- O que toda mulher inteligente
deve saber é que-
O
negócio é não dar a ele nenhuma garantia.
Aquela noite eu tive um monte de sonhos malucos, em alguns Wood
me puxava pela mão de um lado e Sirius me puxava do outro e ficava dizendo “Mas
eu sou mais gostoso que ele, Lene, me escolhe, me escolhe!”, em outros Sirius
me dizia que ia casar e saia caminhando e quando eu olhava pra ele, ele estava
indo em direção ao altar, e cada hora tinha uma gryndylow de saia diferente
esperando por ele, agora ele caminhava lindo, maravilhoso e tudo de bom em
direção ao altar, e quando olhei para o altar a Murta que geme estava esperando
por ele, vestida de branco, cantando uma ópera desafinada, e quando eu abri os
olhos, na verdade era a porra do meu despertador que estava com essa maldita
música enfeitiçada no toque do despertador.
— QUEM FOI A FILHA DE UMA SEREIANA QUE COLOCOU ISSO NO MEU
DESPERTADOR? – Nem precisei de uma resposta uma vez que Lilian Evans, Emmeline
Vance e Alice estavam gargalhando no nosso dormitório, já todas prontas e
arrumadas para o café da manhã.
— Descobrimos um jeito de te
acordar rapidinho, Lene. – Emme gargalhou e eu lancei meu olhar de basílisco em
sua direção enquanto apertava socava meu despertador enlouquecidamente numa
tentativa de parar aquela música maldita.
— HAHAHA, que engraçadinhas! –
Peguei meu travesseiro e joguei em cima delas que saíram gritando e rindo.
— Anda logo sua lesma dorminhoca.
– Gritou Emme enquanto ia saindo do dormitório. – Vamos te esperar no
refeitório.
Eu já disse o quanto odeio essas
meninas? Idiotas. Elas ainda me pagam.
Me levantei ainda sonolenta e
corri para o banho, era melhor me apressar ou perderia o jogo.
Me arrumei o mais rápido que
consegui, isso significa que demorei mais ou menos meia hora pra me arrumar no
básico, coloquei uma roupinha mais bonitinha, afinal, hoje era sábado e eu não
precisava usar o uniforme de sempre, por isso diante do sol maravilhoso que
fazia do lado de fora da minha janela, eu coloquei uma blusinha vermelho
esmeralda, de alcinha, que ganhara de aniversário ano passado, um short jeans
que ia até abaixo da minha coxa (acredite, ele ainda é MUITO maior do que o
short daquelas sirienas da Sonserina com aquelas perninhas de pernilongo,
grandes e finas), uma sandália com um salto baixo, mas que me esticava um pouco
e me deixava com as coxas mais bonitas, passei um batom rosa claro e uma
maquiagem que combinasse com a blusa, mas nada forçado, o mais natural
possível.
Quando desci para o refeitório o
colégio inteiro já estava lá, o lado da Sonserina, como sempre, usando as cores
dos outros times que jogariam contra a Grifinória, o que significava que
naquele dia estavam usando cores em apoio a Corvinal. Coitadinhos, eles
adoravam ficar do lado dos perdedores.
Losers. HAHA.
Todos os alunos da Grifinória
usavam roupas ou peças vermelhas, alguns usavam parte do uniforme da Grifinória
em apoio TOTAL aos nossos jogadores que eram, sem sombra de dúvidas, os
melhores (e os mais lindos e gostosos, com toda certeza absoluta).
Parei a porta e olhei para ver se
encontrava as meninas em meio àquela zona que estava o salão principal, o que
sempre acontecia antes dos jogos. Sorri quando percebi que elas estavam perto
dos marotos, Lilly (curiosamente) ao lado de James, Emme, de frente pra Lilly,
ao lado de Remus (óbvio) e Sirius ao lado de Remus, com Frank a sua frente e
Alice ao lado do namorado. Meus olhos cruzaram com os olhos de Sirius, que
sorriu, mas foi Emme quem acenou para que eu me encaminhasse até eles.
Senti meu peito se encher de alegria
quando vi o sorriso de Sirius e rumei em direção a ele, sem conseguir desviar
os olhos, mas essa conexão entre nós dois não durou muito tempo, quando alguém
parou, me fazendo parar no meio do caminho, desviei os olhos de Sirius para ver
outro ser lindo na minha frente: John Wood.
Ele já estava vestido com o
uniforme da Grifinória, a camisa vermelha número um, com seu nome nas costas
“Wood”. Era a coisa mais linda que meus olhos podiam ver naquela manhã, depois
do Sirius, é claro!
Ele sorria lindamente, um sorriso
bem escancarado, como se nem se lembrasse que na noite passada eu saíra
correndo deixando ele e Sirius sozinhos no meio do corredor dos amassos; Não,
aquele sorriso parecia que eu tinha ficado com ele a noite inteira lá naqueles
bequinhos fazendo só o que minha imaginação é capaz de saber.
— Oi, Marlene, você tá linda! –
Sorri, radiante, diante do elogio dele, sentindo que minhas bochechas
esquentavam levemente, enquanto eu puxava uma mecha do meu cabelo sem saber o
que fazer ou o que falar diante daquele olhar e aquele sorriso. Ah, se meu
coração já não tivesse dono, ele passaria a ter um naquele momento.
— Você também está muito bonito.
– E gato, e gostoso pra CARALHO, com
aquela camisa do uniforme marcando seus músculos bem definidos, aquela calça do
uniforme marcando a coxa grossa, Mamamia aquilo não era um pedaço de mal
caminho, ele era o mal caminho inteiro, em carne e osso, e músculos!
Passei dois dedos pela camisa
dele com vontade de tocá-lo, mas com medo ao mesmo tempo e no mesmo instante
tive a impressão de que alguém me observava, o que fez meu coração disparar e
meus olhos desviarem para a mesa da Grifinória. Wood virou-se de lado para ver
quem eu olhava enquanto meus olhos encontravam-se com os olhos de Sirius que
nos observava de longe e depois vira-se para conversar com James. Eu daria TUDO
para ser uma mosquinha naquele momento e sair voando até lá para ouvir o que
eles conversavam. Será que estavam falando de mim? Será que o Sirius achava que
eu e o Wood estávamos tendo alguma coisa? Será que ele se importava mesmo com
isso?
