de orientação e apoio familiar. Líderes de
gang são especialistas em recrutar almas perdidas, prometendo prover a essas
crianças a família que elas não tem. Eu
poderia ter acabado em uma gang se minha vida não tivesse tomado outro rumo –
se eu não tivesse me estruturado sobre os meus pontos fortes.
Minha mãe, de fato, me empurrou para as
aulas de dança e canto e, mesmo que algumas vezes eu pensasse que ela estava
fazendo isso apenas motivada pela possibilidade de maiores lucros, eu realmente
acabei me tornando um artista bem sucedido e encontrando e indo atrás da minha
paixão; como resultado eu acabei entrando em outro tipo de gang. Essa era
formada por rapazes que tinham tanta vontade de construir a vida baseados nos
seus pontos forte quanto eu, ou até mais que eu.
Uma
das coisas que eu aprendi durante a minha luta para colocar minha vida de volta
nos trilhos, e permanecer nele, é que você precisa se cercar de pessoas que te façam querer ser melhor –
principalmente pessoas que são fortes exatamente onde você é fraco.
Durante
muito tempo eu não entendi isso. Na maioria das vezes eu escolhia passar meu tempo
com quem tinha as mesmas fraquezas que eu. Eles não me faziam melhor. Eles também
não estavam preocupados em serem melhores. Eles estavam por ai em busca do barato
mais rápido, da excitação barata e da próxima festa.
...VOCÊ
PRECISA SE CERCAR DE PESSOAS QUE TE FAÇAM QUERER SER MELHOR.
Ninguém
me forçou a fugir com essas más companhias. Eu escolhi sair com eles quando eu não
queria mais ouvir o que as pessoas positivas e solícitas, incluindo os rapazes
da banda, tinham pra me dizer. Existem leis da atração na ciência e na vida,
também. É fato que quando você
tem uma atitude negativa, você atrai pessoas negativas, assim como quando você
tem uma atitude positiva, você atrai pessoas positivas.
Eu
estive com os dois tipos e não há dúvidas de qual deles é melhor pra minha
carreira, saúde e espírito. É interessante ver que toda vez que eu foco em
desenvolver meus pontos fortes, pessoas positivas e encorajadoras aparecem na
minha vida. Quando eu recaio nas minhas fraquezas, o oposto também aparece.
Então
eu te encorajo a pensar bem no tipo de pessoas que você quer atrair pra sua
vida. E lembre-se que as
melhores pessoas pra você nem sempre vão dizer o que você quer ouvir, mas você pode contar com eles pra te
dizer o que você precisa ouvir. Eu sempre soube que os
membros da minha família substituta – os rapazes dos Backstreet Boys – estavam
lá por mim.
Eles
não são totalmente santos, também, mas eu lembro de pensar, nos nossos
primeiros anos juntos, “Wow, então é assim que é ter uma família e uma vida
normal.” Eu realmente passei a valorizar a amizade deles. Eles queriam que eu
me desse bem e, na maior parte das vezes, eles eram excelentes exemplos.
Entretanto,
algumas vezes eu acabei ignorando-os porque eu não acreditava tanto em mim quanto
eles. Quando os Backstreet
Boys se formou eu imediatamente fiquei muito próximo do Howie Dorough.
Mesmo ele sendo sete anos mais velho que eu, eu acabei passando muito tempo com
ele e a sua família porque eles moravam em Orlando. Seu pai, que era de descendência Irlandesa, era um
oficial da polícia de Orlando que trabalhava com treinamento de cachorros e
como segurança, pra fazer um dinheirinho extra. Sua mãe, que é descendente de
Porto Riquenhos, trabalhava na lanchonete da escola. Howie tinha três irmãs
mais velhas e um irmão, também mais velho, sem mencionar o sem número de
primos. Eu namorei uma das primas dele por um tempo e pude realmente conhecer
bem a família.
Minha amizade com o Howie teve um
efeito muito positivo sobre mim desde o começo. Como a minha própria família, a
família Dorough também não tinha muito dinheiro, mas a dinâmica da família era
totalmente diferente. Eles eram muito carinhosos um com os outros. Eles realmente
pareciam gostar e se importar um com o outro. Passando tempo com eles eu consegui
ver de onde vinha a personalidade do Howie. Nós o chamávamos de “Sweet D” porque ele tinha essa benevolência
dentro dele – uma alma genuinamente doce.
Howie sempre tentou me guiar, assim
como Brian Littrell que, apesar de ser cinco anos mais velho que eu, sempre foi a
personalidade mais velha do grupo. Enquanto criança Brian teve vários problemas de saúde, incluindo um
furo no seu coração e uma infecção bacteriana que podia levá-lo a morte. Ele é
maduro e calmo, o que eu acho que se deve ao fato de ter sido obrigado a
lidar com tantos sérios problemas de saúde, assim como ao fato de ser tão religioso.
Eu costumava dividir o quarto com o Brian quando começamos a excursionar. Tanto ele quanto o Howie eram
como irmãos e até pais pra mim, naquela época.
Durante
nosso processo de gravação, em Londres, em 2012, Brian me lembrou de que meus pais o tinham nomeado como
meu responsável legal durante uma das nossas primeiras turnês Europeias, quando
eu ainda era menor de idade. Eles confiavam tanto no Brian ao ponto de colocá-lo
como o responsável pelo meu bem estar caso alguma coisa acontecesse durante a
viagem. Eu acho que eles nunca me contaram isso, o que eu acho que foi
bom, porque por mais que eu respeite o Brian e tenha nele um exemplo positivo,
eu nunca o vi como uma “figura paterna”.