— Olha, desculpa por ontem... Eu não
sabia que você e o Black estavam... juntos... – Voltei meus olhos e minha
atenção à Wood franzindo a testa sem entender.
Peraí, ele achava que eu e o Sirius...?
— Que? Nãooo, não, eu e o Sirius
a gente não... Nós não... nós somos só... amigos. – Gaguejei tanto que nem sei
se o Wood entendeu ou acreditou.., Bom, eu não estava mentindo em nada, certo?
Ele pigarreou e virou-se
novamente de frente para mim.
— Ah.. bom... Não vai me desejar
boa sorte? – Percebi que a bochecha dele ficou levemente rosada e sorri por
dentro, se o Sirius não estava afim de mim e nem nada do tipo naquela altura do
campeonato com todas aquelas coisas do plano Conquistando SB, uma coisa eu
tinha certeza: Sem fazer absolutamente nada, eu tinha John Wood caidinho por
mim.
Como a vida é irônica, não é
mesmo?
Sorri, docemente, vendo pelo
canto dos olhos que Sirius voltara a me observar e dessa vez resolvi ser bem ousada.
Me aproximei de Wood como se
fosse dar um beijo em sua boca, e beijei o rosto dele um pouco mais demorado do
que o normal, antes de dizer, cheia de sorrisos.
— Boa sorte no jogo!
Pisquei e sai caminhando linda e
loira (sqn) em direção à mesa da Grifinória.
Quando me sentei à mesa, meio que
de propósito não olhei em direção a Sirius, em vez disso, me ajeitei toda
sorridente ao lado de Emme e fingi estar tão radiante como se tivesse acabado
de beijar aquele ator trouxa que a Lilly adorava, James Dean, bom, eu tinha
acabado de dar um beijo no rosto do (cheirooooso) John Wood, que era quase o
James Dean de Hogwarts. Quase, faltava só uns quesitos básicos como tipo, ser
loiro, ter olhos azuis, e ser só o homem mais gostoso e maravilhoso do mundo,
mas fora isso, ele se encaixava perfeitamente.
Percebi o olhar de Sirius sobre
mim por cima de Emme, mas fingi nem ver e me servi normalmente me enfiando no meio
da conversa do pessoal, que estavam bem animados para o jogo.
— Eu não sei porque eles insistem
em torcer para o time adversário toda vez que a Grifinória joga com alguém, por
que eles não admitem logo que somos os melhores e torcem por nós de uma vez? –
Dizia uma Lilly animada, tirando sorrisos imensos de James sentado ao seu lado
que, ao meu ver, parecia que ia ter um ataque cardíaco a qualquer momento de
tanta felicidade por ter Lilly ao seu lado tão normal, alegre, falante, linda,
cheirosa e sorridente, o que seria bem ruim para o time da Grifinória, se o
James tivesse um ataque cardíaco, diga-se de passagem.
— Isso é um fato. – Disse Sirius,
naturalmente e meio sério. – Somos os melhores. – E então todo mundo caiu na
gargalhada, concordando plenamente com aquelas palavras. — Não queria falar
nada não, mas... somos realmente os melhores.
Todo mundo concordou com a
cabeça, se sentindo orgulhosos de torcer para aquele time e pertencer àquela casa,
imagina só como devia ser horrível estudar na casa da Sonserina, ter um monte
de gente metida e esnobe ao seu redor, você não poder contar de verdade com
ninguém, porque pessoas metidas e esnobes sempre são falsas, e estar sempre do
lado perdedor, tenho até pena deles, só que... Não.
Vi Lilly e James trocarem um
olhar estranho antes de ele se levantar, estufando o peito e pigarreando baixo
antes de dizer em voz alta.
— Jogadores da Grifinória...
Preparados? – Sirius se levantou, também estufando o peito como se sentisse
muito orgulhoso de jogar naquela casa, o que eu acho mesmo que ele sentia, eu
sentia orgulho só de torcer, imagina fazer parte mesmo daquilo. Um urro ensurdecedor
encheu todo o salão principal enquanto aos poucos os demais jogadores da
Grifinória iam se aproximando de nós na mesa enquanto James e Sirius ficavam
lá, parados, com a mão fechada no peito sobre o símbolo da casa da Grifinória,
quase como os jogadores da Seleção da Irlanda ficavam na Copa Mundial de
Quadribol antes do jogo, sabe, só que era a nossa seleção, a seleção Grifinória.
Não consegui ver a cara do
pessoal da Sonserina, mas eu aposto que estavam com aquela cara de sempre, de
esnobes, enjoados, nojinho e narizinho empinados e no fundo, no fundo,
morreeendo de inveja da gente. Haha
James e Sirius saíram da mesa
onde todos nós estávamos sentados e se juntaram ao resto do time que estavam a
volta, e eu me levantei também quando Emme, Lilly, Alice, Remus e todo o resto da Grifinória se levantou para assistir os meninos se agruparem para depois
seguirem juntos em direção a saída do refeitório, para irem ao vestiário se
concentrarem para o jogo.
Senti um aperto no peito e meu
coração disparar quando olhei para Sirius, tão lindo, os cabelos espetados, a
camisa vermelha do time deixando os músculos do braço e o peitoral forte bem
visível naquela camiseta onde nas costas estava escrito “Black”, o sorriso
enorme lindo nos lábios e o brilho de orgulho no olhar enquanto caminhava junto
com os seus amigos, parceiros de time, camaradas, irmãos. Era tão lindo, tão
perfeito, tão maravilhoso que dessa vez eu não conseguiria disfarçar o quanto
meu coração era dele se ele me olhasse, e se qualquer pessoa me olhasse veria
escrito na minha testa “Eu amo Sirius Black, sim, mesmo, muito. Caralho como eu
amo o Sirius!”.
Tipo assim mesmo.
Mal dava para acreditar que na
noite passada ele insinuara que queria alguma coisa comigo, será que aquilo
realmente acontecera ou fora um sonho? Uma ilusão da minha mente louca e
apaixonada?
Vi o olhar certeiro de Emme me
encarando vendo minha cara de boba apaixonada e ri alto, como se tivesse
acabado de descobrir que ganhara na loteria ou que Sirius Black pedira para namorar
comigo, quase as duas coisas ao mesmo tempo, e me sentei na mesa com o resto da
turma da Grifinória e as meninas ao meu redor, e tenho certeza absoluta que
Emme segurou a língua para não me perguntar sobre a noite passada apenas porque
Remus continuava ao seu lado agora conversando com Frank que voltara a se
sentar ao lado de Alice, e eu desliguei-me de todo o resto enquanto ficava ali,
sentada, imaginando o que teria acontecido se na noite passada apenas eu e o Sirius
tivéssemos saído para tomar um ar, e senti meu coração saltitando mais que um
bambi por um vale de flores, estupidamente feliz e idiota.
Mais ou menos meia hora depois
eu, Emme, Lilly, Alice, Frank e Remus estávamos todos sentados na arquibancada enquanto
todo o resto da escola ia chegando enquanto do outro lado do estádio de
Hogwarts os alunos da Corvinal iam sentando para assistir ao jogo junto o
pessoal da Sonserina, é claro. Coitadinhos.
Os jogadores iam entrando no
campo quando senti uma cotovelada de Emme nas costelas, o que me fez praguejar
e olhar feio pra ela, que riu sapeca, como quem diz “Ah sua safadinha, pegou
dois ontem e nem pra me contar os detalhes né.” Quem dera.
— Que foi? – Eu disse,
inocentemente, no que ela abriu um sorriso ainda maior.
— Não vai me contar o que rolou
ontem naquele passeio a três? – Quando eu saíra correndo na noite anterior,
deixando Sirius e Wood sozinho, fui incapaz de voltar para o salão comunal, por
isso, escondida, eu fiquei nos jardins por um bom tempo, pensando em tudo que
acontecera e tentando entender; Conclusão, não entendi porra nenhuma.
— Não rolou nada. – Eu disse, o
que era metade verdade, metade não. Não rolara nada, mas rolara aquilo, o que
fora aquilo afinal de contas? Se você não entendeu, imagine eu.
Emme ergueu uma das sobrancelhas
de maneira interrogativa e de quem não acreditava, e eu ri diante daquele
olhar. – Mas rolou uma coisa.
— Eu sabia. – Ela gargalhou, o que chamou a atenção de Lilly que estava
animadamente conversando com Alice, e se virou para nos olhar, já toda curiosa.
— O que aconteceu?? – Eu ri
diante das duas e revirei os olhos, voltando a atenção para o campo onde Sirius,
lindo e maravilhoso, que se aquecia junto com os outros jogadores. Olhei para
ele por um tempo, pensando em tudo que acontecera, e suspirei, o que causou
mais desconfiança em Emme.
— Me conta TUDO. Anda! – Eu ri
alto e virei-me de lado para olhar para as duas e fiz o meu relato básico de
todos os acontecimentos nos mínimos detalhes.
Quando terminei de contar eu só
via a cara de incrédula de Lilly e a cara de inconformada de Emme.
— Você correu? Jura? Você só pode
estar brincando! – Eu revirei os olhos enquanto ouvia a voz de Lilly.
— O Sirius e o Wood queriam ficar
com você? Os dois? – Eu ri, era mesmo inacreditável, eu sei.
— Foi muito confuso, eu demorei
pra entender o que tava acontecendo...
— Claaaro. – Eu fiz uma careta à
brincadeira de Emme, que riu, e eu continuei.
— E daí o Sirius chegou perto de
mim com tudo, eu pensei que ele ia me beijar, mas daí ele me disse “é ele, Lene?”,
e eu fiquei assim... hã?
— Meu Deus! Ele pensou que o tal
garoto que você tava afim era o Wood! – Lilly levou as duas mãos a boca e Emme
gargalhou de uma maneira como quem gostara muito do que ouviu.
— Eu sabia que meu plano ia dar
certo!
— Olha no que você me meteu. – Eu
disse contrariada e ela revirou os olhos e fez uma careta em meio aos risos.
— Você devia estar me agradecendo
de joelhos amiga, o Sirius está a um passo de estar nas suas mãos.
Acho que a Emme pirou de vez ou
ela tomou muito sol na cabeça.
— Quem dera.
— E ainda ganhou o Wood de
bandeja, de graça. – Emendou Lilly e eu revirei os olhos.
Acho que as duas acordaram cedo e
foram tomar banho de sol na laje. Muito sol na cabeça dá nisso.
— Vocês duas estão exagerando. Eu
não ganhei o Sirius e estou longe de ganhar. Eu não sei o que aconteceu ontem,
mas acho que não é pra tanto. Acho só que o Sirius não queria sair por baixo
naquilo. Só coisa de meninos.
— Lene, ele não ia querer arrumar
encrenca com o amigo dele de time se não estivesse sentindo um pinguinho de
nada.
— Um pinguinho de que? – Encarei
Emme e ergui as sobrancelhas, essa eu queria ver. Um pinguinho de que? Aposto
que ele só pensou que eu seria só mais uma igual aquelas lombrigas de saia que
ele estava acostumado. Como a Anna, por exemplo.
Virei o rosto, exasperada e
voltei meus olhos para o campo no momento em que o juiz apitava o início do
jogo, olhei para Sirius parado próximo a grande área, já dando um impulso na
vassoura e se perdendo pelo céu, e olhei para o outro lado onde Wood estava
parado montado na vassoura em frente ao gol, protegendo-o. Eu não sei o que
eles estavam pensando ontem à noite, mas eu tinha certeza que não tinha nada a
ver com aquela palavra que não saia da minha cabeça quando eu pensava em Sirius,
e que começava com a letra A.
Aquela palavra tão temida pelos
meninos.
— Esquece isso. – Eu disse,
simplesmente, antes que Emme recomeçasse seu discurso de que o Sirius já estava
apaixonado por mim e só me enchesse de ilusão, naquele tempo todo em que eu
estava apaixonado por ele eu aprendera uma coisa e não queria esquecer aquilo:
Nunca se iluda porque ilusão só causa mais sofrimento, seja realista por mais
duro que seja, a verdade dói muito menos do que ficar achando que tem coisas
onde não tem e se decepcionar atoa depois.