O que constantemente me faz ficar
impressionado com o Brian é que ele construiu toda a sua vida baseado na sua fé
Cristã. Tudo que ele faz é guiado pelas suas crenças espirituais. Eu
também acredito em Deus, mas eu não me tornei tão Cristão quanto ele. Eu nunca
tinha conhecido ninguém com uma base espiritual tão forte. Nós tivemos várias
discussões sobre fé e religião e eu aprendi muito com ele. Todos nós temos
nossas crenças e interpretações sobre Deus; quem somos nós pra dizermos qual é
mais certa ou melhor do que as outras? Eu amo ciências, por exemplo, e acredito
que existe uma explicação científica pra tudo. Assim como a Katy Perry e a
Megan Fox, eu também admito ficar intrigado pelas ideias apresentadas pelo
programa Ancient Aliens (No Brasil, o programa se
chama ‘Alienígenas do passado’) da History Chanel. Eu brinco
dizendo que as histórias contadas pelo programa sobre relatórios escritos por
antigos astronautas relatando sobre encontros entre humanos e antigos
extraterrestres transcritos em textos históricos, arqueológicos e lendas ajudam
a explicar a minha própria teoria da religião.
Muitas
pessoas tem medo de falar sobre sua fé e espiritualidade se eles não fazem
parte de uma religião especifica. E aqueles que fazem parte de uma religião nem
sempre são tão abertos com aqueles que não comungam da mesma fé. O que eu posso dizer é que tanto
o Brian quanto o Kevin Richardson me ensinaram muito sobre o valor de se deixar
guiar e manter-se pela fé. Eu, por várias vezes, desejei ter a mesma
força que eles nesse departamento, mas eu não tive esse pano de fundo
espiritual que eles tiveram enquanto cresciam em famílias que frequentavam a
igreja.
Kevin é nove anos mais velho que eu e,
nos primeiros anos de banda, eu o achava meio intimidante. Eu sempre o vi como
uma grande águia que me olhava de cima pra baixo (Dá-se a entender
que é com desprezo ou desdém). Ele é muito disciplinado e de opiniões fortes. Kevin foi o capitão do
seu time de futebol e tem uma mentalidade quase que de sargento, o que
de alguma forma é bom, mas eu nem sempre respondi bem aos seus métodos. Ele amoleceu bastante com os
anos, claro, e eu também mudei e cresci.
Eu costumava me sentir como se ele
estivesse constantemente me avaliando, mas eu acabei entendendo que ele só
queria o meu bem. Como eu falarei mais pra frente, no livro, ele fez algumas
coisas que realmente me ajudaram a mudar a minha vida. Eu também aprecio o fato
de que o Kevin está sempre trabalhando para ampliar seus conhecimentos através
de leituras e se abrindo para novos assuntos e ideias. Eu tentei fazer o mesmo
e nós tivemos ótimas discussões, principalmente sobre saúde e alimentação.
O outro membro do grupo, A.J. McLean, é
só dois anos mais velho que eu. A.J. vem de um contexto familiar mais parecido
com o meu. Seus pais se divorciaram quando ele tinha quatro anos de idade. Sua
mãe solteira o criou. Ele é um cara muito criativo e independente com uma visão
única das coisas.
A.J.
teve alguns problemas com álcool e drogas, assim como eu. Kevin se fez bastante
presente na tentativa de ajudá-lo, também, liderando uma intervenção para fazer
com que o A.J. fosse para a reabilitação e procurasse os Alcoólatras Anônimos. Ver o A.J. passar por toda essa
experiência e superá-la me ajudou a ver os benefícios de procurar uma ajuda profissional.
Seu exemplo também me ensinou que as pessoas podem cometer erros e corrigir as
suas vidas, mas isso requer muito trabalho.
Nós
cinco viemos de vários contextos diferentes, mas nós todos compartilhamos do
mesmo amor pela música e a dedicação por tentarmos ser o melhor que podemos
para nós mesmos e para um ao outro. Meu objetivo ao contar sobre meus
companheiros de banda e o nosso relacionamento é mostrar que quando você
identifica os seus pontos fortes e trabalha pra desenvolver seus dons e
talentos, você acaba atraindo pessoas com aspirações e objetivos parecidos. E
isso é muito bom.
ELES
IRÃO INVESTIR EM VOCÊ QUANDO VIREM VOCÊ INVESTINDO EM SI MESMO.
Eu
acabei percebendo que as pessoas mais positivas e que me deram mais apoio foram
aquelas que eu conheci através da música. É muito raro, na vida, conhecer uma
ou até duas pessoas que realmente desejam que você seja alguém bem sucedido. É
ainda mais raro encontrar alguém que se levante e te diga que você está indo
pelo caminho errado e te ajude a voltar a caminhar nos trilhos. Eu fui abençoado de poder contar
com mais amigos fiéis e que realmente se importam comigo do que eu
provavelmente mereço.
O
segredo pra atrair pessoas positivas e que irão de apoiar na sua vida é
simples: Eles irão investir em você quando virem você investindo em si mesmo.
Quando você trabalha para desenvolver os seus pontos fortes você ficará
surpreso em ver quantas pessoas torcem por você. Eu sei porque eu vivi isso
várias vezes, como vou contar nos próximos capítulos.