O jogo foi mais disputado do que
o normal, era quase como se a Grifinória estivesse jogando contra a Sonserina,
só que era só a Corvinal tentando ser uma Sonserina, não que a Sonserina fosse
boa, mas era chata, apelava e acabava complicando os jogos para nós, e esse
estava mais ou menos assim.
Sirius e os outros atacantes estavam sendo mega
marcados, Wood estava tendo bastante trabalho no gol fazendo defesas
espetaculares.
O resto do time se perdeu diversas
vezes, estavam meio desconcentrados e perdiam umas jogadas, bobas, o que
deixava todos mais nervosos.
Eu gritei tanto nesse jogo que
quando o Sirius desviou de um balaço, passou por um, dois, três e passou a
goles para outro atacante sozinho na frente do gol, acertando-a com tanta força que
se tivesse uma rede lá teria perfurado, no momento em que víamos o James capturando o pomo de ouro, eu já estava pulando e gritando que nem
louca antes mesmo da bola passar pelo aro, o que demorou apenas alguns segundos
depois de toda a jogada para acontecer, e o James sacudia a mão no ar com o pomo sacudindo segura em sua mão.
E quando o juiz finalmente apitou
o final do jogo, eu caí sentada na cadeira da arquibancada aliviada, tínhamos
vencido.
Ufa, agora era só esperar dois
finais de semana para a grande final, que ia ser osso duro de roer: Grifinória
versus Sonserina.
O bicho ia pegar.
Fiquei sentada com as meninas na
arquibancada por mais um bom tempo enquanto esperávamos o estádio ir
esvaziando, sair no meio da muvuca era horrível demais, por isso compramos
alguns sanduiches e sapos de chocolate de uma vendedora ali próxima e voltamos
a nossos lugares onde ficamos comendo e conversando sobre os momentos mais
tensos do jogo.
Enquanto os jogadores iam deixando
o campo, comemorando, vi Sirius e James seguindo em direção ao vestiário,
Sirius maravilhosamente perfeito sem camisa, todo soado, era a coisa mais
perfeita que eu podia ver na minha existência, mesmo de longe. Daria tudo para
encontrar com ele assim, sozinho, num quarto trancado.
Ai, ai, ai.
Ri de mim mesma, o que nem causou
desconfiança em ninguém diante daquele clima descontraído de vitória, e voltei
minha atenção as meninas e a Remus e Frank que também estavam por ali ainda
conversando.
Mais ou menos vinte minutos
depois, nós descíamos da arquibancada e seguíamos pelos gramados ao lado em
direção ao castelo, que ficava subindo um grande morrinho, lá em cima, no alto,
o castelo, lindo com suas torres, só que sem príncipes, e passagens secretas e
tudo mais. Era apenas um castelo antigo demais e grande demais, com uns mil
metros de comprimento, só que nem tanto.
O estádio do campo de quadribol era cercado por um
gramado e de cada lado dele tinha um vestiário, um para o time da casa e o
outro para o visitante, como não recebíamos outros times ali, era para o time que não era o mandante no jogo.
Quando estávamos começando a
subir o morro gramado que nos daria acesso mais rápido e ágil ao castelo,
percebi que tinha alguns garotos correndo em direção ao vestiário esquerdo,
onde o time da Grifinória provavelmente ainda estava, e olhei achando estranho.
— Eu juro que eu pensei que íamos
mesmo perder. – Emme ia dizendo, enquanto todo mundo ainda conversava animados
sobre o jogo.
— Eu também, minha nossa, quase
morri quando vi o Sirius na vassoura desviando de todo mundo com a goles na mão.
Merlin do céu! – Todo mundo riu com o comentário de Lilly, mas eu não conseguia
prestar muita atenção naquele momento. Meus olhos estavam descendo junto com
uns três ou quatro garotos que corriam em direção ao fundo do vestiário.
O que eles iam fazer lá?
Parei e me virei, para olhar para
trás, vi Wood e alguns jogadores saindo do vestiário, dessa vez (infelizmente)
Wood estava vestido e com uma camisa cobrindo seu peitoral maravilhoso, mas eu
nem consegui ficar muito triste com isso, porque quando vi dois garotos
passando atrás do vestiário, o ultimo me chamou muito a atenção.
— Aquele não é o Snape? – Eu
perguntei sem nem prestar atenção de que as meninas já estavam há uns dez
passos de distância de mim e nem sequer ouviram direito minha pergunta.
— O que foi, Lene? – Me virei
para eles e vi Remus e Emme mais acima conversando, enquanto Lilly, Alice e
Frank me olhavam interrogativos.
Alguma coisa errada estava
acontecendo ou ia acontecer.
O que snape ia fazer atrás do
vestiário do time da Grifinória? Coisa boa não era, eu tinha certeza disso.
Não pensei duas vezes.
Para variar, me virei e sai
correndo, dessa vez em direção a um vestiário masculino, cheio de homens
pelados, tomando uma ducha depois de uma partida de quadribol.
Que maravilha!
Quando me aproximei vi três
jogadores da Grifinória saindo e parei ofegante na frente deles que me olharam
sem entender nada.
— O... O Sirius ainda está no... no vestiário? – Perguntei, meio ofegante. E
eles riram, como se eu fosse uma daquelas sirienas que ficavam atrás dele, o
que me deixou irritada.
— Está sim, tá lá dentro com o
James. – Disse um deles, e outro, idiota, emendou, risonho.
— Melhor você esperar o James
sair antes, heim. – E riram os três, saindo e me deixando puta de raiva.
Idiotas.
Caminhei, meio tensa, até a porta
do vestiário e parei, olhando para dentro.
Estava aberta, mas eu não ouvia
barulho de chuveiro nem nada. Será que o Sirius e o James realmente estavam lá
dentro ainda? Será que estavam pelados?
Ai, senhor, diante desse pensamento,
eu tremi e dei um passo para trás, antes de ouvir a risada alta de James.
Eles ainda estavam lá, o que será
que estavam conversando?
Okay, Okay, eu sei o que você
está pensando.
Eu estava na porta do vestiário
masculino de um time de quadribol, eles provavelmente estavam pelados, alguém
podia me ver ali, parada, espionando e me denunciar para o Filch, ou pior, para
o diretor e eu levar uma suspensão ou pior ainda, chamarem os meus pais, o que
seria bem vergonhoso, imagine, contarem para os meus pais que eu era acusada de
espionar o vestiário masculino cheio de homens tomando banho.
O que meus pais iam pensar de
mim?
Mas eu estava ali, só eu, talvez
ninguém me visse, nem eles, era a minha oportunidade única na vida de descobrir
o que os meninos conversavam quando estavam sozinhos, será que eles falavam mesmo
só de quadribol e vassouras? E o que será que falavam das meninas? Será que
falavam de alguém que eu conhecia? Será que o James falaria da Lilly? Será que
o Sirius falaria de mim?
Sem pensar em outra coisa,
surrupiei, silenciosamente, pela porta, entrando devagarinho, e me encostando
na parede, meio escondida, ouvindo, dessa vez, a voz de Sirius e James muito
mais nitidamente.
Eles estavam mesmo conversando, e
pelo que parecia, só tinha os dois ali.
— Eu sei cara, mas, de verdade,
eu não estou nem um pouco afim. – Era a voz de Sirius, e eu congelei por
dentro.
Sobre o que será que ele estava
falando?
Ai Merlin, como eu daria tudo
para ser uma mosquinha naquele momento. (E poder ver ele pelado, pelo menos uma
vez na minha vida. hehehe).
— Ela tá um grude em cima de você,
né? – James riu, e eu me senti congelar ainda mais por dentro. Será que estavam
falando de mim?
Não, não era possível, eu não
estava um grude em Sirius. Não que ele soubesse.
— Putamerda, cara, grude é pouco.
Como eu faço pra me livrar daquela garota? Tá pior do que chiclete.
— Pior do que a Valentina?
— Puuuuts. – James gargalhou e
Sirius riu em seguida. Acho que eles não estavam falando de mim mesmo, mas de
outra lambisgóia que não saia do pé de Sirius.
Normal.
Valentina era uma garota do quinto
ano que Sirius tinha ficado algumas vezes ano passado, pelo que eu sabia
(infelizmente, eu sempre sabia), ele tinha ficado com ela duas vezes, depois da
segunda, a menina encarnou o papel da namorada e ficava colada em Sirius dia e
noite, com ou sem os meninos a volta, ela não tinha o menor senso e Sirius deu
diversas patadas nela até ela entender que ele não queria nada com ela e NEM
era namorado dela, o que eu dei graças a Deus quando ela finalmente entendeu.
Ele não era e nem nunca seria namorado dela, e eu esperava que nem namorado de
ninguém nunca, também. A não ser eu, é claro.
— Nem me lembre. Mas tá quase
viu. – Sirius riu, desanimado, e um silencio predominou por um momento.
Ouvi barulho de perfume sendo
espirrado e um cheiro maravilhoso invadiu minhas narinas, era o perfume do
Sirius.
Por um momento eu imaginei ele
ali, dentro do vestiário, sem camisa, com a calça jeans baixa deixando à mostra
as entradas da cintura, o peitoral malhado, forte, gostoso, agora todo molhado
pelo perfume, os cabelos molhados e ele passando a mão neles para deixar os
fios para cima.
Era a ilusão do paraíso.
Voltei a mim quando ouvi a voz de
James, mas como eu estava em transe, não consegui entender o que ele perguntou,
só ouvi a voz de Sirius em resposta.
— Ah cara, ela está diferente
ultimamente, sei lá, tem alguma coisa nela que não tinha antes que.. não sei. –
Ele deu um tempo, como se estivesse pensando, e eu ouvi uma risadinha de James.
— Ou que você não via.
— É. – Disse Sirius,
simplesmente, e um silencio reinou por alguns segundos.
— Ela não é garota pra uma noite
só, cara.
Congelei por dentro. Minha nossa
senhora do Bonfim, será que eles estavam falando de mim?
— Tô ligado, mas eu não tô afim
de me amarrar, cara.
— Acho que você já está amarrado,
meu caro almofadinhas – James deu uma risadinha e eu dei um pulo de susto
quando uma porta de armário se fechou com tudo, fazendo um enorme “PAH” ecoar
pelo vestiário e ouvi barulho de passos em seguida.
Alguém estava saindo.
Meu Merlin!
Virei para todo lado desesperada
e vi uma portinha logo atrás de mim, sem nem conseguir pensar antes o que era
aquilo, eu abri a porta e entrei com tudo, puxando-a sem fechar completamente
com medo do barulho da porta se fechando chamar a atenção deles.
Estava escuro e quente dentro
desse lugar que parecia uma sala de refrigeração, ou apenas a sala de
aquecedor, e eu fiquei em silencio absoluto, enquanto ia ouvindo passos lentos
em direção a saída.
— Vê se não morre aí, heim
Almofadinhas.- Eu não consegui ouvir a resposta anterior de Sirius diante da
afirmação de James, e pelo meu coração disparado no peito naquele momento, eu
nem sei se conseguiria ouvir a resposta dele agora.
Ouvi os passos ficando mais forte
e um vulto por baixo da porta sinalizando que James estava passando em direção
a saída e suspirei aliviada. James tinha saído e agora Sirius estava sozinho
dentro do vestiário.
Era a minha chance. De que?
Empurrei a porta lentamente e
espiei para fora.
Vazio.
Olhei pela porta que dava acesso
a saída e vi James caminhando em direção ao castelo e então voltei-me para
dentro do vestiário, pisando na ponta dos pés enquanto adentrava,
silenciosamente.
Ouvi barulhos do armário, como se
o Sirius estivesse mexendo dentro dele, e depois um barulho de assobio.
Ele estava cantarolando em
assobio, baixinho, parecia descontraído ali, sozinho, enquanto se arrumava.
Será que ele já estava vestido?
Será que eu podia entrar?
Mas eu ia dizer o que?
O que eu tinha ido fazer ali
mesmo?
Snape. Claro, eu tinha visto Snape
correr para os fundos do vestiário da Grifinória, mas se Snape tinha ido
aprontar alguma coisa, porque ele não tinha feito nada ainda quando James e Sirius
estavam sozinhos ali?
Mais uma vez, lá estava eu com a
possibilidade de ser expulsa se alguém me pegasse ali, ou de me virar e fazer o
que eu sabia fazer de melhor, que era correr para longe ou eu aproveitava minha
chance única de ver Sirius dentro do vestiário.
Não pensei duas vezes, respirei
fundo, e pisei firme no chão, dando alguns passos à frente, e então chamei.
— Sirius?
Silencio.
Dei mais alguns passos e dessa
vez parei de repente, sentindo meu peito e meu corpo inteiro congelar por
dentro.
— Marlene? – Ele pareceu
assustado, como se não esperasse me ver ali, de repente, na verdade, ele não
esperava mesmo. Aquele era um vestiário masculino, a última coisa que ele esperava
era ver uma menina, ou eu, entrando
ali, de repente. – Tá fazendo o que aqui?
Fiquei parada, congelada, sem
conseguir emitir um único som, sem conseguir mexer um musculo sequer. A visão
que eu tinha era mil vezes melhor do que da minha imaginação.
Na minha frente eu tinha Sirius
Black, parado, lindo, maravilhoso e... Seminu.
Vou começar descrevendo-o de cima
para baixo só para você entender minha situação.
Os cabelos dele estavam molhados,
espetados para todos os lados como se ele tivesse passado a mão neles, os
espalhando, algumas gotas ainda desciam pelo rosto de Sirius que me sorria, de
lado, surpreso e sapeca, ao mesmo tempo. O peitoral malhado estava nu, molhado,
eu tinha certeza que o molhado do peitoral era uma mistura da água do chuveiro
com o perfume que eu senti o cheiro antes, e tinha gotas descendo pelo peitoral
até a barriga malhada e descendo até se perder nas entradas da cintura, e logo
abaixo da barriga, ele tinha uma toalha branca, enrolada em volta da cintura.
Era a visão perfeita do paraíso.
Era quase como se eu tivesse
morrido e estivesse vendo anjos na minha frente, na verdade, um anjo, um anjo
tentador, lindo, maravilhoso, gostoso, perfeito, putaquepariu, alguém me
belisca, me chacoalha, me dá um tapa na cara, mas faz alguma coisa, qualquer
coisa para que eu pare de olhar para ele e aquele peitoral e aquelas malditas
gotas descendo até o quadril dele e se perdendo no meio da toalha que cobria só
o que minha imaginação era capaz de imaginar, afinal de contas, eu nunca tinha
visto um homem de toalha, imagina pelado.
Imagina só esse homem pelado, que
coisa que devia ser, heim.
Desse jeito eu vou direto para o
inferno.
Ele pigarreou e riu, sem entender
muito, mas com certeza estava rindo da minha cara.
— Perdeu a língua, Lene? – A voz
dele estava um pouco sensual agora, como se ele estivesse brincando comigo, e
eu sacudi a cabeça levemente.
— Perdi a consciência, isso sim.
– Ele riu e eu ri, para disfarçar. Caramba,
como eu faço para parar de olhar para ele com olhar de ‘sai da minha frente ou
eu te agarro’? Porque vai ser difícil eu disfarçar a vontade que eu tô de
agarrar esse menino. Minha nossa senhora dos desesperados.
— Ta fazendo o que aqui? Não
resistiu à vontade de me ver pelado? – Com certeza não resisti mesmo, meu bem,
como você adivinhou?
— Hahaha. – Eu disse, fingindo
uma risadinha falsa e forçada, e ele riu em seguida. – Eu só... vim ver uma
coisa.
— Se era grande? – Ele disse
brincalhão e eu demorei alguns segundos para entender a piada.
— O QUE? Nãooooo, não... nossa,
não... que isso, eu não.. eu... imagina... que isso... – Sirius gargalhou
gostosamente diante da minha exasperação e eu tinha certeza que agora eu estava
mais vermelha que toda a torcida da Grifinória reunida na arquibancada a um
tempo atrás. Estava mais vermelha que um pimentão.
— Você fica uma graça toda
vermelha e sem graça. – Ele tinha se aproximado tanto que eu mal percebi que
ele estava na minha frente até sentir a mão dele no meu rosto, tirando uma
mecha do meu cabelo dos meus olhos.
Senti um arrepio percorrer meu
corpo.
Sirius estava parado na minha
frente só de toalha falando de coisas como ‘se era grande’. Difícil ficar
normal, né camarada.
— Hahaha. – Foi tudo que eu
consegui pensar, molhando os lábios e tentando não olhar demais para o rosto
dele que ainda estava meio úmido do banho, os cabelos molhados deixando gotas
descerem pelo rosto até os lábios vermelhos e grossos, meu senhor, como podia
ser tão perfeito assim?
Como eu podia ser tão apaixonada
assim por esse cara a ponto das minhas pernas ficarem bambas daquele jeito?
Eu ia despencar no chão a
qualquer momento se ele se aproximasse mais um pouquinho que fosse de mim. Ah,
ia!
— E então, vai me dizer o que
veio fazer aqui? – Ele disse, suavemente, e eu fiquei olhando para ele por um
tempo, dessa vez sendo impossível não lembrar do nosso primeiro beijo e da
noite de ontem.
Eu queria muito, mas muito mesmo
perguntar o que tinha acontecido ontem, mas eu sabia que não podia falar, não
podia demonstrar o quanto eu me importava com tudo aquilo, o quanto eu queria
saber o que ele sentia, pensava ou queria em relação a mim. Se eu demonstrasse
eu ia estragar todo o plano de Emme, e colocar minhas pequenas chances no lixão
de vez.
— É que eu vi uns meninos da
Sonserina vindo pra cá e pensei que... –
Zum.
Tudo escureceu e eu dei um pulo para
trás.
Arregalei os olhos e olhei em
direção a Sirius que agora olhava a volta, com as sobrancelhas franzidas,
desconfiado. Ele me olhou e levou os dedos aos lábios como quem pede silencio.
O vestiário inteiro estava no
escuro sendo iluminado apenas pela claridade da luz do sol que penetrava pelos
vidros das pequenas janelas acima nas paredes, mas isso ajudava muito pouco, eu
só conseguia ver o formato das coisas grandes, os bancos no meio do vestiário,
os armários, as portas das divisórias dos banheiros e Sirius parado a minha
frente, pela proximidade dele, eu conseguia ver ele todo, mesmo naquele escuro.
Um barulho ecoou como se alguém
estivesse entrando por outro lado que não pela porta da frente e eu fiquei me
perguntando por onde será que eles pretendiam entrar, aquelas janelinhas eram
pequenas demais.
— Droga. – Sirius praguejou,
baixinho, e segurou minha mão, se aproximando mais de mim para falar em tom
baixo.
— A gente tem que sair daqui, mas
como eu vou sair assim? – Eu, involuntariamente, olhei para baixo quando ele
falou a frase “assim”, e senti uma onda de calor percorrer meu corpo.
Já sei.
E então eu puxei ele em direção a
saída, quando ele viu para onde eu estava o levando, ele retesiou o corpo e parou,
fazendo eu brecar com tudo, ele era muito mais forte que eu.
— Tá louca, Lene? Eu tô pelado,
não posso sair assim! – Uhhh delicia. Pena que aquele não era bem o momento que
eu queria ele pelado só para mim.
— Relaxa, eu sei o que tô
fazendo. – Puxei a mão dele com um pouco de força, e ele ficou parado um pouco,
pensando, analisando se devia ou não confiar em mim, provavelmente lembrando do
dia que ficamos presos na sala das vassouras onde eu salvei a pele dele, ele
resolveu dar um voto de confiança em mim e amoleceu o corpo, me seguindo
enquanto eu puxava ele em direção a saída, mas parando antes e abrindo a porta
da salinha de aquecedores, o puxando para dentro e fechando a porta atrás de
mim.
Me encostei de costas na porta e
ele parou na minha frente.
E aqui estávamos nós, mais uma
vez, presos dentro de uma salinha minúscula e escura. Com uma diferença
gritante dessa vez: Ele estava praticamente nu na minha frente, com o corpo
praticamente colado ao meu.
Minha Nossa Senhora das mulheres
fortes, dai-me forças para resistir.
Ele olhou a volta e depois para
mim e me deu um sorriso cumplice, tipo “Aqui estamos nós, novamente”.
— Estou começando a achar que
você gosta de ficar apertadinha comigo em salinhas pequenas e escuras.
— Adoro. – Eu disse ironicamente
(sqn) em voz baixa, tentando reprimir um riso.
Ele encostou o corpo ainda mais
no meu, não sei se de proposito ou se porque o espaço era muito apertado, eu
podia ver formas grandes e escuras atrás dele, tipo maquinas de aquecedores,
então o espaço era mesmo pequeno.
Ou não era só isso.
Senti a mão dele envolver minha
cintura e o rosto dele encostando lateralmente no meu para em seguida sentir a
respiração dele no meu pescoço e fechei os olhos sentindo meu coração disparar,
rezando para que ele não pudesse sentir, nem ouvir meu coração acelerado ao
peito.
Bom, eu tinha uma boa desculpa para
meu coração estar disparado, né?
— Nossa, você é cheirosa. – Ele
disse baixinho, ao meu ouvido, e eu senti meu corpo inteiro se arrepiar.
Que droga, Sirius, por que você
está fazendo isso?
— Quer parar com isso? – Eu dei
um tapa de leve no peitoral dele, o que eu me arrependi logo quando terminei de
fazer, o toque dos meus dedos naquele peitoral malhado, diretamente na pele
quente e macia dele fez meu estomago revirar por dentro.
Eu sentia tanta vontade de
agarrar ele, mas tanta, que tinha medo de dizer isso em voz alta sem querer ou
de deixar transparecer pela minha respiração que estava cada vez mais acelerada
junto com meu coração que parecia que de repente tinha virado uma bateria e
fazia uma batucada sinistra aqui dentro.
— Por que? Não está gostando? –
Ele deu um risinho baixo, arteiro, e beijou suavemente meu pescoço, me fazendo
encolher e apertar ainda mais os olhos fechados.
Que droga, Sirius.
— Que droga, Sirius. – Deixei meu
pensamento escapar e fiz uma careta logo em seguida.
Droga.
Ele riu, como se gostasse de tudo
aquilo.
— Para com isso! – Empurrei ele e
ele se afastou, para me olhar risonho, dessa vez com o rosto muito, mas muito
perto de mim, meu nariz quase encostava no dele, eu estava quase ficando
zarolha quando tentava olhar para ele.
— A gente podia aproveitar o
momento, já que estamos aqui, sozinhos, apertadinhos. – Ele sorriu,
sapecamente, e eu senti um ser dentro de mim se revirar.
Qual era a dele? O que ele estava
tentando fazer ultimamente?
— Por que você tá fazendo isso? Tá
doido? – Eu tentei falar o mais baixo possível, mas tenho certeza que minha voz
saiu exasperada.
Ele riu e balançou a cabeça, como
se só estivesse brincando comigo.
Acho que estava mesmo, e o nome
da brincadeira era “Como enlouquecer Marlene Mckinnon”.
Ele ganhava de dez mil a zero.
— Tô brincando. – Eu fiz uma
careta. – Foi mal, estou atrapalhando seu lance com o Wood, né?
Eu olhei para ele, desconfiada, o
que ele estava querendo dizer com aquilo?
— Pois é. – Eu disse simplesmente,
e ele dessa vez ficou sério, me olhando.
Molhou os lábios com a língua e eu
engoli em seco diante daquela imagem.
Anda logo, Snape, seja lá o que for que você veio fazer, anda logo com
isso antes que eu cometa uma loucura.
— Ele é um louco se não estiver
afim mesmo de você. – Franzi a testa e o encarei, sem entender, um barulho se
fez presente do lado de fora, mas eu não estava mais nem aí para o barulho,
para a Sonserina, o Snape e cambada.
O que ele queria dizer com
aquilo?
— Por que? – Eu sussurrei, quase
sem voz, o que foi minha sorte porque parecia proposital, mas era apenas eu
sendo incapaz de proferir uma palavra.
O nariz dele roçou no meu e eu
fechei os olhos, involuntariamente, senti a testa de Sirius encostar na minha e senti meu coração
disparando no peito.
Meu Deus, meu Deus, meu Deus.
Ele afastou a testa e eu abri os
olhos para vê-lo, agora muito, mas muito perto mesmo de mim, e engoli em seco,
molhando os lábios em seguida.
Era impressão minha ou ele estava
se aproximando ainda mais?
— Porque você é...incrível! – Ele
ia me beijar, que droga, ele ia me beijar, eu tinha certeza disso.
Fechei os olhos e molhei os
lábios, ansiando por aquele momento mais do que qualquer coisa na minha vida,
afinal de contas, dessa vez não era eu que iria agarrar ele e fazê-lo me
beijar, não ia ser uma noite só num bequinho do corredor dos amassos, não,
seria ele me beijando porque queria, de verdade, sem mais nada, estremeci
quando senti o calor dos lábios dele roçando aos meus, entreabrindo meus lábios
com os seus e sua língua roçando o meu lábio inferior devagar, quando de repente...
“PAH”
Dei um pulo e ele também, e se
afastou de mim.
Arquejei e olhei para ele,
confusa.
Droga.
Alguma coisa tinha caído no chão
do vestiário, antes de vozes começarem a ecoar lá dentro.
Filhos de uma rapariga desgramada!
Que droga, que droga, que droga.
Abaixei os olhos, ofegante,
tentando não olhar para ele e ele encostou em mim novamente, praguejando
baixinho. Acho que no susto que tivemos e no pulo que ele deu, ele bateu as
costas nas maquinas atrás dele.
Vi ele massagear as costas e
praguejar um pouco alto demais.
— Shiuuu! – Eu falei baixinho,
tentando fingir que nada tinha acontecido e voltando minha atenção ao que
estava acontecendo, apenas para me distrair daquele homem divinamente gostoso
colado a mim na minha frente e que acabara de quase me beijar.
— O que você acha que eles estão
fazendo? – Eu sussurrei, baixinho, no momento em que ouvimos mais passos e
vozes do lado de fora.
Snape e a trumpe entraram.
Ele sacudiu a cabeça,
negativamente, estava prestando atenção para descobrir o que acontecia.
Ouvimos barulho como se eles
estivessem tentando abrir os armários e Sirius fez uma careta, estava puto da
vida com Snape, coitados, eles iam pagar caro por aquilo.
— Onde a gente deixa, Severus? –
Ouvimos uma voz, mas eu não reconheci de quem era, o que era bem obvio, eu não
conhecia ninguém da Sonserina a ponto de reconhecer voz, a não ser o Snape e
algumas siriemas nojentas que tinham a voz tão fininha e nojenta que não tinha
como você não reconhecer.
— Vamos tentar abrir alguns
armários e deixar dentro. Quando eles entrarem aqui na próxima vez vão ter uma surpresa
bem fedorenta. – Snape riu e eu fiz uma careta.
O que será que eles estavam
tentando colocar nos armários? Gambás?
— Isso é bobeira, eles vão saber
que fomos nós e vão vir pra cima. – Disse um deles, esse parecia mais perto da
gente, como se estivesse encostado na parede, apenas observando. Outro
respondeu.
— Quem venham.
— Vão pensar que foi os jogadores
da Corvinal, e com isso, vamos começar uma guerra, e ter mais gente do nosso lado
contra eles. – Disse Snape.
Bem espertinho, mas... pra que
tudo isso mesmo?
— Devíamos é fazer algo pra tirar
eles do próximo jogo, isso sim. – Disse esse mesmo menino parado próximo a sala
de aquecedor.
— Mas nós vamos. Isso é só uma
amostra do que os esperam. – Disse Snape, e eu senti uma onda de pânico
percorrer meu corpo. Eu mato esse garoto se ele fizer alguma coisa que machuque
meu Sirius, ah, se mato!
Ele ainda não conhece a ira de
uma garota apaixonada.
Mais alguns barulhos ecoaram pelo
vestiário, estavam abrindo os armários, não sei como, nem com o que, e fechando
depois de colocaram, eu não faço ideia do que, lá dentro.
Eu olhei para Sirius e seu rosto
estava indecifrável, eu não conseguia decifrar o que ele poderia estar pensando
além da vontade de querer matar o Snape, isso era certeza.
Os meninos continuaram lá dentro
por mais um tempo, dessa vez fazendo o serviço sujo em silencio.
Fiquei parada ali, olhando para Sirius,
sentindo meu coração ainda acelerado no peito enquanto respirava aquele perfume
maravilhoso dele que só fazia eu sentir mais e mais vontade de beijá-lo.
Por que eles estavam demorando
tanto?
Ouvimos passos, risos, vozes de
vitória e então passos correndo em frente à nossa porta, o que me fez encolher
e Sirius me abraçar enquanto eu me apoiava no peitoral maravilhoso e quente
dele, com as mãos fortes dele a minha volta como se estivesse me protegendo.
Os passos sumiram do lado de fora
e as vozes morreram e nós ficamos ali, ele me abraçando, eu encolhida nos
braços dele, o cheiro dele me invadindo, eu podendo sentir o coração dele
batendo forte e ele com certeza ouvindo a bateria do meu coração enlouquecido
enquanto nos olhávamos, em silencio, cumplice.
O som da porta se batendo pelo
vento nos fez voltar a si e Sirius me olhou, tirando fios de cabelo do meu
rosto antes de dizer, ainda com a voz baixa.
— Acho que eles já foram. – Eu
assenti com a cabeça e me afastei um pouco dele quando ele me soltou, me virei
e girei a maçaneta da porta espiando do lado de fora antes de ir saindo
devagar.
O vestiário ainda estava escuro e
o silencio predominava tudo.
Sirius veio logo atrás de mim e
caminhamos silenciosos até os armários para vermos alguns entreabertos,
provavelmente aqueles que os alunos da Sonserina conseguiram abrir.
Sirius caminhou até seu armário,
respirando aliviado ao constatar que o mesmo estava fechado, sorte a dele que
ele fechara assim que me viu.
Caminhei até um dos armários
entreabertos e o abri, temerosa. O que será que tinham guardado lá? Vai que era
uma acromântula, né, nunca se sabe, todo cuidado é pouco.
Abri e me afastei para olhar de
longe, com minhas mãos bem seguras longe de qualquer picada ou coisa do tipo,
mas o que eu vi me fez sentir ânsia de vomito e nojo e tudo ao mesmo tempo.
Me afastei com a cara feia.
— Ecaaaaa.
Sirius veio e parou ao meu lado,
abrindo mais a porta do armário.
Fez uma careta de raiva e fechou
as mãos em punho.
— Aqueles desgraçados vão pagar
caro.
Dentro do armário estava cheio de
peixe morto.